Por Lupe Ces [*]
23.12.2017
Quando o feminismo consegue um oco dentro do ruído mediático para falar de violência machista, aproveita para acender o foco sobre o que falta por conseguir, fronte ao que tem conquistado (maior consciência social, leis, instituiçons especializadas, cursos de formaçom, investigaçons, estudos, ensaios, expressons artísticas e culturais que abordam o tema…) , porque seguem amoreando-se diante nossa, os cadáveres das mulheres e crianças assassinadas, as violaçons, as agressons, o abuso e acosso sexual, as atitudes e instituçons machistas, a linguagem excluinte, o relato que nos ignora… É como se o Patriarcado conseguisse levantar muros estanco, onde por umha parte temos o reconhecimento das conquistas feministas, e por outra a realidade patriarcal atuando nas instituiçons, nas ruas, nas casas, nos leitos…
As que exploramos a teoria de que a violência machista, tal e como se vem expressando nas últimas décadas, é umha reacçom ante o exercício dos direitos fundamentais das mulheres, historicamente negados, mormente o direito à liberdade para decidir, vemos ante nós ainda, um longo caminho onde as caídas neste combate a prol da liberdade vam seguir escrevendo páginas de heroísmo, resistência e afouteza. Paradigmático é o caso da India, ou a viragem estratégica dos assassinos e maltratadores machistas utilizando como objeto de tortura e chantagem as próprias crianças.
Cumpre pois dotar-se dos médios mais ajeitados para avançar neste combate desigual. Cumpre conseguir os maiores apoios e alianças. A solidariedade masculina, demonstrada como muito eficaz como elemento de conscienciaçom entre os homens, e também como desativante de atitudes machistas, tem que dar muito mais de si. Cumpre publicitar o conflito e visibiliza-lo em todos os contextos. Cumpre sinalar as estratégias e armas dos agressores, por suposto como formaçom preventiva (se controla o teu móbil, e o teu jeito de vestir…), mas também para inclui-las como defesa e prova ante os processos judicias (fechava com chave a sala de juntas do sindicato para falarmos…)
A aplicaçom da lei em casos mediáticos como o da Manada, confirma que a defensa dos direitos das mulheres, a conquista da Igualdade, é também objetivo da Reacçom. Estamos ante um momento involucionista, e umha deriva autoritária das instituiçons do estado. Umha reacçom que pretende desarmar a defensa da sociedade civil. Fronte a essa reacçom, as mobilizaçons e posicionamentos públicos som imprescindíveis. Um estado que segue a ter na Monarquia, na Igreja Católica e no Exercito, uns dos seus pilares fundamentais, quer dizer, três instituiçons patriarcais que nom se vam deixar questionar sem resistência, e que vam atrincheirar-se no poder judicial e legislativo para evitar qualquer mudança.
Mas fronte a isto temos a resistência de muitas mulheres, que cada dia ponhem seus corpos para que a liberdade de todas avance; a resistência de cada vez mais homens que se atrevem a falar, a cambiar e a afrontar com valentia o machismo e desterra-lo das suas vidas. Temos às novas geraçons incorporando-se decididamente às ideias e ao movimento feminista. Marchamos!
[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, feminista e activista social. Forma parte do Colectivo Ártabra 21. Blogue persoal: Caranza free opiniom.
Facebook e Twitter.
_________
Por favor, o contido do seu comentario debe estar relacionado co asunto do artigo.
Prega-se o maior respecto coas persoas, polo que ataques persoais e insultos serán eliminados.
Por favor, non use os comentarios, só para facer propaganda do seu sitio ou será eliminado.
EmoticonEmoticon