domingo, xuño 26, 2011

As ruas sacodem os ombros do mundo - Boletim Carta Maior - 25 de Junho de 2011

O epicentro da crise financeira encontra-se hoje na Europa. Não por acaso, a fragilidade da esquerda para se opor à desordem criada pelas finanças desreguladas ganha nitidez desconcertante no velho continente.Sobretudo nas economias periféricas da UE, atropeladas por uma colisão de endividamento e retração de liquidez, dirigentes e parlamentos comandados por socialistas tem voltado as costas ostensivamente ao clamor das ruas. Na contramão de um neoliberalismo em frangalhos, os socialistas tem se mostrado os melhores executivos na aplicação de programas de ajuste requeridos pelos bancos e chancelados pela Comissão Européia.O desmonte do setor público que a social-democracia européia notabilizou-se por erigir no pós-guerra assume proporções devastadoras. Privatizações e demissões em massa do funcionalismo; cortes em serviços essenciais; devastação da seguridade social; congelamento e arrocho de salários lembram a rapinagem sofrida pela América Latina na crise da dívida externa nos anos 80. O primeiro passo para virar essa página da história é compreender que o clamor ecoado das ruas da Europa dirige-se também à esquerda do resto do mundo, inclusive no Brasil. Com o propósito de contribuir para essa escuta forte, Carta Maior selecionou um conjunto de textos que refletem a urgência de uma reconstrução programática da agenda socialista.

Artigos de interesse em Carta Maior:

Crise: déficit maior é de democracia, não de ajuste especial
A dimensão sistêmica da crise não é um atributo apenas da esfera econômica, mas argui a capacidade da esquerda de intervir para mudar o rumo da engrenagem em pane, em vez de se comportar apenas como um dente constitutivo da sua mecânica. O capitalismo não se auto-destrói. Assim como não existe autorregulação dos mercados não há auto-imolação do capital. Se as respostas não vierem da esquerda, a direita fará o serviço, como tem feito na periferia européia com mão-de-obra social-democrata.
> LEIA MAIS | Economia | 24/06/2011

Robert Kuttner: O paradoxo do progresso social e a reação econômica
Fizemos um espantoso progresso em três décadas nos Estados Unidos a respeito de questões envolvendo tolerância e inclusão. A sociedade se tornou mais inclusiva com respeito aos direitos da mulher, dos afro-americanos, da comunidade LGBT, das pessoas portadoras de necessidades especiais. Por outro lado, tornou-se mais desigual economicamente. Por que estamos andando para trás, quando se trata de justiça econômica? Isso se deve ao poder. Os proprietários da riqueza financeira se tornaram cada vez mais poderosos politicamente, enquanto os movimentos que lhes são contrários se tornaram drasticamente enfraquecidos. O artigo é de Robert Kuttner.
> LEIA MAIS | Política | 20/06/2011

Vladimir Safatle: "Precisamos de um discurso de esquerda alternativo"
Em entrevista à Carta Maior, o filósofo Vladimir Safatle rejeita a idéia de mudar o mundo sem conquistar o poder e cobra espaço institucional para que a mídia possa de fato refletir a sociedade, por exemplo, com jornais, rádios e tevês para universidades e sindicatos. Intelectual comprometido em provar que as idéias pertencem ao mundo através da ação, Safatle vê limites na ascensão da classe C sem mudanças radicais na repartição da riqueza e defende: “Precisamos de um discurso de esquerda alternativo que esteja em circulação no momento em que as possibilidades de ascensão social (da chamada classe C) baterem no teto”.
> LEIA MAIS | Política | 15/06/2011

Luiz Gonzaga Belluzzo: Sistema de crédito, capital fictício e crise
O capital financeiro, em seu movimento de valorização, tende a arrastar o capital em funções para o frenesi especulativo a criação contábil de capital fictício. A crise deflagrada em 2007 mostra de forma cabal como a natureza intrinsecamente especulativa do capital fictício se apodera da gestão empresarial, impondo práticas destinadas a aumentar o peso dos ativos financeiros na composição do patrimônio, inflar o valor desses ativos e conferir maior peso ao poder dos acionistas. Esta lógica financeira suscitou, além dos escândalos conhecidos, surtos intensos de demissões, eliminação dos melhores postos de trabalho, enfim, a maníaca obsessão com a de redução de custos.
> LEIA MAIS | Economia | 09/06/2011

Ignacio Ramonet: uma esquerda desorientada
A conversão massiva ao mercado e a globalização neoliberal, a renúncia à defesa dos pobres, do Estado de bem estar e do setor público, a nova aliança com o capital financeiro, despojaram a social-democracia europeia dos principais traços de sua identidade. A cada dia fica mais difícil para os cidadãos distinguir entre uma política de direita e outra “de esquerda”, já que ambas respondem às exigências dos senhores financeiros do mundo. Por acaso, a suprema astúcia destes não consistiu em colocar a um “socialista” na direção do FMI com a missão de impor a seus amigos “socialistas” da Grécia, Portugal e Espanha os implacáveis planos de ajuste neoliberal? O artigo é de Ignacio Ramonet.
> LEIA MAIS | Internacional | 21/06/2011

FAO ELEGE NOVO DIRETOR NESTE DOMINGO
KOFI ANNAN: "RICOS AGRAVAM A FOME COM ESPECULAÇÃO E PROTECIONISMO"

A 37º Conferência-geral da FAO elege neste domingo, em Roma, o novo diretor-geral da organização para os próximos quatro anos. O brasileiro José Graziano da Silva e o espanhol Miguel Angel Moratinos são os favoritos na disputa. Graziano representa o mundo pobre e em desenvolvimento. Moratinos é o candidato da União européia, cujo protecionismo agrícola está entre as causas da fome no planeta. O ex-Secretário-geral da ONU e prêmio Nobel da Paz, Koff Annan, pronunciou-se na abertura da conferência, no sábado, quando fez duras críticas aos governantes europeus e norte-americanos. Annan advertiu que se as nações não conseguem se associar nem para garantir a segurança alimentar dos povos, então ‘as nossas esperanças na cooperação mundial estão definitivamente condenadas ao fracasso'. Apontando o dedo para o mundo rico, responsável pela crise financeira e pela flutuação especulativa nos preços das commodities, que penalizam produtores e consumidores pobres, Annan lembrou que os EUA e a OCDE destinam mais de US$ 385 bilhões em apoio seus agricultores. A cifra representa 80 vezes o dinheiro da ajuda destinada ao fomento agrícola no mundo pobre, cujo montante caiu 70% em relação aos anos 70/ 80.
(Carta Maior; Domingo, 26/06/ 2011)

Sítio oficial na rede:
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Enviado por:
Carta Maior
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25 de junho de 2011 23:41
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