Por Joám Lopes [*]
11.12.2014
O vindeiro dia 6 de dezembro fam-se 36 anos da aprovaçom em referêndum da atual Constituiçom espanhola.
Consagrava-se assim a segunda restauraçom borbónica, a unidade indivisível e a apropriaçom da nossa soberania nacional. Cumpre, antes de mais, aclarar que esta lei nom foi referendada pola maioria do eleitorado do nosso país. Os votos afirmativos fôrom 942.097 dum total de 2.107.613 de cidadania com direito ao voto. Ou seja, 44,7% do censo. No total do Reino de Espanha (que mantivo assim este seu nome oficial), sim foi referendada pola maioria chamada a votar. Temos logo que o ato jurídico que entregava a soberania ao conjunto do Império espanhol (terminologia que era de uso comum para os que éramos maioritários no nacionalismo de entom) foi imposto á maior parte da nossa comunidade nacional. Também nom contou com a maioria em nengumha das províncias galegas que eles mesmos instituírom como unidade eleitoral básica. Cumpriria que os espertos tertulianos constitucionalistas comentassem algumha vez tal perpetraçom dos princípios democráticos que dim defender. De seguro acudirám velozmente (só para este caso) a afirmar que o que conta é que fosse aprovada pola maioria das pessoas que fôrom votar. Questom resolvida, dirám, e a outra cousa no estado podre de raiz e conseqüentemente corrupto da grande Transaçom.
Nom necessitamos entrar, que argumentos haveria avondo, na análise de se naquele momento histórico se davam as condiçons para umha decisom livre e democrática. O regime espúrio franquista foi avaliado como ponto de partida por umha maioria dos seus maiores inimigos e o governo legítimo da II República espanhola, abandonado. Se isto foi umha imposiçom ou umha transaçom é algo que deveremos estudar com dados certinhos. A última votaçom plebiscitária com certas garantias democráticas fora a do Estatuto de 36. A II República, tam glorificada acriticamente pola esquerda espanhola, estabelecera um limite de aprovaçom incrível e com toda evidência conducente a evitar o Estatuto galego, como muito bem viu Castelao. Se a Constituçom espanhola de 78 foi aprovada só por 44,7%, o Estatuto de 36 necessitava mais de 66,6% do censo. Tivo quase 75%, ainda que pareça fora de toda dúvida que houvo que engordar muitas atas . A minha radical crítica ao processo de 78 nom oculta o facto de que o regime instaurado, se bem com imperfeçons importantes e algumha básica, supujo um grande avanço a respeito do franquismo. Permite-me mesmo publicar estas letras e gozar de algumhas liberdades que o sacrifício do meu povo ganhou.
Os partidos do Regime , basicamente quatro na altura, festejárom sem mais cerimónias o êxito decretado e passado algum tempo engadírom um feriado aos nossos calendários. A onda civilista nom chegou a tanto como para trocar o seu Dia Nacional, que seguiu a ser o dia 12 de outubro, dia evocador da conquista e do genocídio. Semelha que Espanha segue a ser um império, ainda que em estado de restos. Para Rajoi, esse grande historiador, a naçom mais velha de Europa, o orgánico-historicismo espanhol é umha verdade revelada. Será estranho que nom encomende a Wert, outro génio, que busque provas da existência de Espanha entre os achados de Atapuerca. Também seria bom que aprendesse no seu castelhano sibilante os diferentes significados no tempo de palavras como naçom ou Espanha. Já sei, é muito pedir e de seguro nom figura no Marca.
Hoje, dous daqueles partidos abandonárom, semelha que definitivamente, o chamado consenso constitucional: CIU e o que resta do PCE. Básicos por motivos distintos, para que a II Restauraçom, nom semelhasse igual de fraudulenta que a primeira. CIU, sobretodo Convergência, vai além da simples mudança de regime, e proclama a sua intençom de cooperar na instauraçom dumha república catalana independente que seria a sua segunda, depois da proclamada por Claris em 1640. O PCE, que abandonou, ou foi abrigado a abandonar, o seu ideário republicano, postula a mudança de regime e tenta fazer-se perdoar sobreatuando na carreta a toda parte da bandeira da II República espanhola, adotando com bastante êxito nisto, o nome maiestático de Bandeira da república, assim por antonomásia. Como se nom houvesse mais repúblicas que a deles (hai-nas bem perto mas, como bons espanhóis, nom as veem) ou como se outras bandeiras ao uso, coma a nossa, nom o fossem também.
Aproveito para protestar energicamente pola indignidade e desmemória histórica e fago um apelo à honradez da nossa disciplina, para corrigir a ocultaçom em determinados atos pola memória histórica da nossa bandeira nacional. Fum testemunha de tal feito num ato em Chantada há uns meses, ao pé do túmulo do Piloto, sem que a presença de todo um presidente da Real Academia Galega servisse para remedir esta felonia. A falta de rigor, por nom dizer algo mais forte é tal, que esquecemos que de nom ter triunfado o golpe militar de 36, mesmo seria a única que figuraria nos edifícios oficiais, como de facto ocorria na Catalunya. Nom tenho, para que negá-lo, nengum apreço sentimental pola bandeira da II República espanhola, mas respeito-a como símbolo antifascista e pola gente que morreu defendendo-a, pido o mesmo. O apelo às unidades só som sinceros entre iguais.Tenho alguns amigos naquela casa, som galegos e galegas trabalhadores e honrados e sei que o comprenderám e obrarám em consequência.
Nada que celebrar o 6 de dezembro e muito que protestar. Algumha gente, poda que nom muita, veremo-nos na nossa velha e linda capital. Ali perto da Almáciga onde fôrom derrotados os irmandinhos, perto de Sam Martinho onde resistírom os do 46, debaixo de Santiago convertido no Matamoros patrom de Espanha, fronte ao Paço de Rajoi, onde desgoverna um mamarracho, só eficaz para desfazer-nos.
Quero lembrar neste dia também a três herois galegos, que fôrom expulsos do parlamento galego por defenderem, entre outras, estas verdades. Bautista Álvarez, Lois Dieguez e Claudio López Garrido, defensores da soberania galega e nom da covardia, que dixérom nom juramos, que dixérom Galiza e nom Espanha, que dixérom votos populares e nom trámites cortesanos. Fôrom casos únicos no Reino de Espanha. Sei que alguns deles mudárom logo de opiniom e de atitude, mas o meu ver nom lhe resta mérito ao seu gesto. Outros quando cospem para cimae falam de "gente do comum" e de "casta", deveriam ter memória.
E vamos parando, a ONU acaba mesmo de afirmar que no Estado espanhol aumenta o uso da tortura e tenho medo, por mim, polos meus e polo meu país, Galiza umha mae velhinha e sonhadora. Castelao dizia que a vergonha é pior que a fame. Nom sei... mas haverá que combater as duas.
Aliás, penso que, pola digitalizaçom do CNI já tenho passado. Pobre jurista catalá, verdade. Muito mais pobre ainda o nosso compatriota Jimmy, convertido em culpável da sua própia morte. Onde estará a verdade?
Publicado en Diario Liberdade | 04.12.2014
[*] Joám Lopes, Narón, activista e sindicalista ferrolam. Presidente da Asociación Galega de Amizade Galiza-Vietnam. correio-e: jtavia[arroba]gmail.com.
Enviado por:
Joam Tavia
-jtavia@gmail.com-
6 de dezembro de 2012 13:33
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11.12.2014
O vindeiro dia 6 de dezembro fam-se 36 anos da aprovaçom em referêndum da atual Constituiçom espanhola.
Consagrava-se assim a segunda restauraçom borbónica, a unidade indivisível e a apropriaçom da nossa soberania nacional. Cumpre, antes de mais, aclarar que esta lei nom foi referendada pola maioria do eleitorado do nosso país. Os votos afirmativos fôrom 942.097 dum total de 2.107.613 de cidadania com direito ao voto. Ou seja, 44,7% do censo. No total do Reino de Espanha (que mantivo assim este seu nome oficial), sim foi referendada pola maioria chamada a votar. Temos logo que o ato jurídico que entregava a soberania ao conjunto do Império espanhol (terminologia que era de uso comum para os que éramos maioritários no nacionalismo de entom) foi imposto á maior parte da nossa comunidade nacional. Também nom contou com a maioria em nengumha das províncias galegas que eles mesmos instituírom como unidade eleitoral básica. Cumpriria que os espertos tertulianos constitucionalistas comentassem algumha vez tal perpetraçom dos princípios democráticos que dim defender. De seguro acudirám velozmente (só para este caso) a afirmar que o que conta é que fosse aprovada pola maioria das pessoas que fôrom votar. Questom resolvida, dirám, e a outra cousa no estado podre de raiz e conseqüentemente corrupto da grande Transaçom.
Nom necessitamos entrar, que argumentos haveria avondo, na análise de se naquele momento histórico se davam as condiçons para umha decisom livre e democrática. O regime espúrio franquista foi avaliado como ponto de partida por umha maioria dos seus maiores inimigos e o governo legítimo da II República espanhola, abandonado. Se isto foi umha imposiçom ou umha transaçom é algo que deveremos estudar com dados certinhos. A última votaçom plebiscitária com certas garantias democráticas fora a do Estatuto de 36. A II República, tam glorificada acriticamente pola esquerda espanhola, estabelecera um limite de aprovaçom incrível e com toda evidência conducente a evitar o Estatuto galego, como muito bem viu Castelao. Se a Constituçom espanhola de 78 foi aprovada só por 44,7%, o Estatuto de 36 necessitava mais de 66,6% do censo. Tivo quase 75%, ainda que pareça fora de toda dúvida que houvo que engordar muitas atas . A minha radical crítica ao processo de 78 nom oculta o facto de que o regime instaurado, se bem com imperfeçons importantes e algumha básica, supujo um grande avanço a respeito do franquismo. Permite-me mesmo publicar estas letras e gozar de algumhas liberdades que o sacrifício do meu povo ganhou.
Os partidos do Regime , basicamente quatro na altura, festejárom sem mais cerimónias o êxito decretado e passado algum tempo engadírom um feriado aos nossos calendários. A onda civilista nom chegou a tanto como para trocar o seu Dia Nacional, que seguiu a ser o dia 12 de outubro, dia evocador da conquista e do genocídio. Semelha que Espanha segue a ser um império, ainda que em estado de restos. Para Rajoi, esse grande historiador, a naçom mais velha de Europa, o orgánico-historicismo espanhol é umha verdade revelada. Será estranho que nom encomende a Wert, outro génio, que busque provas da existência de Espanha entre os achados de Atapuerca. Também seria bom que aprendesse no seu castelhano sibilante os diferentes significados no tempo de palavras como naçom ou Espanha. Já sei, é muito pedir e de seguro nom figura no Marca.
Hoje, dous daqueles partidos abandonárom, semelha que definitivamente, o chamado consenso constitucional: CIU e o que resta do PCE. Básicos por motivos distintos, para que a II Restauraçom, nom semelhasse igual de fraudulenta que a primeira. CIU, sobretodo Convergência, vai além da simples mudança de regime, e proclama a sua intençom de cooperar na instauraçom dumha república catalana independente que seria a sua segunda, depois da proclamada por Claris em 1640. O PCE, que abandonou, ou foi abrigado a abandonar, o seu ideário republicano, postula a mudança de regime e tenta fazer-se perdoar sobreatuando na carreta a toda parte da bandeira da II República espanhola, adotando com bastante êxito nisto, o nome maiestático de Bandeira da república, assim por antonomásia. Como se nom houvesse mais repúblicas que a deles (hai-nas bem perto mas, como bons espanhóis, nom as veem) ou como se outras bandeiras ao uso, coma a nossa, nom o fossem também.
Aproveito para protestar energicamente pola indignidade e desmemória histórica e fago um apelo à honradez da nossa disciplina, para corrigir a ocultaçom em determinados atos pola memória histórica da nossa bandeira nacional. Fum testemunha de tal feito num ato em Chantada há uns meses, ao pé do túmulo do Piloto, sem que a presença de todo um presidente da Real Academia Galega servisse para remedir esta felonia. A falta de rigor, por nom dizer algo mais forte é tal, que esquecemos que de nom ter triunfado o golpe militar de 36, mesmo seria a única que figuraria nos edifícios oficiais, como de facto ocorria na Catalunya. Nom tenho, para que negá-lo, nengum apreço sentimental pola bandeira da II República espanhola, mas respeito-a como símbolo antifascista e pola gente que morreu defendendo-a, pido o mesmo. O apelo às unidades só som sinceros entre iguais.Tenho alguns amigos naquela casa, som galegos e galegas trabalhadores e honrados e sei que o comprenderám e obrarám em consequência.
Nada que celebrar o 6 de dezembro e muito que protestar. Algumha gente, poda que nom muita, veremo-nos na nossa velha e linda capital. Ali perto da Almáciga onde fôrom derrotados os irmandinhos, perto de Sam Martinho onde resistírom os do 46, debaixo de Santiago convertido no Matamoros patrom de Espanha, fronte ao Paço de Rajoi, onde desgoverna um mamarracho, só eficaz para desfazer-nos.
Quero lembrar neste dia também a três herois galegos, que fôrom expulsos do parlamento galego por defenderem, entre outras, estas verdades. Bautista Álvarez, Lois Dieguez e Claudio López Garrido, defensores da soberania galega e nom da covardia, que dixérom nom juramos, que dixérom Galiza e nom Espanha, que dixérom votos populares e nom trámites cortesanos. Fôrom casos únicos no Reino de Espanha. Sei que alguns deles mudárom logo de opiniom e de atitude, mas o meu ver nom lhe resta mérito ao seu gesto. Outros quando cospem para cimae falam de "gente do comum" e de "casta", deveriam ter memória.
E vamos parando, a ONU acaba mesmo de afirmar que no Estado espanhol aumenta o uso da tortura e tenho medo, por mim, polos meus e polo meu país, Galiza umha mae velhinha e sonhadora. Castelao dizia que a vergonha é pior que a fame. Nom sei... mas haverá que combater as duas.
Aliás, penso que, pola digitalizaçom do CNI já tenho passado. Pobre jurista catalá, verdade. Muito mais pobre ainda o nosso compatriota Jimmy, convertido em culpável da sua própia morte. Onde estará a verdade?
Publicado en Diario Liberdade | 04.12.2014
[*] Joám Lopes, Narón, activista e sindicalista ferrolam. Presidente da Asociación Galega de Amizade Galiza-Vietnam. correio-e: jtavia[arroba]gmail.com.
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6 de dezembro de 2012 13:33
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