Por Lupe Ces [*]
13.09.2021
LIQUAR O SEXO (II) : MENORES.
Rematou o tempo de alegaçons à "Lei Trans" [1] em pleno agosto sem que se desse o necessário debate social sobre umha lei que entendemos, polo menos as feministas, que supom passos atrás em matéria de igualdade e um fortalecimento dos estereótipos de género, fortemente induzidos sobre todo na infáncia e adolescência.
Profissionais da saúde que levam acumulando experiência por anos de serviço, estudo e dedicaçom a atender às pessoas transexuais, debatiam sobre qual é o melhor enfoque para tratar a chamada até agora "disforia de género",[2] e que passará no ano 2022 a chamar-se "discordáncia de género" dentro do novo CIE-11 (OMS) para diagnóstico e monitoreo de problemas de saúde. A Lei Montero, sem recavar a sua opiniom e assessoramento, aposta decididamente pola intervençom afirmativa, que nom tem em conta antecedentes, causas ou razons que precedem ou acompanham a apariçom da disforia de género, limitando o papel das profissionais da saúde a acompanhamento na hormonaçom e cirurgias.
A Lei impom este enfoque ademais, desprezando as evidencias científicas que asseguram que o 80% das disforias de género que aparecem na infáncia e na adolescência desaparecem com a idade adulta, impedindo a profissionais dar a atençom adequada a cada caso, pois com a aprovaçom da lei só se lhes vai permitir assegurar a transiçom (hormonas e cirurgia) nom questiona-la. Razom polo que cada vez mais vozes asseguram que esta lei nom vai de resolver os problemas das pessoas trans, senom que os vai negar, favorecendo que entre a infáncia e adolescência se reafirme o sofrimento e a confusom.
Na Galiza, desde a associaçom Arela (Famílias de Infáncias Trans) com o apoio de instituçons como a Deputaçom da Corunha, achega-se aos centros escolares materiais divulgativos que nom questionam os estereótipos de género, senom que os amplificam. No caderno dirigido à educaçom primaria realizam a seguinte pergunta: "Crês que é justo para as mulheres e pessoas trans que se lhe obrigue de qualquer maneira que modifiquem o seu corpo para encaixar nos estereótipos de género?" Pois a Lei que tanto aplaudem vai fechar todas as portas, salvo a da luita constante contra o próprio corpo. Mas em todo caso "encaixar" nos estereótipos de género nom semelha ser soluçom, e sim problema para as mulheres e nenas que os sofrem como opressom.
Estes materiais didáticos, mostram entre outras, como exemplo de vidas trans a Avery Jackson, que com 9 anos apareceu na portada do National Geografic. Umha criança nascida neno que junto à sua família assegurava ser nena, cores rosa e vestidos de princesa incluídos, porque em palavras da própria família "queria vestir de nena". Pouca liberdade, depois dessa exposiçom pública, se lhe deixa à criança para incluir-se nesse 80% que supera a disforia com a entrada na idade adulta.
Em EEUU, o transgenerismo logrou que haja na actualidade umha lista de 30.000 nenas aguardando por umha extirpaçom dos peitos (mastectomía), vidas postas ante um espinhento caminho interminável (menopausa na mocidade, atrofia vaginal, entre outros efeitos irreversíveis ou secundários por tomar testosterona; histerectomia -extirpaçom do útero- e ooforectomia -extirpaçom dos ovários-). O debate é internacional, e hai avanços e retrocessos. O feminismo começa a poucos a reagir a nível mundial contra a ofensiva Queer. Austrália, com leis trans em vigor, vem de meter baixo vigiláncia judicial umha clínica da identidade de género onde se receitavam bloqueadores da puberdade, hormonaçom e cirurgias em menores. Escócia, Suécia, Inglaterra... vam-se somando à lista de países que aprovarom leis de identidade de género e que estám dando passos atrás ao ver os efeitos das mesmas, sobre todo nas adolescentes. Aqui umha opiniom pública sobre-passada com a intensidade dos problemas aumentados no médio dumha pandemia, olha de esguelho este tema e assume acriticamente a mensagem de que se trata dum avanço em direitos, a maioria dos partidos de esquerda incluídos.
O transgenerismo, claramente liderado por homens que transicionarom, agora mimetizado em transfeminismo, é um fenómeno mundial que afeita maioritariamente às nenas e mulheres, que vem nel, um caminho aberto para fugir dos mandatos de género que resultam em opressom para elas. Som o 70% , mas som o 70% silenciado. Só este feito, esta super-representaçom das moças na disforia de género devera ser suficiente para concluir que se trata dum produto das sociedades patriarcais. O 70% que a lei vai deixar nas mans do enfoque afirmativo, sem opçons a ser tratadas por especialistas que estudem o seu caso, que para umha maioria vai resultar dum lesbianismo nom admitido, como nom podia ser doutro jeito nas sociedades profundamente homófobas que ainda habitamos. Mas hai outras (autismo, abuso sexual, comorbilidade derivada de doenças mentais nom tratadas...). As nenas e adolescentes som botadas no cesto das hormonaçons e cirurgias irreversíveis, para alcançar o inalcanzável, o cambio de sexo.
Quando a coeducaçom ainda está em cueiros no nosso sistema educativo, o transgenerismo queer vai irromper com todo o peso da lei coa ideia de que só o sexo sentido e nom o biológico é o registável; a ideia de que ser mulher é um sentimento; a ideia de que os géneros, como construçom baseada em estereótipos é sobre o que as crianças devem construir a sua identidade e legitimar a manipulaçom e amputaçom dos corpos para adequa-los ao desejo, próprio ou induzido. A lei vem acompanhada dum importante bloco punitivo para quem questione estes dogmas de fé, no mundo da educaçom, da saúde ou na família.
A direita, que mostrou oposiçom à lei do divorcio e a do aborto; que se mobilizou contra a Lei de Igualdade, que fala de denúncias falsas e nega a violência machista, fomenta como o transgenerismo, os géneros. A diferenciaçom por sexos nos uniformes escolares, a segregaçom por sexos nos seus colégios de elite mais integristas, o papel das mulheres e nenas na religiom... tenhem a mesma base acientífica e patriarcal que a afirmaçom de que se um neno joga com bonecas ou a Frozen ou Barbie na PS4, ou a Girl's Fashion Shoot na Nintendo, é umha nena; e se umha nena gosta do futebol ou nega-se a pôr umha saia é um neno. Ao apartar o apoio psicoterapéutico à adolescência com disforia, abre-se a porta da captaçom da mocidade polas organizaçons religiosas que "por médio da fe" ajudaram a assumir o próprio corpo e de passo, as doutrinas associadas à salvaçom, incluindo os mandatos de género moi claros em todas as religions.
A situaçom em Afganistam, as inacabáveis vítimas lançadas à fossa comum do feminicídio ou as redes de prostituiçom de nenas na Galiza venhem de dar umha labazada de realidade e colocar a agenda feminista na urgência de todas nós. E o trangenerismo choca frontalmente com ela. O género nom pode seguir a construir a nossa identidade, levamos vários séculos pelejando contra estes estereótipos, seguiremos luitando contra eles, nom contra os nossos corpos, nem para oculta-los nem para mutila-los. O género hai que aboli-lo.
25 de agosto de 2021
[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, pertence à directiva de AGAMME. É mestra xubilada, feminista e activista social (serviços públicos, água, remunicipalizaçom, medio ambiente...). Forma parte do Colectivo Ártabra 21. Blogue persoal: Caranza free opiniom | Facebook | Twitter.
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Lupe Ces
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11 de setembro de 2021 08:30
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[1] Documentación: O anteproxecto finalmente é unha fusión das dúas propostas lexislativas sectoriais nas que estaba traballando o Ministerio de Igualdade: unha Lei Trans e unha lei LGTBI. Así, pasa a denominarse Anteproxecto de Lei para a igualdade real e efectiva das persoas trans e para a garantía dos dereitos das persoas LGTBI. Que foi aprobado polo Consello de Ministras e Ministros, para pasar ao trámite parlamentario. | 29 de Xuño de 2021. | Acceder/Baixar.
Documentación extensa. | Acceder/Baixar.
[2] Dumentación: Disforia / Incongruencia (Discordancia) de Xénero (CIE-10 e CIE-11). | Acceder/Baixar.
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