... já é luz e vento e céu
Morreu Arcadi Oliveres. Poderia dizer que se foi um dos grandes. Mas era dos mui grandes. No verão deixou-nos Pere Casaldàliga; agora Arcadi. Contei mil vezes que faz muitos anos me considerava eu um herói quando, uma madrugada de sábado, me levantei às seis para pilhar um comboio e ir a uma mesa redonda em Albacete. Ao chegar ao edifício em que se devia desenvolver me encontrei com Arcadi, que tinha viajado em ónibus, toda a noite, desde Perpinyán, no Rosellón. E isso que tinha dez anos mais que eu e que sua saúde começava a se requebrar. A fé move montanhas. E a Arcadi nenhuma se lhe resistia.
Quando soube que sua doença era irreversível, faz numas semanas, chamei-no para infundir-lhe ânimo. Estava mui inteiro, tanto que fui eu quem, ao cabo, rompeu a chorar. Não conheci a ninguém que descrevesse com tanto rigor, com tanta finura, com tanta ironia e com tanta singeleza a miséria do mundo em que vivemos.
“I ara que la mort, per més fermança, l'ha fet un xic més blanc i més esvelt, ja no et resta tan sols ni l'esperança d'abatre’l, que ja és llum i vent i cel”.
Fonte: Conta de Facebook de Carlos Taibo. | 06.04.2021 |
http://www.carlostaibo.com
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