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venres, setembro 24, 2021

Xustiza enerxética, alimentaria e climática - A Rede para o Decrecemento Eo-Navia, Galiza e O Bierzo convoca unha concentración



Concentración para demandar Xustiza enerxética, alimentaria e climática

A Rede para o Decrecemento ven de convocar, coa correspondente comunicación a Delegación do Goberno, unha concentración para demandar aos gobernos da UE, Estado e Xunta de Galiza medidas na procura de maior “xustiza enerxética, alimentaria e climática” baseada en propostas Decrecentistas. O cambio climático e a crise enerxética mundial son unha realidade que afecta aos seres vivos do planeta incluíndo as persoas. A suba do prezo do gas inflúe no prezo da electricidade e dos fertilizantes agrícolas o que está encarecendo a electricidade e se vai transmitir nunha importante suba nos prezos dos alimentos. Por encima da suba do prezo a UE e o Estado están coas reservas baixo mínimos de gas as portas do inverno o que vai provocar, de non tomarse medidas, que impere a lei da selva e polo tanto que só a clase de poder adquisitivo alto poida quentar e iluminar os seus fogares. O incremento dos fertilizantes unido a unha meteoroloxía inestable vai provocar subas inasumibles dos alimentos. A situación do petróleo leva o mesmo camiño e é moi probable que en poucas semanas ou meses teñamos unha escalada no prezo dos combustibles do gas oil e gasolina.

Desde a Rede para o Decrecemento Eo-Navia Galiza O Bierzo levamos anos informando e denunciado que isto podía suceder. Compre pasar dunha fase de información a unha de presión e por iso che pedimos que acudas a concentración citada e sobre todo que divulgues a mesma. Só o boca a boca pode lograr o éxito da concentración e só a presión popular pode forzar aos gobernos a aplicar medidas Decrecentistas que poñan no centro das decisións as necesidades básicas e fundamentais das persoas e non as grandes empresas enerxéticas e de distribución de alimentos sen esquecer as medias imprescindibles para loitar contra o cambio climático.

MARTES 28, ÁS 19 HORAS NA RÚA DOLORES DE FERROL

Enviado por:
Rede para o Decrecemento Eo-Navia Galiza O Bierzo
-redeparaodecrecemento@gmail.com-
23 de setembro de 2021 19:47

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sábado, setembro 11, 2021

A Escola das Economías Transformadoras celebrara-se en Cangas do Morrazo do 16 ao 18 de setembro de 2021 - Formulario para apuntar-se


A Escola das Economías Transformadoras pretende achegar o coñecemento académico e o proporcionado polas experiencias prácticas que son ferramentas de transformación social.

Este ano temos a sorte de contar con recoñecidos científicos como Antonio Turiel, doutor en Física Teórica pola Universidade Autónoma de Madrid e investigador do Institut de Ciències del Mar del CSIC ou Alicia Valero, doutora Enxeñeira Química, profesora na Universidade de Zaragoza e directora do grupo de investigación de Ecoloxía Industrial no Instituto CIRCE. Especialistas no estudo das limitacións físicas, ambos científicos sinalan ás dificultades ás que se enfronta o noso modelo de sociedade.

Pilar Alguacil é Catedrática de Dereito Financeiro e Tributario na Universidade de Valencia. Ademais é Directora da Cátedra de Cooperativas Agroalimentarias de España. Ten asesorado ás organizacións representativas da Economía Social estatais na presentación de propostas de reforma do réxime fiscal de cooperativas e sociedades laboral. Falaranos de como a fiscalizade pode ser unha política de fomento da Economía Social e Solidaria.

Teremos a oportunidade de coñecer de primeira man en que consiste o Mercado Social Galego ou cales son as diferentes propostas de moedas sociais.

O sábado falaremos de decrecemento con Véspera de Nada e visitaremos o Verxel de Coiro, unha horta agroecolóxica nesta parroquia do Concello de Cangas. Neste privilexiado espazo poderemos coñecer os resultados da tese de doutoramento de Kylyan Mac Bisquert i Pérez, titulada “A dimensión socioeducativa do movemento agroecolóxico en Galicia: a reconstrución da dieta como eixo de sustentabilidade social e ambiental“.

A participación na Escola será presencial, mais o aforo é limitado e daráselle prioridade ás persoas que podan asistir ás tres xornadas. Unha vez finalizada a actividade, prevese que os relatorios estean dispoñibles na rede.

Inscribirse para asistir á Escola é gratuíto e pódese facer a través deste formulario.
Nota.- En breves colgarase o programa completo.

A Mostra do Posible é un encontro de organizacións que traballan en diversos ámbitos da vida cotiá construíndo un mundo máis xusto e solidario.

https://mostradoposible.gal/

Enviado por:
Mostra do Posible
-info@mostradoposible.gal
9 de setembro de 2021 09:38

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venres, xaneiro 15, 2021

Michael Löwy reformula a Opção Ecossocialista - A transição ao ecossocialismo iria confrontar tensões entre as necessidades de proteger o meio ambiente e atender necessidades sociais, entre imperativos ecológicos e o desenvolvimento da infraestrutura, entre hábitos de consumo popular e a escassez de recursos, entre impulsos comunitários e cosmopolitas


Michael Löwy
[*] reformula a Opção Ecossocialista
O pensador que ajudou a conceber a articulação entre marxismo e movimentos verdes volta a ela, aprofunda-a e sustenta: pode ser caminho, diante da crise civilizatória e da onda conservadora
Introdução

A civilização capitalista contemporânea está em crise. A acumulação ilimitada de capital, a mercantilização de tudo, a exploração impiedosa do trabalho e da natureza e uma brutal competição solapam as bases de um futuro sustentável e portanto colocam em risco a própria sobrevivência da espécie humana. A ameaça profunda e sistêmica que enfrentamos demanda uma transformação profunda e sistêmica: uma Grande Transição.

Ao sintetizar os princípios básicos de ecologia e a crítica marxista da economia política, o ecossocialismo oferece uma alternativa radical a um status quo insustentável. Ao rejeitar uma definição capitalista de “progresso”, baseada em crescimento de mercado e expansão quantitativa (a qual, como demonstra Marx, é um progresso destrutivo), defende políticas fundadas em critérios não-monetários, como as necessidades sociais, o bem estar individual e o equilíbrio ecológico. O ecossocialismo propõe uma crítica tanto da “ecologia de mercado” mainstream, que não desafia o sistema capitalista, como “socialismo produtivista”, que ignora limites naturais.

À medida em que as pessoas vão percebendo, cada vez mais, como as crises econômicas e as crises ambientais estão entrelaçadas, o ecossocialismo tem ganhado aderentes. O ecossocialismo, enquanto movimento, é relativamente novo, mas alguns de seus argumentos básicos vêm desde a época dos escritos de Marx e Engels. Atualmente, intelectuais e ativistas estão recuperando este legado e buscando uma reestruturação radical da economia, em acordo com os princípios do planejamento democrático ecológico, colocando as necessidades humanas e do planeta em primeiro plano e acima de tudo.

Os “socialismos de fato existentes” do século XX, com suas frequentes burocracias alheias à questões ambientais, não oferecem um modelo atrativo para os atuais ecossocialistas. Em vez disso, devemos traçar um novo caminho à frente, que conecte a miríade de movimentos ao redor do mundo que compartilham a convicção de que um mundo melhor não é somente possível, mas também necessário.

Planejamento Democrático Ecológico

O núcleo do ecossocialismo é o conceito do planejamento democrático ecológico, no qual a própria população, não “o mercado” ou o comitê central do partido comunista tomam as decisões sobre a economia. No início da Grande Transição para este novo modelo de vida, com seu novo modo de produção e consumo, alguns setores da economia terão de ser suprimidos (por exemplo, a extração de combustíveis fósseis implicados na crise climática) ou reestruturados, enquanto novos setores são desenvolvidos. A transformação econômica deve ser acompanhada de uma ativa busca de pleno emprego, com condições iguais de trabalho e remuneração. Está visão igualitária é essencial tanto para construir uma sociedade justa como para atrair o apoio da classe trabalhadora para a transformação estrutural das forças produtivas.

Em última instância, tal visão é irreconciliável com o controle privado dos meios de produção e do processo de planejamento. Em particular, para que investimentos e inovações tecnológicas sirvam ao bem comum, a tomada de decisões deve ser retirada dos bancos e empreendimentos capitalistas que atualmente a controlam e colocada sob domínio público. Então, a própria sociedade — nem uma pequena oligarquia de donos de propriedade, nem uma elite de tecno-burocratas — irão democraticamente decidir quais linhas produtivas serão privilegiadas, e como os recursos serão investidos em educação, saúde e cultura. Grandes decisões nas prioridades de investimento – tais como terminar todas instalações a base de carvão ou direcionar subsídios agrícolas à produção orgânica – seriam tomadas por voto popular direto. Outras, menos importantes, seriam tomadas por grupos eleitos, em suas relevantes escalas, nacional, regional ou local.

Apesar do receio dos conservadores do “planejamento central”, o planejamento democrático ecológico, fundamentalmente, implica mais liberdade, não menos, por diversas razões. Primeiro, ele oferece libertação das reificadas “leis econômicas” do sistema capitalista que aprisiona os indivíduos no que Max Weber chamou de “jaula de aço”. Os preços dos bens não seriam deixados para as “leis de oferta e demanda”, mas em vez disso, iriam refletir prioridades sociais e políticas, com o uso de impostos e subsídios para incentivar bens sociais e desarticular os males sociais. Idealmente, enquanto a transição ecossocialista avança, mais produtos e serviços fundamentais para atender as necessidades humanas seriam oferecidos de forma gratuita, de acordo com a vontade dos cidadãos.

Segundo, o ecossocialismo é mensageiro de um aumento substancial do tempo livre. Planejamento e redução da jornada de trabalho são dois passos decisivos rumo ao que Marx chamou de “o reinado da liberdade”. Um aumento significativo de tempo livre é, de fato, uma condição para a participação dos trabalhadores nas discussões democráticas e gestão da economia e da sociedade.

Por último, o planejamento democrático ecológico representa o pleno exercício, pela sociedade, de sua liberdade para controlar decisões que afetam seu destino. Se o ideal democrático não concede o poder de tomada de decisão a uma pequena elite, por que o mesmo princípio não deveria ser aplicado para as decisões econômicas? Sob o capitalismo, o valor de uso – o valor de um produto ou serviço ao bem estar – existe apenas a serviço do valor de troca, ou valor no mercado. Deste modo, muitos produtos na sociedade contemporânea são socialmente inúteis, ou desenhados para serem rapidamente substituídos (obsolescência programada). Em contraste, em uma economia ecossocialista planejada, o valor de uso seria o único critério para a produção de bens e serviços, com consequências econômicas, sociais e ecológicas de longo alcance [1].

O planejamento seria focado em decisões econômicas de larga escala — não as de pequena escala, que podem afetar restaurantes locais, mercados, pequenas lojas ou empreendimento artesanais. Mais importante, tal planejamento é consistente com a autogestão, pelos trabalhadores, de suas unidades produtivas. A decisão, por exemplo, de transformar uma planta de produção automobilística para produzir ônibus e bondes, seria tomada pela sociedade como um todo, mas a organização e o funcionamento internos do empreendimento seriam democraticamente administradas pelos trabalhadores. Há muitas discussões sobre o caráter “centralizado” ou “descentralizado” do planejamento, mas mais importante é o controle democrático em todos os níveis – local, regional, nacional, continental ou internacional. Por exemplo, questões ecológicas do planeta, como o aquecimento global, devem ser tratadas em uma escala global e portanto, requerem alguma forma de planejamento democrático global. Isso posto, a tomada democrática de decisões é bem o oposto do que geralmente se descreve, frequentemente com desdém, como “planejamento central”, já que as decisões não são tomadas por um “centro”, mas democraticamente decididas pela população afetada em sua respectiva escala.

O debate democrático e plural deverá ocorrer em todos os níveis. Por meio de partidos, plataformas ou outros movimentos políticos, proposições variadas seriam submetidas às pessoas, e delegados seriam respectivamente eleitos. Entretanto, democracia representativa deve ser complementada – e corrigida – por uma democracia direta possibilitada pela Internet, por meio da qual as pessoas irão escolher – em nível local, nacional e posteriormente global – entre as grandes opções sociais e ecológicas. O transporte público deveria ser gratuito? Os proprietários de carros devem pagar impostos especiais para subsidiar o transporte público? A energia solar deveria ser subsidiada, a fim de competir com energia fóssil? A jornada de trabalho semanal deveria ser reduzida para 30, 25 horas ou menos, com uma respectiva redução da produção?

Tal planejamento democrático precisa de contribuições de estudiosos, mas seu papel é educacional, para apresentar, à consideração popular dos processos de tomada de decisão, visões informadas ou resultados alternativos. Qual a garantia de que as pessoas irão tomar as decisões ecologicamente sãs? Nenhuma. O ecossocialismo aposta que as decisões democráticas se tornarão, cada vez mais, razoáveis e esclarecidas, enquanto a cultura muda e as garras do fetichismo das mercadorias sejam quebradas. Ninguém pode imaginar tal nova sociedade sem o alcance, por meio da luta, auto educação e experiencia social, de um alto nível de consciência socialista e ecológica. Em qualquer caso, não são as alternativas – o mercado cego ou uma ditadura ecológica de “experts” — muito mais perigosas?

A Grande Transição do progresso destrutivo capitalista ao ecossocialismo é um processo histórico, uma permanente transformação revolucionária da sociedade, cultura e mentalidades. Promulgar esta transição leva não só a um novo modo de produção e uma sociedade igualitária e democrática, mas também a um modo de vida alternativo, uma nova civilização ecossocialista, além do reinado do dinheiro, além de hábitos de consumos artificialmente produzidos pela publicidade, e além da produção ilimitada de commodities que são inúteis e/ou danosas ao meio ambiente. Tal processo transformativo para um programa ecossocialista depende do apoio ativo da vasta maioria da população. O fator decisivo ao desenvolvimento da consciência socialista e ecológica é a experiencia coletiva da luta, de confrontos locais e parciais até a mudança radical da sociedade global como um todo.

A Questão do Crescimento

A questão do crescimento econômico dividiu socialistas e ambientalistas. O ecossocialismo, entretanto, rejeita a moldura dualista de crescimento versus decrescimento, desenvolvimento versus antidesenvolvimento, porque ambas posição dividem uma concepção puramente quantitativa das forças produtivas. Uma terceira posição ressoa mais com a tarefa a frente: a transformação qualitativa do desenvolvimento.

Um novo paradigma de desenvolvimento significa dar um fim ao notório desperdício de recursos sob o capitalismo, dirigido pela larga escala de produção de produtos inúteis ou danosos. A industria de armas é, obviamente, um exemplo dramático, mas, de forma mais geral, o propósito primário dos “bens” produzidos – com suas obsolescências programadas – é gerar lucro para grandes corporações. O problema não é o consumo excessivo no abstrato, mas o tipo prevalente de consumo baseado como é, em maciços desperdícios, e a conspícua e compulsiva perseguição das novidades promovidas pela “moda”. Uma nova sociedade iria reorientar a produção destinada à satisfação de necessidades autênticas, incluindo água, alimentação, vestimenta, moradia e serviços básicos tais como saúde, educação, transporte e cultura.

Obviamente, os países do Sul Global, onde estas necessidades estão bem longe de serem satisfeitas, devem perseguir um desenvolvimento mais “clássico” — ferrovias, hospitais, sistemas de saneamento e outras infraestruturas. Além disso, em vez de imitar o modo como países ricos constroem seus sistemas produtivos, estes países podem perseguir desenvolvimento de maneiras mais ecologicamente amigáveis, incluindo a rápida introdução de energias renováveis. Muitos países mais pobres irão precisar expandir a produção agroecológica para cuidar de populações crescentes e famintas; mas a solução ecossocialista é promover métodos agroecológicos enraizados em unidades familiares, cooperativas ou fazendas coletivas de larga escala – não os métodos destrutivos do agronegócio industrializado, que envolve a adição intensa de pesticidas, químicos e transgênicos. [2]

Ao mesmo tempo, a transformação ecossocialista iria encerrar o gigantesco sistema de dívidas que o Sul Global agora enfrenta, bem como a exploração de seus recursos por países avançados industrialmente, e países em rápido desenvolvimento como a China. Em vez disso, podemos vislumbrar um forte fluxo de assistência técnica e econômica do Norte ao Sul, enraizado no robusto senso de solidariedade e reconhecimento de que problemas planetários requerem soluções planetárias. Isto não implica que as pessoas em países ricos “reduzam seus padrões de vida” — apenas que evitem o consumismo obsessivo, induzido pelo sistema capitalista, de mercadorias inúteis que não atendem necessidades reais ou contribuem para o bem estar e prosperidade humana.

Mas como nós distinguimos necessidades autenticas das artificiais e contraprodutivas? Em um grau considerável, os últimos são estimulados pela manipulação mental da publicidade. Nas sociedades capitalistas contemporâneas, a indústria da publicidade invadiu todas as esferas da vida, moldando tudo desde o alimento que comemos e as roupas que vestimos, até os esportes, cultura, religião e política. A publicidade promocional se tornou onipresente, insidiosamente infestando nossas ruas, paisagens, mídia tradicional e digital, moldando hábitos de consumismo conspícuo e compulsivo. Além disso, a própria indústria de anúncios é uma fonte de considerável de desperdício de recursos naturais e tempo de trabalho, no fim das contas pago pelo consumidor, para um ramo de “produção” que repousa na contradição direta com as reais necessidades socioecológicas. Indispensável para a economia de mercado capitalista, a indústria da publicidade não teria lugar numa sociedade em transição ao ecossocialismo; ela seria substituída por associações de consumidores que obtêm e disseminam informações sobre bens e serviços. Enquanto estas mudanças já estiverem acontecendo em alguma medida, velhos hábitos provavelmente persistirão por alguns anos, e ninguém tem o poder de ditar os desejos das pessoas. Alterar padrões de consumo é um desafio educacional presente, dentro de um processo histórico de mudança cultural.

Uma premissa fundamental do ecossocialismo é que em uma sociedade sem divisões de classe acentuadas e alienação capitalista, o “ser” terá precedência em detrimento do “ter”. Em vez de buscar bens intermináveis, as pessoas buscarão mais tempo livre, e as conquistas pessoais e significativas que podem obter por meio de atividades culturais, atléticas, recreacionais, científicas, eróticas, artísticas e políticas. Não há nenhuma evidência de que a posse compulsiva deriva de uma intrínseca “natureza humana”, como sugere a retórica conservadora. Em vez disso, é induzida pelo fetichismo de mercadorias inerente ao sistema capitalista, pela ideologia dominante e pela publicidade. Ernest Mandel resume bem este ponto fundamental: “A contínua acumulação de mais e mais bens […] não é de nenhuma forma um fenômeno universal e até mesmo predominante no comportamento humano. O desenvolvimento de talentos e inclinações para seu próprio bem; a proteção da saúde da vida; o cuidado com as crianças; o desenvolvimento de relações sociais ricas […] se tornam motivações maiores assim que as necessidades materiais básicas são satisfeitas.” [3]

É claro, mesmo uma sociedade sem classes depara-se com conflitos e contradições. A transição ao ecossocialismo iria confrontar tensões entre as necessidades de proteger o meio ambiente e atender necessidades sociais, entre imperativos ecológicos e o desenvolvimento da infraestrutura, entre hábitos de consumo popular e a escassez de recursos, entre impulsos comunitários e cosmopolitas. Lutas entre a desejos em competição são inevitáveis. Portanto, pesar e balancear tais interesses deve se tornar tarefa de um processo democrático de planejamento, liberto dos imperativos do capital e da geração de lucros, para se ter soluções por meio de discursos transparentes, plurais e abertos ao público. Tal democracia participativa, em todos os níveis, não significa que não serão cometidos erros, mas sim permite a auto-correção, pelos membros da coletividade social, de seus próprios erros.
Na parte final do novo ensaio: as sintonias e dissensos entre as teorias de emancipação social e o ambientalismo. Por que as duas correntes podem — e precisam — se reencontrar. A transição necessária para uma lógica pós-capitalista

Bases Teóricas

Ainda que o ecossocialismo seja um fenômeno bastante recente, suas bases teóricas podem ser rastreadas até Marx e Engels. Pois questões ambientais não eram tão salientes no século XIX como na nossa era de catástrofe incipiente ecológica, estas preocupações não exerciam um papel central nos trabalhos de Marx e Engels. Ainda assim, seus escritos usam argumentos e conceitos vitais para a concepção de uma alternativa socialista e ecológica frente ao sistema prevalente.

Algumas passagens em Marx e Engels (e certamente nas correntes dominantes marxistas que se seguiram), de fato adotam uma postura não crítica em relação às forças produtivas criadas pelo capital, tratando o “desenvolvimento das forças produtivas” como o principal fator no progresso humano. Entretanto, Marx era radicalmente oposto ao que nós agora chamamos de “produtivismo” – a lógica capitalista pela qual a acumulação de capital, riqueza e commodities se tornam um fim em si mesmo. A ideia fundamental de uma economia socialista – em contrastes com as caricaturas burocráticas que prevaleceram nos experimentos "socialistas do século XXI" – é produzir valores de uso, bens que são necessários à satisfação das necessidades humanas, bem estar e plenitude. O fenômeno central do progresso técnico, para Marx, não era o crescimento indefinido de produtos (“ter”) mas sim a redução do trabalho social necessário e o concomitante aumento de tempo livre (“ser”). [4] A ênfase de Marx no autodesenvolvimento comunista, no tempo livre para atividades artísticas, eróticas ou intelectuais – em contraste com a obsessão capitalista de consumir cada vez mais e mais bens materiais – implica em uma redução decisiva da pressão no meio ambiente. [5]

Para além dos benefícios presumidos ao meio ambiente, uma contribuição marxista chave para o pensamento socialista e ecológico, é atribuir ao capitalismo uma ruptura metabólica – isto é, uma destruição do intercambio material entre sociedades humanas e o meio ambiente. O problema é discutido, inter alia, em uma famosa passagem de O Capital:

A produção capitalista […] perturba a interação metabólica entre o homem e a terra, isto é, impede o retorno ao solo de seus elementos constituintes consumidos pelo homem na forma de alimento e vestuário; daí impede o funcionamento das condições naturais eternas para a fertilidade duradoura do solo […] Todo progresso na agricultura capitalista é progresso na arte, não apenas de roubar o trabalhador, mas de roubar o solo […] Quanto mais um país […] se desenvolve com base na grande indústria, mais esse processo de destruição ocorre rapidamente. A produção capitalista […] apenas desenvolve […] ao minar simultaneamente as fontes originais de toda riqueza – o solo e o trabalhador”. [6]

Esta importante passagem esclarecer a visão dialética de Marx das contradições do “progresso” e suas consequências destrutivas para a natureza sob condições capitalistas. O exemplo, é claro, é limitado à perda de fertilidade do solo. Mas neste base, Marx desenha um insight mais amplo que a produção capitalista engloba uma tendência de solapar as “condições naturais eternas”. De uma perspectiva semelhante, Marx reitera seu argumento mais familiar que a mesma lógica predatória do capitalismo explora e degrada os trabalhadores.

Enquanto os ecossocialistas mais contemporâneos são inspirados pelos insights de Marx, ecologia se tornou bem mais central para suas análises e ação. Durante os anos 1970 e 1980 na Europa e nos EUA, um socialismo ecológico começou a tomar forma. Manuel Sacristan, um filósofo dissidente comunista espanhol, fundou o jornal ecossocialista e feminista 'Entretanto' em 1979, introduzindo o conceito dialético de “forças produtivas-destrutivas”. Raymond Williams, um socialista britânico e fundador de estudos culturais modernos, se tornou um dos primeiros na Europa à chamar por um “socialismo conscientemente ecológico” e frequentemente creditado à ter criado o próprio termo “ecossocialismo”. André Gorz, um filósofo e jornalista francês, argumentou que a ecologia política deve conter uma crítica do pensamento economista e chamou por uma transformação ecológica e humanista do trabalho. Barry Commoner, um biólogo americano, argumentou que o sistema capitalista e sua la destruição do meio ambiente, o que o levou à conclusão de que “algum tipo de socialismo” era a alternativa realista. [7]

Nos anos 1980, James O’Conner fundou o influente jornal 'Capitalismo, Natureza e Socialismo', que foi inspirado por sua ideia da “segunda contradição do capitalismo”. Nesta formulação, a primeira contradição é a marxista, entre as forças e relações de produção; a segunda contradição repousa entre o modo de produção e as “condições de produção”, especialmente, o estado do meio ambiente.

Uma nova geração de eco-marxistas apareceu nos anos 2000, incluindo John Bellamy Foster e outros ao redor do jornal 'Revisão Mensal', que posteriormente desenvolveu o conceito marxiano de ruptura metabólica entre as sociedades humanas e a natureza. Em 2001, Joel Kovel e o presente autor publicaram “Um Manifesto Ecossocialista”, que foi posteriormente desenvolvimento pelos menos autores, juntos com Ian Angus, no Manifesto Ecossocialista de Belém em 2008, o qual foi assinado por centenas de pessoas de quarenta países e distribuído no Fórum Social Mundial em 2008. Desde então ele se tornou uma importância referência para ecossocialistas ao redor de todo o mundo. [9]

Porque Ambientalistas Devem Ser Socialistas

Como estes e outros autores mostraram, o capitalismo é incompatíveis com um futuro sustentável. O sistema capitalista, uma máquina de crescimento econômico alavancada por combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial, é uma das principais culpadas da mudança climática e a crise ecológica mais ampla que ocorre na Terra. Sua lógica irracional de expansão e acumulação intermináveis, desperdício de recursos, ostentação do consumismo, obsolescência programada e busca de lucro a qualquer custo, está levando o planeta a beira do abismo.

O “capitalismo verde” – estratégia de redução do impacto ambiental enquanto se mantém as instituições econômicas dominantes – oferece uma solução? A implausibilidade de tal cenário de Reforma Política tem sido visto mais vividamente no fracasso de um quarto de século de conferências internacionais para efetivamente mirar as mudanças climáticas. As forças políticas comprometidas com a “economia de mercado” capitalista que criou o problema não pode ser a fonte da solução.

Por exemplo, na Conferência Climática de Paris em 2015, muitos países resolveram se esforçar seriamente para manter o aumento médio da temperatura global abaixo de 2º C (idealmente, eles concordaram, abaixo de 1,5º C). De forma correspondente, eles se voluntariam à implementar medidas de redução da emissão de gás carbônico. No entanto, eles não implementam mecanismos de imposição nem quaisquer consequências em caso de descumprimento e, portanto, nenhuma garantia que qualquer país irá cumprir sua promessa. Os EUA, o segundo maior emissor de carbono, é atualmente administrado por um negacionista do aquecimento global, que tirou os EUA do acordo. Mesmo se todos os países de fato cumprirem o que acordaram, a temperatura global subiria cerca de 3º C ou mais, com grande risco de mudanças climáticas terríveis e irreversíveis. [10]

Ao fim das contas, a falha fatal do capitalismo verde está no conflito entre a micro-racionalidade do mercado capitalista com seu cálculo curto-prazista de lucros e perdas, e a macro-realidade da ação coletiva pelo bem comum. A lógica cega do mercado resiste a uma rápida transformação da energia, longe da dependência de combustíveis fósseis, em intrínseca contradição com a racionalidade ecológica. A questão não é acusar os “maus” capitalistas ecocidas, em oposição aos “bons” capitalistas verdes; a culpa repousa em um sistema enraizado em uma impiedosa competição e uma corrida pelo lucro de curto prazo que destrói o equilíbrio da natureza. O desafio ambiental – construir um sistema alternativo que reflita o bem comum em seu DNA institucional – se torna intrinsecamente conectado ao desafio socialista.

O desafio requer a construção do que E.P. Thompson descreveu como “economia moral” fundada em princípios não monetário, extraeconômicos e sociais-ecológicos e governado através de processos de tomada de decisão democráticos. [11] Muito mais do que uma reforma incremental, o que é necessário é a emergência de uma civilização social e ecológica que traga como prioridade uma nova estrutura energética e um conjunto de valores e padrão de vida pós-consumista. Realizar esta visão não será possível sem planejamento público e controle sobre os “meios de produção”, os insumos físicos utilizados para produzir valor econômico, tais como instalações, maquinário e infraestrutura.

Uma política ecológica que trabalha entre o prevalecimento das instituições e as regras da “economia de mercado” estará longe de atender os profundos desafios ambientais ante nós. Ambientalistas que não reconhecem como o “produtivismo” flui a partir da lógica do lucro estão destinados ao fracasso – ou, pior, serem absorvidos pelo sistema. Exemplos não faltam. A falta de uma postura anticapitalista coerente levou a maioria dos Partidos Verdes europeus – notavelmente na França, Alemanha, Itália e Bélgica – a se tornarem meros parceiros “eco-reformistas” na administração social-liberal do capitalismo pelos governos de centro-esquerda.

É claro, a natureza não se deu muito melhor sob o estilo de “socialismo” soviético do que no capitalismo. Na verdade, essa é uma das razões que o ecossocialismo carrega um programa e uma visão muito diferentes do chamado “socialismo realmente existente” do passado. Já que as raízes do problema ecológico são sistêmicas, o ambientalismo deve desafiar o sistema capitalista prevalecente, e isso significa levar a sério a síntese do século XXI de ecologia e socialismo – o ecossocialismo.

Porque Socialistas Devem Ser Ambientalistas

A sobrevivência da sociedade civilizada, e talvez muito da vida no Planeta Terra, está em risco. Uma teoria socialista, ou movimento, que não integre a ecologia como elemento central em seu programa e estratégia é anacrônica e irrelevante.

Mudanças climáticas representam a expressão mais ameaçadora da crise ecológica no planeta, colocando um desafio sem precedente histórico. Se for permitido que a temperatura global exceda níveis pré industriais em cerca de mais de 2º C, cientistas projetam consequências cada vez mais terríveis, tais como o nível dos mares subir tanto que arriscaria submergir boa parte das cidades marítimas, de Dacca em Bangladesh à Amsterdã, Veneza ou Nova York. Desertificações de larga escala, alteração do ciclo hídrico e da produção agrícola, eventos climáticos mais extremos e frequentes e perda de espécies. Nós já estamos em 1º C. Será que vamos chegar a um ponto de inflexão para além do qual o planeta pode suportar a vida civilizada ou mesmo tornar-se inabitável?

Particularmente preocupante é o fato de que os impactos da mudança climática estão se acumulando em um ritmo mais rápido do que o previsto pelos cientistas climáticos – os quais – quase como todos os cientistas – tendem a ser altamente cautelosos. A tinta mal secou no relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática e os crescentes impactos climáticos o faz parecer por demais otimista. Onde uma vez a ênfase era em o que aconteceria no futuro distante, a atenção se volta cada vez mais para o que nós enfrentamos agora e nos próximos anos.

Alguns socialistas reconhecem a importância de incorporar a ecologia, mas objetam o termo “ecossocialismo” argumento que o socialismo já inclui ecologia, feminismo, antirracismo e outros fronts progressistas. Entretanto, o termo ecossocialismo, ao sugerir uma mudança decisiva nas ideias socialistas, carrega uma importância política significativa. Primeiro, ele reflete um novo entendimento do capitalismo enquanto sistema baseado não só na exploração, mas também na destruição – a massiva destruição das condições de vida no planeta. Segundo, ecossocialismo estende o significado de transformação socialista para além de uma mudança de proprietários para uma transformação civilizacional do aparato produtivo, padrões de consumo e todo um modo de vida. Terceiro, o novo termo ressalta a visão crítica que ele adota das experiências do século XX em nome do socialismo.

O socialismo do século XXI, em suas tendências dominantes (social-democracia de comunismo soviético), foi, na melhor das hipóteses, desatento ao impacto humano no meio ambiente e, na pior, completamente indiferente. Governos adotaram e adaptaram o aparato produtivo do capitalismo ocidental em um esforço precipitado de “se desenvolver”, enquanto permaneceram largamente alheios dos profundos custos negativos na forma de degradação ambiental.

A União Soviética é um exemplo perfeito. Os primeiros cinco anos após a Revolução de Outubro viram uma corrente ecológica se desenvolver e um conjunto de medidas para proteger o meio ambiente foram, de fato, promulgados. Mas aos fins de 1920, com o processo de burocratização stalinista em andamento, um produtivismo negligente com o meio ambiente foi sendo imposto na indústria e agricultura por meio de métodos totalitários, enquanto ecologistas foram marginalizados ou eliminados. O acidente de Chernobyl em 1986 representa um dramático emblema das desastrosas consequências de longo prazo.

Alterar os donos da propriedade sem alterar como esta propriedade é administrada é o fim da linha. O socialismo deve colocar uma administração e reorganização democráticas do sistema produtivo no coração da transformação, junto com um firme compromisso com a administração ecológica. Nem o socialismo ou a ecologia sozinhos, mas ecossocialismo.

Ecossocialismo e a Grande Transição


A luta pelo socialismo verde no longo prazo requer lutar por reformas concretas e urgentes no curto prazo. Sem ilusões acerca das perspectivas para um “capitalismo limpo”, o movimento para a profunda mudança deve tentar reduzir os riscos às pessoas e ao planeta, enquanto consegue tempo para construir o suporte para uma transição mais fundamental. Em particular, a batalha para forçar os poderes que podem reduzir drasticamente emissões do esfeito estufa segue sendo o fronte chave, junto com os esforços locais para a mudança rumo aos métodos agroecológicos, energia solar cooperativa e administração comunitária de recursos.

Tais lutas imediatas, concretas, são importantes em si mesmas porque vitórias parciais são vitais para o combate à deterioração ambiental e desespero em relação ao futuro. No longo prazo, estas campanhas podem ajudar a levantar consciência ecológica e socialista e promover o ativismo desde abaixo. Tanto a consciência bem como a auto-organização são pré condições decisivas e as bases para radicalmente se transformar o sistema mundial. A síntese de milhares de esforços locais e parciais ao formar um arco sob um movimento global sistêmico forja o caminho para uma Grande Transição: uma nova sociedade e modo de vida.

Esta visão infunde na popular ideia de um “movimento de movimentos”, o qual emergiu do movimento global de justiça e Fórum Sociais Mundiais e que por muitos anos abrigou a convergência de movimentos sociais e ambientais em uma luta comum. O ecossocialismo é apenas uma das correntes dentre um fluxo mais ampla, com nenhuma pretensão de que é “mais importante” ou “mais revolucionária” que outras. Tal competitiva alegação de forma contraproducente cria polarização quando o que é necessário é unidade.

Em vez disso, o ecossocialismo mira contribuir para uma série de ethos adotadas pelos variados movimentos para uma Grande Transição. O ecossocialismo vê a si como parte de um movimento internacional: já que crises globais ecológicas, econômicas e sociais, não veem fronteira, a luta contra as forças sistêmicas dirigindo estas crises deve também ser globalizada. Muitas intersecções estão surgindo entre ecossocialismo e outros movimentos, incluindo esforços para relacionar eco feminismo e ecossocialismo como convergentes e complementares. [12] O movimento de justiça climática traz antirracismo e ecossocialismo juntos em uma luta contra a destruição das condições de moradia de comunidades sofrendo discriminação. Em movimentos indígenas, algumas lideranças são ecossocialistas, enquanto, por sua vez, muitos ecossocialistas vem o modelo de vida indígena, assentado em solidariedade comunitária e respeito à Mãe Natureza, como uma inspiração para a perspectiva ecossocialista. Da mesma forma, o ecossocialismo encontra voz dentro dos movimentos camponeses, sindicais, de decrescimento e outros.

O agrupador movimento dos movimentos busca a mudança do sistema, convencido de que outro mundo é possível, para além da mercantilização, destruição ambiental, exploração e opressão. O poder das elites dominantes entrincheiradas é inegável e as forças de oposição radical continuam fracas. Mas elas estão crescendo e se colocam como nossa esperança para parar o catastrófico curso de “crescimento” capitalista. O ecossocialismo contribui com uma importante perspectiva para fomentar a compreensão e a estratégia para este movimento para uma Grande Transição.

Walter Benjamin definiu revolução não como locomotivas da história, como Marx, mas como a humanidade tentando alcançar o freio de emergência antes que o trem caia no abismo. Nós nunca precisamos tanto alcançar em conjunto a alavanca e colocar em um novo trilho para um destino diferente. A ideia e prática do ecossocialismo pode nos ajudar a guiar este projeto histórico-mundial.

NOTAS

[1] Joel Kovel, Enemy of Nature: The End of Capitalism or the End of the World? (New York, Zed Books, 2002), 215.

[2] Via Campesina, uma rede mundial de movimentos de camponeses que há muito argumenta em favor deste tipo de transformação agricultural, ver mais em https://viacampesina.org

[3] Ernest Mandel, Power and Money: A Marxist Theory of Bureaucracy (London, Verso, 1992), 206.

[4]  A oposição entre “ter” e “ser” é frequentemente discutida no Manuscritos de 1844. Em tempo livre como fundação do “Reino da Liberdade” socialista, ver Karl Marx, Das Kapital, Volume III, Marx-Engels-Werke series, vol. 25 (1884; Berlin: Dietz Verlag Berline, 1981), 828.

[5] Paul Burkett, Ecological Economics: Toward a Red and Green Political Economy (Chicago, Haymarket Books, 2009), 329.

[6] Karl Marx, Das Kapital, Volume 1, Marx-Engels-Werke series, vol. 23 (1867; Berlin: Dietz Verlag Berlin, 1981), 528-530.

[7] Ver, por exemplo, Manuel Sacristan, Pacifismo, Ecología y Política Alternativa (Barcelona: Icaria, 1987); Raymond Williams, Socialism and Ecology (London: Socialist Environment and Resources Association, 1982); André Gorz, Ecology as Politics (Boston, South End Press, 1979); Barry Commoner, The Closing Circle: Man, Nature, and Technology (New York: Random House, 1971).

[8] “Um Manifesto Ecossocialista”, 2001, http://environment-ecology.com/political-ecology/436-an-ecosocialist-manifesto.html; “Belem Ecosocialist Declaration,” December 16, 2008

[9] Ver https://www.greattransition.org/explore/scenarios para acessar o cenário de Reforma Política e outros cenários globais

[10] Programa de Meio Ambiente dos EUA, The Emissions Gap Report 2017 (Nairobi: UNEP, 2017). Para acessar o relatório ver em https://news.un.org/en/story/2017/10/569672-un-sees-worrying-gap-between-paris-climate-pledges-and-emissions-cuts-needed.

[11] E. P. Thompson “The Moral Economy of the English Crowd in the Eighteenth Century,” Past & Present, no. 50 (February 1971): 76-136.

[12] See Ariel Salleh’s Ecofeminism as Politics (New York: Zed Books, 1997), or the recent issue of Capitalism, Nature and Socialism (29, no. 1: 2018) on “Ecofeminism against Capitalism,” with essays by Terisa Turner, Ana Isla, and others.

Fonte: Michael Löwy, em Great Transition | Tradução: Marianna Braghini. OutrasVoces.

[*] Michael Löwy, (São Paulo, 6 de maio de 1938) é um pensador marxista brasileiro radicado na França, onde trabalha como diretor de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique. É um relevante estudioso do marxismo, com pesquisas sobre as obras de Karl Marx, Leon Trótski, Rosa Luxemburgo, Georg Lukács, Lucien Goldmann e Walter Benjamin.
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luns, decembro 21, 2020

Decrecemento e desfeita do Capitalismo, ... Por Giuseppe Feola e Olga Koretskaya -



Decrecemento e desfeita do capitalismo
Por Giuseppe Feola, Olga Koretskaya [*]
7 de decembro de 2020


As nosas sociedades enfróntanse a múltiples retos interconectados, que inclúen a emerxencia climática, unha perda sen precedentes de biodiversidade, unha crecente desigualdade e contaminación por plásticos. O que conecta estes desafíos é o modelo económico capitalista subxacente, que prioriza o beneficio sobre o benestar e require un crecemento económico interminábel simplemente para manterse á boia.

O decrecemento  ofrece unha visión alternativa: é un proxecto de transformación urxente e fundamental. O decrecemento require reinventar as nosas sociedades desde a perspectiva de centrarse no beneficio en centrarse no benestar. Este enfoque distingue o decrecemento doutras visións de transformación máis comprometedoras, como o "crecemento verde". Mais, como pode transitar a sociedade cara ao decrecemento?

Unha idea que se fixo importante ao pensar nesa transición é a de "descolonización do imaxinario", un concepto desenvolvido por Serge Latouche. Este concepto sinala a necesidade dunha interrupción das formas de ver o mundo dadas por sentadas e as súas prácticas, regras e normas sociais asociadas. A descolonización das imaxinarias cuestiona crenzas profundamente arraigadas sobre quen somos, como vivimos e sobre o noso lugar neste mundo. Somos só individuos interesados ​​ou tamén somos membros das comunidades orientados ao coidado? En que medida contribúen a tecnoloxía e o consumo ao benestar humano? A nosa economía en constante expansión ameaza ás comunidades humanas e ao mundo natural?

A descolonización do imaxinario foi unha idea inspiradora para académicos e activistas. Non obstante, por si só parece ser insuficiente para levarnos a captar plenamente a profundidade das interrupcións do capitalismo producidas por iniciativas como cidades en transición, granxas de permacultura e cafés de reparación. A descolonización do imaxinario fai fincapé nas dimensións simbólicas do cambio social, pero infravalora as dimensións materiais dese cambio. Tamén se entende normalmente como un punto final e, polo tanto, non nos axuda a recoñecer e aprender sobre o que ocorre no camiño.

Como podemos pensar nos procesos polos que se producen as interrupcións do capitalismo de formas máis amplas, profundas e dinámicas? É posíbel para nós captar mellor o que está a suceder en iniciativas concretas?

Nun artigo recente, Giuseppe Feola propón que pensemos na disrupción do capitalismo en termos de "desfeita". Suxire que non é necesaria unha desintegración do capitalismo, senón que posibelmente estea condicionada a unha transformación da magnitude e natureza requirida polo decrecemento. "Non facer" refírese a accións individuais ou colectivas de desvinculación ou desconstrucións activas de sistemas capitalistas existentes que "fan espazo" para alternativas. Tales accións poderían tomar a forma dunha decisión persoal de limitar o consumo ou de deixar un traballo moi remunerado nunha corporación petroleira. A desfeita tamén se pode recoñecer nunha granxa comunitaria que rexeita someterse á presión do mercado para expandir a produción e, no seu lugar, recorre a un modelo apoiado pola comunidade para sosterse.

Os procesos de desfeita dependen do contexto histórico particular.  Significa que non hai un xeito único de desfacer prácticas, regras ou normas sociais capitalistas. O que pode causar unha ruptura nun lugar do sistema pode non ser o que causa unha rotura noutra parte. Polo tanto, varias iniciativas de base teñen un enfoque diferente, eloxiándose mutuamente. Esta dependencia do contexto tamén significa que as leccións aprendidas dunha experiencia de desfeita deben aplicarse e transferirse coidadosamente entre iniciativas concretas.

Os procesos de desfeita implican interrupcións tanto simbólicas como materiais.  En moitas iniciativas de base e accións individuais concretas, as críticas á cultura capitalista adoitan ir acompañadas de deconstrucións materiais e prácticas do statu quo. Se volvemos ao exemplo da autolimitación do consumo a nivel individual, vemos que a través das súas accións os individuos están rompendo a obriga social (simbólica) dun consumo cada vez maior mentres cambian simultaneamente as rutinas concretas (materiais).

Desfacer é unha experiencia persoal contraditoria. Liberarse das prácticas e da lóxica capitalistas implica un rexeitamento deliberado das narrativas dominantes, como as que se refiren a seres humanos interesados. Este rexeitamento deixa espazo a outras lóxicas de acción, incluídas as de cooperación, recoñecemento e dignidade. Estas lóxicas alternativas non nos son alleas: os sacrificios por bens superiores e actos derivados da ética do coidado ocorren en moitas esferas da vida cotiá, como na vida dos pais. Non obstante, as alternativas á lóxica e ás prácticas capitalistas adoitan ser descoidadas e socialmente non premiadas, e ás veces poden incluso ser sancionadas polas regras económicas dominantes. Isto significa que a desfeita persoal pode ser "desordenada" e pode implicar compromisos, negociacións, contratempos e dilemas.

A desfeita adoita estar oculta, pero pódese usar de xeito estratéxico. Os actos de desfeita socavan a orde establecida, incluíndo: normas culturais (por exemplo, consumismo), infraestrutura material (por exemplo, coches diésel, plantas de fabricación masiva), normas e regulamentos (por exemplo, as 40 horas semanais de traballo) e expectativas aceptadas socialmente (por exemplo, , obxectivos de crecemento económico, a maximización do beneficio dos accionistas). Non obstante, para evitar a confrontación directa con actores poderosos, as iniciativas de base adoitan manter estas interrupcións privadas ou ocultas. Ademais, o carácter persoal a pequena escala de moitas formas de desfeita afasta as interrupcións dos focos, moitas veces non son titulares de xornais. Nalgúns outros casos, pola contra, a desfeita pode ocorrer a través de accións públicas como a desobediencia civil e as protestas, así como a través da aparición dun discurso público disruptivo; o movemento social "Rebelión da extinción" é un destes exemplos.

Desfacer é xenerativo. Os procesos de desfeita teñen como obxectivo interromper a reprodución de lóxicas e prácticas capitalistas. Ao mesmo tempo, a desfeita ten e implica inherentemente un poder creativo: permite a imaxinación e a prefiguración de diferentes futuros. Ao crear baleiros simbólicos, materiais, espaciais e temporais que se poden cubrir doutros xeitos, a desintegración permite establecer novas prioridades éticas e prácticas. Ábrese e cultiva posibilidades doutro xeito impensábeis ou pensadas como fóra do alcance.

[*] Giuseppe Feola, Olga Koretskaya.
Publicado orixinalmente en Degrowth.de

O artigo completo "Decrecemento e desfeita do capitalismo máis alá da descolonización do imaxinario" publicouse en ACME: An International Journal for Critical Geographies e está dispoñíbel en acceso aberto aquí. Esta investigación forma parte do programa de investigación UNMAKING .

Esta peza apareceu orixinalmente en ontgroei, a plataforma holandesa de decrecemento. Podes atopar o texto orixinal aquí .

Fonte: https://www.resilience.org/stories/2020-12-07/degrowth-and-the-unmaking-of-capitalism/
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domingo, decembro 13, 2020

Reseteo neoliberal ou Decrecemento, ... Por Miguel Anxo Abraira Sobrado


Por Miguel Anxo Abraira Sobrado [*]
13.12.2020


Reseteo neoliberal ou Decrecemento.

Estamos vivindo un tempo onde a visión colectiva dos aconteceres cambia en semanas, cando non en días e vivimos un momento político onde a esquerda institucional se atopa perdida e, o que é peor, con actitudes profundamente colaboracionista co que é, ao meu entender, o gran reseteo neoliberal ao que se está sometendo a sociedade.

Dicirse de esquerda sempre viu acompañado da defensa dos dereitos civís, mais estamos vivindo tempos onde os dereitos civís non só non tidos en conta. Defender os mesmos é motivo de satanización política. Ser crítico coas medidas do goberno central que é no que se debería centrar o debate (se non existe para situación como actual, para que está?) trae aparellado a acusación de ser defensor de posturas da extrema dereita. Ten está actitude dúas intencións a primeira sinalar a disidencia como tración; sen sequera abrir o debate e, a segunda, negar e ocultar unha visión crítica coas decisións político-sanitarias apoiadas por toda a esquerda institucional. A ocultación ten a intencionalidade de impedir que o descontento poida dar lugar a algunha posibilidade de articular opcións de esquerda-alternativa que poidan competir no político-electoral cos partidos da esquerda institucional. Única preocupación da esquerda sistémica. Nesta xogada de afogar e negar a existencia de visións alternativas nacidas desde a base social de esquerda coinciden case toda a representación institucional do estado. Prefiren os partidos e medios de comunicación sistémicos o medre e a capitalización do descontento por parte de VOX que dar cabida ao discurso do Decrecemento e do anarquismo. Por poñer dous exemplos.

Vivimos tempos de grandes mentiras, de infantilización da sociedade e de reforzamento da “relixión global”. Mentiras e ocultacións que tenden a tratar está pandemia como un mal aparecido nas nosas vidas de xeito fortuíto (noutros tempos sería considerado un castigo divino) e non como unha consecuencia do modelo económico e de depredación da natureza imperante a nivel mundial. Mentiras que buscan negar as advertencias de que algo igual ou peor podía pasar. Ocultacións como que recentemente apareceu unha mutación do SAR-COV2 en granxas intensivas (unha vez máis) de visóns que xa saltou e se propaga entre as persoas e que pode dar ao traste con todo o traballo mundial por conseguir unha vacina. Infantilización da sociedade que busca o seu control interesado para impoñer medidas de recorte, suspensión e eliminación de dereitos civís e, como non, de medidas políticas e económicas para favorecer a acumulación de riqueza. Que en plena auxe da pandemia e das restricións sociais e co silencio xeneralizado de todo o arco parlamentario do estado se estean aprobando plans de reactivación da economía, non buscando outra cousa que favorecer grandes empresas que terán segundo os gobernantes a “finalidade de funcionar como tractoras da reactivación económica” –práctica interesada para favorecer a acumulación de riqueza-. Mentras aproban unha nova axuda e financiación dos grandes, os pequenos e os cidadáns estamos intentando salvar as nosas vidas, os nosos empregos, superar o medo e sobre-levar o recorte dos dereitos civís. Sen dúbida os planos de reactivación da economía que queren aplicar son un claro exemplo das medidas ecofascistas que nos están impoñendo desde estado neoliberal gobernado pola esquerda sistémica. Endebedar o estado para engordar as grandes empresas sendo as persoas as que sofren e a vez as que van ter que devolver o endebedamento é sen dubida unha medida de corte fascista.

Que nos tiveran vendido a mentira que está pandemia se ía superar con 15-30 días de confinamento domiciliario e non que viña para estar con nós moito tempo ou para ficar para sempre fixo que a sociedade aceitase a premisa de que as restricións canto mais duras mellor. Despois de todo 15-30 días sen saír da case -co exercito metralleta en man tomando as rúas- é para a inmensa maioría das persoas mellor que a morte e incluso mellor que esta situación de renuncia a humanidade a que nos vemos sometidas. E digo renuncia a humanidade por que as persoas somos persoas por obra e grazas da socialización. É tan forte a dependencia que como especie temos da necesidade de socializar que sen a colectividade non teriamos chegado ao que somos. É desta aceptación da nosa realidade de especie dependente das relacións no social, da defensa dos dereitos civís unido a necesidade de realización de actividades económicas -definidas como traballo- para poder comer (nada que ver co discurso na defensa da macroeconomía) de onde nace a visión crítica que moitos e moitas temos das medidas que o estado neoliberal esta tomando na contra das nosas vidas.

Mais o neoliberalismo, di que todo se vai solucionar coa súa relixión de modernidade e progreso e que imos ter unha vacina que nos vai liberar da peste. Esquecen os defensores da nova relixión asumir a culpa, se non do nacemento do SAR COV2, cando menos do seu espallamento por todo o planeta. Somos case 8.000 millóns de persoas. Nunca tantos humanos xuntos habitaron a terra e estamos a pasar por un dos momentos mais vulnerables que vivimos, como especie, na nosa historia. O que sucede nunha pequena comunidade estendese a toda a especie do planeta da man dun dos elementos vertebradores da “relixión do progreso e da modernidade”. A globalización da economía. A globalización pon en perigo a toda a especie convertendo o que debería ser unha epidemia (rexional) nunha pandemia global.

O progreso tamén mudou a nosa visión de vulnerabilidade individual e a nosa capacidade para aceitar a nosa interdependencia (necesidade do social) e a nosa dependencia do medio natural. A mentalidade nacida ao abeiro da relixión do progreso e da modernidade pasa por non aceitar a morte, por non asumir a nosa insignificancia en termos globais. As nosas caídas e tropezos, segundo a relixión global, son cousa de que aínda non progresamos o suficiente para sermos capaces de vencer as leis físicas e naturais. Cando o progreso e a modernidade sexan o suficientemente elevadas imos colonizar afastados planetas e vencer a morte. Mais a realidade é que está mentalidade baseada en non aceitar os límites físicos do planeta ao único que nos leva é a permitir as prácticas que asasinan o noso planeta coa destrución dos territorios e o sometemento e manipulación das plantas, animais, persoas, .... A relixión global non busca levarnos ao paraíso senón que busca permitir a acumulación de riqueza a gran escala (dígase capitalismo neoliberal). A negación da nosa fraxilidade como individuos e especie lévanos a negar a morte, e negar a morte lévanos a entender a vida simplemente como vida biolóxica e non como a vida social da que tanto precisamos para seguir sendo humanos. Negar a morte, non aceitar a mesma produce sufrimento individual e colectivo, non nos libra da mesma e pode levarnos -estanos levando- aceitar medidas que atentan contra os nosos dereitos fundamentais sen reflexionar, sen debater, se poñer límites.

En termos económicos hai tempo que estamos instalados no modelo: ou medrar ou morrer. Tamén é sabido que as crises son aproveitadas polo capital para aplicar medidas económicas e políticas que favorezan a acumulación de riqueza. As medidas dos gobernos neoliberais diante da COVID19 xiran, no económico, ao redor da práctica antes citada. A reconversión encuberta do sector hostaleiro (demandada por certo en múltiples ocasións polos homes de negro da UE e do FMI) vai producir non só perda de milleiros de postos de traballo, senón que vai supor, tamén, unha reorientación do consumo cara as grandes distribuidoras de alimentos como Mercadona, Carrefour, Gadisa, ... -as grandes beneficiadas da maioría das medidas do goberno- que ollan como o consumo na hostalaría pasa a ser consumo nos fogares. A vez que se está reorientando o consumo tamén se esta reconstruíndo a sociedade para que a clase traballadora precise de menos salario e menos tempo libre (xornadas máis longas) para levar un modo de vida de tipo normal. O modo de vida que nos dará dereitos de escravos: da casa ao traballo, do traballo ao súper (por comida lixo) e do súper a casa. E se enfermas chamada de teléfono para conseguir saber o produto da multinacional farmacéutica que terás que comprar, se o teu salario cada vez mais baixo o permite. Todo ilo sen dereito a unha xubilación digna.

Produce inquedanza e gran desasosego a censura actual que estamos vivindo. Esta é difícil de combater e mesmo de visualizar ao non estar baseada en prohibir, senón en negar a existencia. Unha páxina web, unha revista, un xornal semanal das voces alternativas teñen menos importancia que un comentario de bar da década dos 70-80. E tanto o ruído que non se pode oír nada. Estamos vivindo tempos de profundos cambios, convulsos e confusos e en situacións así impedir os debates, negar as alternativas, buscar a confusión, funcionan como medidas censoras. Son sen dúbida estás prácticas e comportamentos censores inadmisibles e son, sobre todo, colaboracionistas co medre do fascismo, por moi de esquerda e moi comunista que un diga ser. A sociedade galega e a sociedade de todo o Estado está inmersa na perda dos referentes nos que se sustentas as sociedades industriais. Á crise do 2008, séguelle a crise da COVID19 e a da COVID19 seguiralle outra. O momento histórico e de crises de crises, de cambio de paradigma cando non de colapso. Un colapso social e económico que no Estado Español ven acompañado polo colapso do estado por problemas territoriais e históricos. O colapso actual ven marcado pola falta de referentes alternativos porque de existir unha alternativa maioritaria poderiamos falar de revolución.

Nesta situación de censura, de falta de búsula político-social poucas análises e alternativas poden seguir tendo actualidade despois da crise do 2008 e da actual pandemia. As análises e propostas nacidas desde o Decrecemento, son a excepción. Son a día de hoxe a única regaña do sistema pola que entra algo de luz o demais e colaboracionismo coa aplicación de políticas neoliberais cando non co medre do fascismo. Compre seguir traballando e non desfalecer porque nos xogamos a liberdade e a vida.

Miguel Anxo Abraira Sobrado
Presidente da asociación Rede para o Decrecemento Eo-Navia Galiza O Bierzo. |
Portavoz nacional de LiGanDo.

Enviado por:
miguel anxo abraira
-miguelanxo36@gmail.com-
18 de novembro de 2020 09:41

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mércores, maio 06, 2020

Manifesto polo Decrecemento en tempos de crise polo novo coronavirus e a Covid'19 - Perante a cobertura informativa dos distintos medios de comunicación en relación á pandemia


MANIFESTO POLO DECRECEMENTO.

Aos medios de comunicación.

Perante a cobertura informativa dos distintos medios de comunicación en relación á pandemia do COVID19, as persoas e organizacións abaixo asinantes rexeitamos:

A frivolización que a maioría destes están a facer respecto á orixe do COVID19, por estar a introducir no imaxinario colectivo que a responsabilidade da pandemia é da poboación chinesa que come carne de animais salvaxes. Unha información que tende a asimilar “animais salvaxes” con “especies animais aberrantes para a nosa cultura culinaria” -como é o caso do morcego ou o pangolín- e que, con todo, omite que o consumo de carne procedente de animais salvaxes é característico da humanidade e exclúe da devandita categoría outras especies como o polbo, as nécoras, o xabaril, o cervo, as perdices, os paspallás e todas aquelas que forman parte da nosa contorna cultural. Ademais de mal informar, esta distorsión da realidade está a xerar altas cotas de xenofobia.

Da mesma maneira, entendemos que no actual debate son moitos os medios de comunicación que están a ignorar os argumentos que establecen que as causas da actual pandemia son un modelo humano depredador que basea a súa economía nun crecemento infinito que excedeu os límites físicos e ambientais dos ecosistemas do planeta, obrigando a convivir a especies animais que noutras circunstancias raramente cruzáronse.

Neste sentido, tamén queremos manifestar a nosa perplexidade pola ausencia case absoluta de referencias ós avisos que o mundo científico viña facendo sobre a posibilidade de que algo similar puidese ocorrer; como tamén se están ignorando as advertencias científicas sobre outros probables e próximos sucesos catastróficos para a humanidade. Prognósticos que, con todo, veñen sendo utilizados de forma habitual polo Movemento polo Decrecemento nas distintas partes do mundo onde se atopa, para favorecer e demandar un drástico cambio en aspectos económicos, políticos, sociais, culturais e, por suposto, sanitarios.

Entendemos que o constante desequilibrio ambiental que afronta o planeta é consecuencia de prácticas capitalistas depredadoras, as cales activaron poderosos mecanismos naturais que, co paso do tempo, están a dar lugar a un novo equilibrio global no que a especie humana non ten garantida a súa existencia. A persistente transmisión da mensaxe de que a especie humana non forma parte do devandito equilibrio é profundamente errada e conlevará que, unha e outra vez, se cometan os mesmos ou similares erros: parécenos contraproducente, e mesmo manipulador, que se oculte á opinión pública que a COVID19, descuberto en Wuhan, converteuse en pandemia por causa da globalización; e parécenos preocupante que os medios de comunicación omitan do debate actual que todos os anos rexorden á vida microbios e bacterias no proceso de fusión dos glaciares e o permafrost debido ao quecemento global vinculado ao cambio climático.

E é que os distintos informes elaborados polo panel de expertos do IPCC veñen avisando do perigo real de epidemias e pandemias a causa da mudanza climática, xa sexa pola volta á vida de patóxenos ou pola adaptación dos xa existentes ás novas condicións de temperatura, humidade e/ou contaminación.

Por todo iso, facemos un chamamento aos medios de comunicación para que, de forma urxente, introduzan no debate a improrrogable necesidade de aplicar medidas encamiñadas a contrarrestar a lóxica da globalización capitalista e apostar pola resiliencia local e a xustiza global, mellorando a soberanía das comunidades, reforzando a súa capacidade de autoxestión e autoprodución, os seus circuítos de abastecemento de proximidade, así como o apoio mutuo e os autocuidados; xa que non se debe descartar que á pandemia do COVID19 sucédanlle situacións sociais, políticas, económicas, enerxéticas e/ou climáticas que poñan en perigo o equilibrio ecosistémico e a satisfacción das necesidades humanas esenciais.

Queremos terminar apelando ó reforzo dos principios de honestidade, transparencia, equilibrio e debate sereno desde as distintas visións que existen sobre a actual situación. Entendemos que nun momento no que o estado de alarma sanitaria impide a celebración de reunións, charlas, mesas redondas, conferencias, manifestacións e todo tipo de concentración de persoas, os e as profesionais da comunicación deben esforzarse ao máximo por dar voz a todas as visións e propostas da sociedade, entre as que deben atoparse a análise, os principios e as propostas do Movemento polo Decrecemento.

Colectivos e persoas promotoras do Manifesto polo Decrecemento:

Rede para o Decrecemento Eo-Navia Galiza O Bierzo
https://redeparaodecrecemento.wordpress.com/

Rede para o Decrescimento de Portugal
www.decrescimento.pt
geral@decrescimento.pt

Solidaridad Internacional Andalucía
www.solidaridadandalucia.org

Entesa pel Decreixement de Catalunya
martavilarob@gmail.com

FAVB (Federació d’associacions de vecinos y vecinas de Barcelona) favb@favb.cat

Véspera de Nada por unha galiza sen petroleo.
www.vesperadenada.org

La Transicionera
www.latransicionera.net

Colectivo de Educación para la Participación
http://redasociativa.org/crac/

CGT Huelva
https://www.cgtandalucia.org/

CGT Ourense
cgtourense@gmail.com

Asociación Pies en la Tierra
www.facebook.com/PiesenlaTierraSierradeHuelva

AÚPA asociación unida productoras agroecologicas
secreaupa@gmail.com

Salmorejo Rebelde

Hasta aquí hemos llegado (Palencia)
alberchoco@yahoo.es

Universidad y Compromiso Social
institucional.us.es/compromiso/index.htm

Ecoloxistas en Acción Galiza

Ecoloxistas en Acción Vigo
https://www.ecologistasenaccion.org/territorios/galiza/

KolapSOS
kolapsos@kolapsos.cat

Agenda llatinoamericana
http://www.solidaries.org/
llatinoamericana@solidaries.org

Cal Cases - comunidad rural autogestionada.
calcases@calcases.info

Persoas promotoras:

Xabier Vázque Pumariño.
Biólogo ambiental

El Sobrino del Diablo (Cantautor libertario).


Esteban Bernatas Chasaigne.


Enric Duran.
Activista contra el sistema bancario

José Anastasio Urra Urbieta.
Porfesor titular da Universidade de Valencia


Begoña de Bernardo Miño.
Enxeñeira Agrónoma.


Vicent Cucarella
Economísta. 


Adrián Almazán.
Miembro de Ecologistas en Acción 


Miguel Anxo Abraira Sobrado.
Autónomo e Técnico Especialista en Saúde Ambiental


Pepa Úbeda.
Representante do Observatorio de Ecología Política de ATTAC-Pais Valenciá


Emilio Santiago Muíño
Doctor en Antropología Social


Cándido Soria Fortes.
avogado e profesional de resolución de conflitos en Ourense.

Iolanda Teixeiro Rei.
Mestra de tai chi e articulista em diversos jornais.

Marta Soler Montiel.
Profesora de Economía Aplicada de la Universidad de Sevilla.

Esteban de Manuel Jerez.
Profesor de Expresión Gráfica Arquitectónica de la Universidad de Sevilla.

Angel Calle Collado. 
Profesor de Sociología de la Universidad de Córdoba.

Francisco F. García Pérez.
Catedrático de Didáctica de las Ciencias Sociales de la Universidad de Sevilla.

Daniel Cascado Caballero.
Profesor de Arquitectura y Tecnología de Computadores de la Universidad de Sevilla.

Luis Andrés Zambrana.
Profesor de Economía Aplicada de la Universidad de Sevilla.

Emma Martín Díaz.
Catedrática de Antropología Social de la Universidad de Sevilla.

Juan Francisco Ojeda Rivera.
Catedrático de Geografía de la Universidad Pablo de Olavide.

María José Lera
Profesora de Psicología de la Universidad de Sevilla.

Julio Fuster
Músico profesional freelance.

Mario Martínez Lorenzo.
Ensino secundario.

Ivan Rodríguez Lombardero.
Xeólogo ambiental e Traballador do SLG na Mariña

Para apoiar o Manifesto pode-se facer en change.org | Ir á Web.

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luns, xaneiro 27, 2020

Alargascencia nos tempos do low cost, ... Por Iolanda Teixeiro Rei


Por Iolanda Teixeiro Rei
[*]
27.01.2020


Alargascencia nos tempos do low cost

Non queda outra que artellar palavras para resgatar as conductas axeitadas do pasado, esas que aínda perviven nos países do Sul global. De aí o de alargascencia, esa ferramenta para alongar a vida dos produtos en procura dun aforro tanto económico como ambiental. Todos sabemos das vellas neveiras ou carros de Cuba ou das habilidades creativas dos povos nos países empobrecidos pola globalización. Eles han ser os nosos mestres, o espello onde lembrar o que perdemos co progreso e teremos de recuperar con urxencia no mundo que se achega ao colapso enerxético.

Porque o grao de desenvolvemento capitalista dun país é inversamente proporcional a autosuficiencia individual e colectiva. Nos tempos do low cost  prémianse os analfabetos no que podiamos chamar capacidades reparadoras e artes da resiliencia que diriamos no pensamento decrecentista.

Hai quen di que as grandes superficies tamén crean postos de traballo. Certo, de ínfima calidade. Mais cantos destruiron e destrúen?. En Ferrol, cantas tendas de deporte nos barrios pechou a multinacional francesa que todos coñecemos? Non esquezamos que máis barato incita a máis cantidade no consumo.

É sabido que o mercado no capitalismo non existe para cobrir as nosas necesidades senón para crearnolas. Mais quen nos crea unha necesidade fainos o seu escravo.

Xa Iván Illich nos alertava na súa História das Necessidades, que teriamos de educar nunha austeridade convivial para que a propiedade dos utensilios perdera o seu poder actual, así protexeriamos o valor de uso das mercadorías contra o enriquecemento incapacitante. Mestres do decrecemento como Carlos Taibo falaría de sobriedade. Carosa tarefa nunha sociedade onde as persoas perdemos a confianza para moldar os nosos propios desexos. Eles veñen enlatados de fábrica e homologados nos estándares da produción. Cando nada temos somos miserabeis, cando temos pouco somos pobres, cando temos demais somos infelices e insolidarios.

Certamente o consumismo, alén de estar inducido polo poder como motor do sistema capitalista, reflicte unha creba comunitaria e persoal. Hoxe a construción da personalidade afinca máis ca nunca no estatus e é máis dependente ca nunca da amósega dun xeito de vida onde a propiedade é lei e onde ser pobre xa non o mide a pertenza a unha clase social senón que depende do mérito individual co conseguinte sentimento de culpa. Sentimento que conduce á epidemia de doenzas psíquicas que van dende a ansiedade á depresión.

Así nace a aporofobia ou odio ao pobre. A obsolescencia nútrese desta fobia mentres que a alargascencia axuda á combater.

O veleno do consumismo abriuse coa explotación da muller no téxtil e os primeiros grandes almacéns para engordar o emporio da moda. Unha moda que aliena ainda máis á muller destinada ao rol da aparencia física.
 Xa dicía o grande pedagogo Herminio Barreiro que as modas son instrumentos de alienación ideolóxica disfrazados de liberación estética. Crearonnos a necesidade de ser alguén mediante o ter. E foron fagocitando todas as nosas vidas. Nunca antes a aparencia foi tan detrutora da nosa esencia. Nunca antes os medos se explotaron con tanto éxito comercial. A persecución ao diferente fixo de nós servos da homoxeneización. Entregados a lucrar á elite coa aparencia de igualdade que dá pasar de usuario a cliente.

O exceso de oferta, excedendo imperiosa e coactiva á demanda nas grandes superficies, róubanos o escaso tempo livre e así os centros de explotación global mudan en centros de ocio para educar na obsolescencia programada ás novas xeracións. A lonxanía destas superficies comerciais obríganos a usar o vehículo e arrédanos dos cascos antigos das cidades. É a alienación centrífuga que fecha o comercio local e crea minicidades gobernadas polas multinacionais. Que pasará cos novos clientes que só mercan online? Conseguirán as multinacionais movelos para recoller o mercado a distancia ou será a entrega a domicilio o novo nicho de mercado? Serán máis compulsivos os clientes online como parecen selo os xogadores que se agochan nos fogares dificultando as estadísticas de ludopatía?.

A alargascencia vén recuperar non só a vida dos utensilios e ferramentas senón tambén as nosas vidas de barrio. Alongar a vida duns zapatos, dun móbil ou dun eletrodoméstico alonga a un tempo as nosas vidas facéndonos  solidarios cos territorios do Sur global que sofren da explotación de recursos naturais e humanos,  reduce os vertedoiros innecesarios e axuda a frear o cambio climático.  Recuperemos a economía colaborativa que abrangue unha morea de posibilidades. Compartir ferramentas entre veciños como se facía de sempre nas aldeas sería un exemplo así como ter un banco de  intercambio a nível municipal. As tendas de troco son outro xeito de evitar o low cost, a ser posibel locais para evitar todo o transporte e a impersonalidade que xera a venda online.

Mais todo isto non fará mudar o sistema de despilfarro e inxustiza global se non vai acompañado dunha toma de conciencia que nos cambie o sistema de valores. Temos que entender que o Low Cost non é Baixo Custe, que pagar tres euros por unha camiseta implica explotación, en moitos casos infantil, mala calidade e esgotamento e contaminación de recursos naturais non renovabeis para satisfacer un desexo fugaz ou tapar unha carencia emocional. Temos que entender que a alargascencia non só alonga a vida dos obxectos que nos rodean senón as nosas propias vidas. No mundo dos podómetros, cronómetros, reloxos intelixentes...ainda non foron quen de nos vender un ociómetro, un trebello que mida o tempo e a calidade do noso ocio e igual que as básculas nos avisan dos nosos excesos calóricos cun programa de adelgazamento que nos evite unha doenza asociada como diabetes, colesterol, cardiopatía... poidamos iniciar un programa de divertimento no que ir de compras ou reunirmonos no centro comercial para pasar o tempo non sexa a nosa relixión. Rebelémonos contra o deus Mercado. Desmercantilicemos as nosas vidas.

[*] Iolanda Teixeiro Rei, Activista ecoloxista e decrecentista. Unha das organizadoras do primeiro Congreso Galego de Decrecemento que tivo lugar en Ferrol, no mes de outubro deste ano 2018. Articulista e licenciada en Pedagoxía Social pola USC. Profesora de Tai Chi e Chi Kung en Ferrol. No facebook e no twitter. Artigos no Diario de Ferrol e Sermos Galiza.

Enviado por:
Iolanda Teijeiro
-iolandateixeiro@gmail.com-
26 de janeiro de 2020 22:26
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