sábado, maio 21, 2011

Votar na esquerda? Que esquerda? ... Por Bruno Lopes Teixeiro

Por Bruno Lopes Teixeiro [*]
21.05.2011


O vindouro domingo teremos oportunidade de voltar a “desfrutar” de essa “festa da democracia” em forma de eleiçons, neste caso municipais.

Segundo os últimos inquéritos dos meios de (des)informaçom, supostamente o PP recuperaria a cámara municipal de Ferrol.

Esta hipotética vitória de José Manuel Rey Varela nas eleiçons de 22-M tenhem ligado os alarmes de umha parte do tecido associativo e vicinal da comarca que na última semana levam publicado diversos posicionamentos ou artigos de opiniom advertindo do que suporia o retorno dos da gaivota ao governo da Praça de Armas.

Em resposta a esta ameaça apelam ao voto para que “ganhe a esquerda”.

Mas a pergunta é, a que esquerda?. Ao PSOE, ao BNG ou talvez a IU?. Som estas forças que já governárom no nosso Concelho, bem em solitário ou bem em coligaçom, realmente de esquerda?. Som de esquerda estes partidos que estám cortados polo similar patrom neoliberal que o PP ou Independentes por Ferrol?. Para mim a resposta é clara: nom.

Temos que lembrar que há quatro anos a direita espanhola era severamente derrotada, atingindo os seus piores resultados desde 1999. As políticas especulativas de Juncal e Juán Fernandez, as agressons aos espaços públicos e a prepotência das duas forças reacionárias e espanholistas que representavam sofriam um duro revês.

O PSOE aglutinava o mal chamado “voto útil” contra a direita, enquanto IU duplicava o seu número de representantes apoiado por um importante número de ferrolanas e ferrolanos que queriam umha mudança real nas políticas municipais. Ou o que é o mesmo, IU capitalizava o voto de umha alta percentagem dos sectores que nos meses prévios as eleiçons de 27 de Maio nos mobilizamos para exigirmos umha nova política urbanística e ambiental e na defesa dos serviços públicos.

Caso aparte merece a outra opçom de “esquerda” na nossa cidade. O BNG passava de 8 edis em 1999 a 2 em 2007 sofrendo o castigo polas suas erráticas políticas em temas como a planta de gás de Mugardos, as propostas privatizadoras para os estaleiros ou a fugida de qualquer implicaçom em defesa dos interesses da sua tradicional base social.

É verdade que com a derrota da direita se abriam certas expetativas na política municipal. Mas o tempo confirmou o que predizia a esquerda independentista, umha nova fraude política, como já acontecera com anterioridade quando estas duas forças políticas tinham conformado governo em Ferrol.

Mas desta volta o movimento vicinal nom foi quem de retomar as luitas em defesa dum concelho ao serviço da maioria, em defesa dos nossos espaços públicos e contra as privatizaçons após conceder um tempo prudencial de trégua que serviria para fiscalizar o trabalho do PSOE-IU na instituiçom municipal.

E como dizíamos, ante a imobilidade desse importante movimento de masas contestatário confirmava-se o “tongo” do governo bipartido. Podemos afirmar com rotundidade que nada mudou nestes quatro anos de governo “socialista”.

Continua a privatizaçom de serviços públicos, a ausência de criaçom de emprego público é umha realidade, a precariedade e o desemprego continua a subir e já som mais de 18.000 @s desempregad@s desta Comarca. E ainda o Irisarri tem a descaro de dizer que o setor naval está melhor do que nunca!!!. A política urbanística, cultural, lingüística, et cetera tampouco sofreu qualquer mudança.

É certo que em Sartanha nom temos piscina, mas continua a ser umha selva onde as ratas campam à sua vontade. Ferrol Velho está muito mais degradado que há quatro anos, sem um programa claro de reabilitaçom. A vizinhança de Recimil continua sem umha soluçom para as reivindicaçons que tinham em 2007. O incumprimento por parte do PSOE da sua promessa de requalificaçom da parcela de Menáncaro para a sua proteçom definitiva. O nulo interesse do governo municipal polo saneamento e depuraçom da ria ... seriam muitos os exemplos que poderia pôr para refletir o que fixo (ou mais bem nom fixo) neste tempo a suposta “esquerda” em Ferrol.

A classe trabalhadora nom pode continuar a emprestar o seu voto às mesmas forças políticas que tenhem demonstrado umha e outra vez que só governam para os interesses duns poucos. Nada podemos esperar de qualquer d@s candidatos que se apresentam.

Continuaremos entregando cheques em branco a aqueles/as que esbanjem os recursos públicos ou tenhem convertido o Concelho numha fonte inesgotável de ingressos?. Já nom lembramos o primeiro acordo que tomou o governo bipartido?. Esquecemos a suba salarial de 38% e 10% dos membros da corporaçom municipal?

A esquerda real e conseqüente, a que aposta por umha mudança verdadeira tem que dar passos ao fronte. O concelho tem que deixar de ser um ninho de abutres carronheros da casta política e converter-se numha ferramenta que sirva aos interesses do povo trabalhador.

Temos que deixar de cair na contradiçom de ver como as forças políticas do sistema, chamem-se PP, IF, PSOE, BNG ou IU, continuam a legitimar a democracia burguesa, e portanto o modelo capitalista, espanhol e patriarcal .. e depois votarmos neles.

Desde logo eu o dia 22 de Maio nom o farei. O domingo a minha opçom será a abstençom.

[*] Bruno Lopes Teixeiro, Secretario Nacional de Organizaçom de Nós-UP

Enviado por:
Bruno Lopes Teixeiro
-brunotrasancos@gmail.com-
21 de maio de 2011 00:52
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