martes, xuño 30, 2015

Marea para quê?, ... Por Lupe Ces


Por Lupe Ces [*]
30.06.2015


É bem verdade que o jeito de participaçom política cambiou e ainda vai cambiar mais nos tempos acelerados que nos toca viver. Cumpre reflexionar e nom há muito tempo. Cumpre escoitar e a urgência da acçom política fai-nos mover na linha espaço-tempo, quando todo parece magma baixo os nossos pés.

Alguém me tem dito nestes días que se está a escrever pouco sobre o que hai que fazer. Pouco artigo de opiniom, pouco trabalho de reflexom compartilhado... E é de entender, pois o que era onte, hoje já nom o é, e anda todo em mudança, polo que, o que hoje se escreve, amanhá perdeu vigência.

Neste contexto hai cousas que se agradecen, como o artigo publicado em Praza Pública por Denis Fernandez, ou um recente documento sobre o proxecto estratégico de Anova, que marca algumas claves sobre esse novo jeito de participaçom. Asegura-se nesse documento que o compromisso político das maiorias sociais já nom é o gerado ao redor dunhas siglas ou dum modelo social moi elaborado e alcançável só a moi longo prazo. A cidadania está-se mobilizando, comprometendo-se na transformaçom social, em base a objectivos concretos. A confiança e a comunicaçom volvem-se ativos imprescindíveis nestes novos contextos.

Temos que cruzar o rio. O rio que nos separa da realidade que todas e todos padecemos, e chegar á outra beira, onde nos aguardam os direitos individuais e colectivos, roubados, conculcados ou nunca reconhecidos. Aí queremos pisar firme. A maioria recua ante o perigo de escorregar, isso está permitido só para as minorias apaixonadas das ideias e da açom política que nos permitimos umha e outra vez cair no rio e nos erguer. Agora, a maiores, a realidade aprema mais que nunca, e a urgência, impulsora desta possibilidade histórica de cambio, pode também atraiçoar-nos nas pedras resvaladiças.

Confiança e comunicaçom. A confiança cada dia está mais longe das forças políticas sistémicas que trapicheam cos votos e a representaçom, protagonistas de espetáculos bochornosos como os destes dias, onde com mais claridade que nunca, mostrarom as suas entranhas como o que verdadeiramente som: ninhos de poder, instrumentos para acapará-lo e exercé-lo desde umha minoria.

A confiança estase tecendo ao redor dos novos atores institucionais, que contagiam novos jeitos de fazer, e estam oxigenando a vida municipal. A confiança está viva nos movimentos sociais que dia a dia tecem redes de apoio mútuo. A confiança está nas redes familiares que, extenuadas, sustentam o dia a dia evitando o desastre humanitário de consequências imprevisíveis.

Começamos a cruzar o rio, e novembro é umha pedra mais nesta travessia sem retorno. Marea galega, para quê? Grupo Parlamentar galego, para quê? Estamos falando de objectivos políticos a curto prazo, desses que podem arrincar o compromisso político dumha maioria social que nos impulse á outra beira. Aí entra em jogo a comunicaçom. Explicar bem explicadinho para que vai servir, em que vai beneficiar e fortalecer essas redes de confiança das que falávamos.

Se nom está explicado até agora será porque quem o estám artelhando ainda se situam na porcentualidade da democracia da representaçom e a delegaçom, e nom na urgência de manter a vida, de sobreviver a este andaço de pobreza e exclusom, polo tanto na necessidade da democracia da participaçom e no espaço da ruptura para cambia-lo todo.

Comunicaçom. Expliquemos bem, logo, que a Marea Galega é a expressom genuína deste país, da vontade da maioria para unir-se. Expliquemos que a Marea Galega é a expressom máxima de generosidade por parte de quem leva toda a vida trabalhando por umha sociedade mais justa, e por quem acaba de incorporar-se á cidadania ativa. É o encontro entre diferentes que componem num caleidoscópio o prisma necessário. É a síntese possível e necessária, entre a experiencia, e a criatividade do que acaba de nascer, entre a regeneraçom do velho e o impulso do novo.

Comunicaçom. Expliquemos que essa unidade é imprescindível para estarmos todas e todos. Que o diverso nom colhe num molde rígido ou forneado noutra realidade, por moi boa vontade que se lhe reconheça ao forneiro. Expliquemos que para acometer os cámbios necessários que nos assegurem pam, trabalho, teito, saúde, educaçom, precisamos todas as mans, toda a força da Marea.

Comunicaçom. Expliquemos que nom queremos um Grupo Parlamentar Galego que se adique a impulsar iniciativas que só valham para engordar estatísticas de atividade parlamentar. Queremos um Grupo Parlamentar Galego numhas Cortes Constituintes, que seja decisório para formar o novo governo do estado, e polo tanto que nos coloque como território e identidade nacional no centro da decisom política, do processo de cambio. Um Grupo Parlamentar Galego que se alinhe coas forças rupturistas do estado para assegurarmo-nos os direitos nacionais, sociais e individuais.

Somemo-nos a esta estrategia brilhante, a esta oportunidade histórica, com generosidade, com humildade... Que nom no-lo bote a perder ninguém coas suas cozinhadas. Aqui nom sobra niguém, aqui ninguém se tem que apartar, construamos a Marea, e fagamos realidade este novo objectivo político: Grupo Parlamentar Galego de Mam Comúm.

Publicado no seu blogue pessoal Caranza free opiniom | 27 de Junho de 2015.

Foto o 29N de 2014 #OcupaObradoiro das Marchas da Dignidade.

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. e na Marea Artabra . Blogue persoal: Caranza free opiniom.
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