sábado, maio 28, 2011

Séchu Sende reflexiona sobre a acampada do Obradoiro em #galizarevolution

Por Séchu Sende [*]
28.05.2011


Olá, levo indo alguns dias á acampada do Obradoiro, alguns dias duas horas, outros mais. Conhecim gente, escoitei asembleias, participei –escoitando ou falando- nalgumha das comisions, acheguei-me, em definitiva..

Penso que há algumha gente que se está a achegar á acampada de jeito espúreo. Com intençom manipulatória, subestimando a inteligéncia da gente. Hoje, por exemplo, dous tipos com o pelo demasiado curto, quase rapado, que nunca vinheram por aqui, derom-me um folheto facha pedindo o respecto pola constituiçom ou algo assi. Estám, por suposto, no seu directo. Mas resultou estranho.

Penso que aquelas cousas que resultam estranhas som rejeitadas, ignoradas, de seu, polo organismo coletivo da acampada.

Há gente que se achega para “influír” sem participar em pé de igualdade. Umha das boas ideias que saiu dumha asembleia foi que as propostas apresentadas em asembleia devem ser trabalhadas nas comisions –debatidas, curradas- para apresentar á votaçom na seguinte asembleia. É mui interesante como se procura aprofundar nas propostas, com mais informaçom, mais debate, mais conhecemento, mais trabalho, antes da toma de decisom coletiva.

É interesante.

Algo mui importante: actuar com o máximo respecto pola gente que leva currando no Obradoiro construíndo a sua própria república, autoorganizando-se e que, além de reflexionar e reflexionar em jornadas de 24 horas tamem estám a sentir: a emocionar-se e conhecer-se entre si.

É gente mui diferente. há gente de ideologias diversas, -desde indepes até anarkas…- mas isso aló nom importa porque a gente é gente, a compartir uns objectivos mínimos, que som os que os unem.

Há gente com menos experiéncia na reflexiom e na acçom política e gente com mais. Gente que fala galego -muita, cada dia vejo mais, penso que se estám a dar mudanzas no persoal, vaia que hña umha certa dinámica galeguizadora a nível língüístico, penso- mesmo gente que se nota que levam pouco no país tenhem actitudes positivas cara á língua- especialmente nos ámbitos mais informais e nas comisions. Eu estivem olhando, sumando-me –pontoalmente, de passo- a várias comisions -legislativa, cultura, propaganda- e a língua galega é maioritária.

O debate sobre língua sempre está de fondo e ás vezes agroma nas questions básicas e se enfrontam os diferentes modelos de política lingüística que conhecemos e vai-se debatendo.

OUtra cousa: Quando a gente criou o movimento Nunca Mais, -Burla Negra, Area Negra-, sucedeu isto mesmo: o movimento é alheo aos partidos, reflactário a eles, justamente, e a qualquer posiçom dogmática ou estratégia que nom se construa coletivamente, horizontalmente. Sem verticalidade.

Um feito está claro e é mui revelador e, ademais, democrático, no sentido profundo: quando chegas á acampada actuas como umha persoa. Nom representas a ninguém, nom formas parte dum coletivo, -ou assi me sinto eu- vas tu mesm@, a peito descuberto.

Hoje comentei isto, no Obradoiro sobre actitudes lingüísticas, antes do Método de hipnose para falar galego: eu estou aqui para comprender melhor isto que está a suceder aqui, no Obradoiro. Nom me chega comigo mesmo, preciso umha inteligéncia coletiva, -e a vivéncia dumha emoçom coletiva- que me ajude a comprender e sentir o que está a suceder.

Porque há muita humanidade e a cousa esta-se a construír desde as diferéncias: procura-se a igualdade desde a diferéncia. Que tópico, vaia, mas aqui semelha mui real.

No Prestige o "inimigo" estava claro: o chapapote, a gestiom governamental e os seus aliados (derivado da história colonial da Galiza) mas aqui os objectivos que levarom a esta gente a movimentar-se som mais difusos. Bem, estám claros: indignaçom polo sistema. Mas agora, penso, é mais difícil interpretar coletivamente quem é o inimigo porque o chapapote nom é visible senóm que se precisa dumha interpretaçom intelectual para o comprender, além da vivéncia da precariedade da gente que dixo: De aquí nom passo e, indignada, saiu á rua.

E está resultando mais difícil incorporar novas forças porque há aspectos da identidade do movimento e da luita que nom estám mui definidos. Há gente que di que nom fai falha definir mais, e gente que si.

Isso é o que se está a construír agora, penso, o discurso, na acçom.

Leo vai fazer um tour polas acampadas, o outro dia estivo Carlinhos Gende, Peter Punk, um palhaso boíssimo, Sacha na Horta... De seu, a cultura -a expresiom artística- parece que se vai desenvolvendo maioritariamente em galego, como se o país, a língua, dixesse Aqui estou eu.

Mas nom sei como vai evoluír isto, Nem o chego a comprender agora. Só som umha persoa intentando participar. Tamém sudecia ao princípio da participaçom no movimento cidadá Nunca Mais (nom falo da Plataforma, cousa bem distinta): sensaçom de incertidume dia tras dia.

Quero participar –apoiando no que podo, que nom é muito, desgraçadamente porque nom disponho de muito tempo por questions familiares e de trabalho, como muita gente, claro- porque as minhas sensaçons som boas, e vejo que esta gente se move por motivaçons da natureça que moverom a cidadania a trabalhar na base, autogestionadamente, contra a injustiça, na época do Prestige.

Mas a sociedade mudou e agora est@s activistas som diferentes. Som o resultado das enquisas que vimos lendo desde há anos. Na época do Prestige, a cidadania botou a comunicar-se em galego, a sua identidade lingüística era internamente plural mas cara afora o galego era um nexo de uniom fundamental, sumativo, aceptava-se como representativo do movimento, directamente, porque havia umha inteligencia coletiva, umha sensibilidade social que, sem cuestiona-lo, com normalidade, tinha isso claro.

Agora isso cambiou e a língua tamém é objecto de debate. Tem cousas boas e cousas malas. O malo: a gente está mais afastada a língua. O bom: será necesário umha actualizaçom do discurso, que se creará com a particpiaçom de muita gente diferente. Vai-se necesitar muito trabalhinho: pensar muito. Trata-se dumha aposta pola aprendizagem coletiva. Dum reto da Galiza actual, de todos e todas nós.

Note faei disto no Obradoiro: há tres prejuíços sobre o galego que neste contexto devem te rsido em conta:

1. quem fala galego é de aldeia.
2. quem fala galego é de tal partido político.
3. quem fala galego é a gente maior.

Porque no Obradoiro pode-se criar um modelo contra os prejuíços: é um contexto urbano, apartidista e de gente nova.

A sociedade mudou, mudemos nós tamém. No Obradoiro há gente com sensibilidade social, preocupada polas cousas comúns, pola justiça social: castelám-falantes, galego-falantes monoligües, diglósicos… É um reto para qualquer persoa interessada no cámbio social. Porque esta mocidade, esta gente, nom está sentada diante da tele, absorta, está aí, disposta a falar e a escoitar, a pensar. Como, suponho, fazemos cada um, cada umha de nós.

O movimento só leva umha semana! Eu tardei vários anos em fazer-me galego-falante, ecologista, arredista, ciclista…

Eu decidim acompanhar a gente do Obradoiro, aportando a minha própria identidade persoal ao coletivo. Porque cada quem aporta a sua.

E há que ter em conta os princípios básicos da comunicaçom humana: ninguém por riba de ninguém, olhar-se aos olhos, escoitar, agradecer. Um saúdo.

Sinto a precipitaçom, a superficialidade e os momentos de contradiçom do texto, escrito ás presas, canso e a petiçom dum membro de galizaravolution. Só é a visiom dumha persoa. Cada quem tem a sua própria visiom. E só entre muitas podera-se comprender melhor o que está a suceder.

Sinto nom ter podido seguir a evoluçom de galizarevolution e chegar agora sem conhecer suficientemente o vosso trabalho dos últimos dias. Desculpai, nom me foi posível.

Saúdos.

Postado em #galizarevolution o 27 de Maio de 2011.

[*] Séchu Sende -Padrom 1972, sociolingüista e escritor [+ Info].

Blogue pessoal:
http://www.blogoteca.com/madeingaliza/
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