sábado, novembro 13, 2010

In Memoriam - Deixou-nos o companheiro Martinho: a qualidade humana, o valor e coragem, a humildade, a generosidade, o compromisso, a entrega,...

A continuaçom reproduzimos o texto que publica o Centro Social A Revolta de Vigo que ao nosso entender reflexa a semblança do que foi e era o Companheiro Martinho.

FALECE O COMBATENTE GALEGO JOSÉ MANUEL SANMARTIM BOUÇA "MARTINHO"

Na manhá do dia 10 acaba de deixar-nos o companheiro José Manuel Sanmartim Bouça conhecido por todos e todas nós como “Martinho”. Home bom e generoso onde os houver. Combatente a vida ou morte pola independência nacional deste País.

Nascido em Fene, milita no nacionalismo galego desde jovem e concentra na sua pessoa um abano de virtudes que é pouco comum encontrar reunidas numha mesma pessoa: singelo, generoso, inteligente, entregado absolutamente aos demais, franco, humilde, combativo...

Será essa profunda humanidade a que leve este trabalhador da Bazán de olhada cristalina e sorriso doce a incorporar-se desde jovem à luita nacionalista na AN-PG e a INTG e, com o tempo, assumir os compromissos mais altos no combate ilegal contra a opressom nacional. Correm tempos de reconversom industrial e evidenciam-se os efeitos da integraçom da Galiza na CEE. As convulsons no País refletirám-se também no campo nacionalista.

Martinho incorpora-se ao Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive (EGPGC) desde os seus começos. Detido numha tentativa de expropriaçom bancária para o financiamento da luita ilegal independentista, ingressa na cadeia sob a condiçom aparente “delinquente comum”. Será em 5 de Fevereiro de 1987 quando no processo que se celebra na Audiência Provincial da Crunha contra ele, Manuel Chao do Barro e Jaime Castro Leal que anuncie publicamente a sua militáncia no EG e seja expulso da sala entre berros de Viva Galiza ceive! Umha recente “reportagem” da TVE destinada à intoxicaçom anti-independentista imortaliza esse momento em que o nosso companheiro, punho em alto, é desalojado por vários polícias.

Tempo depois, sae em liberdade para incorporar-se à clandestinidade num compromisso independentista em que assume todas as consequências. Em Maio de 1988 é capturado de novo no Canhom do Sil junto a outros militantes do EG que se refugiaram na Ribeira Sacra para fugirem da vigiláncia policial. Torturado, ingressa de novo em prisom onde permanece durante 8 anos nos centros de extermínio de Pereiro de Aguiar, Herrera de la Mancha e Alcalá-Meco. Ali Martinho é activo militante no combate da repressom carcerária, participando em chapeios, greves de fame, etc.

De volta ao País, participa nas Juntas Galegas pola Amnistia (JUGA), colabora com a Fundaçom Artábria e alenta o desenvolvimento dumha nova geraçom de independentistas que se incorpora à luita através da AMI. A sua naturalidade e humildade converterám-no rapidamente em referência para toda essa geraçom que tivo o privilégio de compartilhar a sua presença e ouvir o seu conselho sempre humilde.

Ciente da necessidade de unidades independentistas amplas, participa inicialmente no Processo Espiral (2001), mas, com um significativo contingente de militantes, abandona 4 anos depois a organizaçom resultante do processo desde posiçons críticas com a sua linha política e prática social. Incorpora-se assim nesse ano ao colectivo independentista Espaço Irmandinho. Desde 2007 participa e colabora com a iniciativa popular autodeterminista Causa Galiza desde as comarcas da Marinha e Trasancos entre as que repartia o seu tempo.

Praticante da solidariedade na sua dimensom mais ampla, Martinho contribue também com o organismo popular anti-repressivo Ceivar, participa nas Marcha pola Liberdade para reivindicar a repatriaçom e a excarceraçom d@s pres@s independentistas e fai parte nos últimos anos das listagens de visitas carcerárias dumha nova geraçom de presos e presas independentistas que, como ele no seu dia, conhecem hoje o cárcere e a dispersom.

A sua perda deixa-nos um vazio e umha ausência impossíveis de encher. Umha ausência ainda impossível de acreditar quando pensamos a luita e o país sem a sua presença. Martinho foi, é e será para todos e todas nós um exemplo luminoso desses homes e mulheres nos que cristaliza a decisom de ser de todo um povo.

Alguém dixo um dia de chuva, quando despediamos a Ramom Muntxaraz, que o ceu da Galiza chorava polo Moncho. Hoje, esse mesmo ceu, e muitas e muitos de nós, choramos porque nos deixa um dos melhores.

A nossa melhor homenagem, reproduzir o seu exemplo.

Até sempre, companheiro!

Tirado do sítio do Centro Social A Revolta
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5 comentarios

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A crónica é de CEIVAR nom da Revolta

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