Por Lupe Ces [*]
12.10.2011
A chamada ao 112 [**], nom salvou a vida de Cristina González Sacau... Pode ser que a privatizaçom e merma deste serviço, tivesse algo a ver... Mas nom é nesses minutos de urgência na única hora na que as mulheres vítimas de violência machista se jogam a vida. Os dados do infortúnio para Cristina já foram lançados antes, na sua vida e na de centos de mulheres que moi perto de nós tenhem marcada a sua hora e o seu dia, no calendário da violência machista.
A hora de Cristina estava marcada, quando os seus gritos fixerom eco no baleiro da consciência dumha vizinhança que assegura ter ouvido o que parecia umha rifa entre ela e a sua ex-parelha.
A hora de Cristina estava marcada, quando os serviços comunitários e especializados, antes já escassos, começarom a ser recortados e inabilitados para a prevençom de situaçons de risco.
A hora de Cristina estava marcada, cando a sanidade pública, que já antes carecia de recursos suficientes para formar profissionais, desenvolver protocolos ou mesmo ampliar a abordagem de áreas fundamentais como a saúde mental, começou o seu desmantelamento.
A hora de Cristina estava marcada, cando na escola dos seus filhos, ninguém capacitou ao professorado para detectar situaçons de risco em menores.
A hora de Cristina estava marcada, cando de pequena aprendeu a renunciar aos seus direitos sonhando cum amor de filme "tua para sempre".
A hora de Cristina estava marcada, cando a sua ex-parelha aprendeu a confundir desejos com direitos, e aprendeu a amar co filme "ou minha ou de ninguém".
É hora de desprogramar os relógios da violência machista. É hora de tomar definitivamente consciência dos engranaxes que fam que a maquinária sanguenta siga funcionando. É hora do compromisso coas transformaçons que necessitam as nossas sociedades para deixar de cobrar-se miles de vidas de mulheres cada ano. É hora de abandoar um modelo de vida que gira só ao redor do valor do máximo benefício e da lei do mais forte. É hora de construirmos um outro modelo social que valorize os cuidados e teça os afetos com fios de liberdade e igualdade. O 15 de outubro, em todo o planeta, mobilizaremo-nos por um cambio no modelo econômico, social e político. Metamos também nas praças de todo o mundo, este 15 de outubro, a vontade de parar este macabro relógio.
[*] Por Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1953, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres. Forma parte do Colectivo Ártabra 21.
Blogue pessoal:
http://lupeces.blogspot.com/
[**] El País
Foto: LALO R. VILLAR | 12-10-2011 Levantamento do cadáver de Cristina González Sacau assassinada em Vigo
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