Amosando publicacións coa etiqueta Syriza. Amosar todas as publicacións
Amosando publicacións coa etiqueta Syriza. Amosar todas as publicacións

xoves, febreiro 26, 2015

Syriza e Podemos, uma via cara ao poder do povo?, ... Por Eric Toussaint


Por Eric Toussaint [*]
27.02.2015


A experiência demonstra que os movimentos de esquerda podem chegar ao governo mas não chegam a conquistar o poder. A democracia ou seja o exercício do poder pelo povo e para o povo, requer muito mais. Hoje o problema coloca-se na Grécia com Syriza e no futuro surgirá na Espanha com o Podemos, se estes movimentos ganhassem as eleições gerais de finais de 2015. O problema colocou-se também na Venezuela a partir das eleições gerais ganhas por Hugo Chávez em 1998, na Bolívia com a de Evo Morales em 2005, no Equador com Rafael Correa em Dezembro de 2006, ou até algumas décadas antes com a eleição de Salvador Allende no Chile, em 1970. (1)

O problema surgirá para qualquer movimento de esquerda que chegue ao governo numa sociedade capitalista. Quando uma coligação eleitoral ou um partido de esquerda chega ao governo, não obtém o poder real porque o poder económico (que depende da posse e do controle dos grupos financeiros e industriais, dos grandes meios de comunicação privados, do grande comércio, etc.) permanece nas mãos da classe capitalista, ou seja do 1% mais rico, que até, com frequência é menos que o 1% da população. Assim, essa classe capitalista controla o Estrado, o poder judicial, os ministérios de Economia e Finanças, o banco central… Na Grécia e na Espanha como no Equador, Bolívia, Venezuela ou Chile, (2) um governo determinado a exercer mudanças estruturais reais deverá entrar em conflito com o poder económico para debilitar e acabar logo com o controle da classe capitalista sobre os grandes meios de produção, de serviços, de comunicação e sobre o aparelho de Estado.

Façamos uma comparação histórica. Em 1789, graças à Revolução Francesa, a burguesia tomou o poder político em França, mas já tinha o poder económico. Antes de conquistar o poder político, os capitalistas franceses eram os credores do rei de França e os proprietários das principais fontes de poder económico (a banca, o comércio, as fábricas e uma parte da terra). Depois da conquista do poder político, expulsaram do Estado os representantes das antigas classes dominantes (nobreza e clero), dominaram-nas ou fundiram-se com elas. O Estado transformou-se numa máquina bem oleada ao serviço da acumulação de capital e dos seus benefícios.

Ao contrário da classe capitalista o povo não tem capacidade para tomar o poder económico se previamente não aceder ao governo. Que o povo repita a ascensão progressiva para o poder que os burgueses realizaram no marco da sociedade feudal ou da pequena produção mercantil é impossível. O povo não acumula riquezas materiais em grande escala, não dirige empresas industriais, bancos ou grande comércio e outros serviços. É a partir do poder político (ou seja, do governo) que o povo pode conseguir a transformação da estrutura económica e iniciar a construção de um novo tipo de Estado baseado na autogestão. Ao dirigir um governo, a esquerda tem acesso às fontes institucionais, políticas e financeiras com o fim de iniciar mudanças profundas a favor da maioria da população. A auto-organização do povo, a sua auto-actividade na esfera pública e nos locais de trabalho é condição sine qua non para o conjunto do processo.

Porque para realizar mudanças estruturais reais é fundamental por em marcha uma relação interactiva entre o governo de esquerda e o povo. Este último deve reforçar o seu nível de auto-organização e construir desde a base estruturas de controlo e de poder popular. Essa relação interactiva, dialéctica, pode tornar-se conflituosa se o governo duvidar em tomar as medidas que a «base» reclama. O apoio do povo às mudanças prometidas e a pressão que possa exercer são vitais para convencer um governo de esquerda a aprofundar o processo de mudanças estruturais que implicam uma redistribuição da riqueza a favor daqueles que a produzem. É também vital para assegurar a defesa de um governo desse tipo perante os credores, do antigo regime, dos proprietários dos grandes meios de produção, de governos estrangeiros. Para realizar as mudanças estruturais, primeiro deve acabar-se com a propriedade capitalista nos sectores-chave da economia como as finanças e a energia, transferindo-as para o sector público (serviços públicos sob controle dos cidadãos) assim como apoiando ou reforçando outras formas de propriedade com função social; a pequena propriedade privada (especialmente na agricultura, na pequena indústria, comércio e serviços), a propriedade cooperativa e a propriedade colectiva baseada na livre associação (3).

Em dois dos três países sul americanos já mencionados (na Venezuela entre 2002 e 2003 (4) e na Bolívia entre 2006 e 2008 (5) o governo esteve em conflito aberto com a classe capitalista (6) mas as mudanças estruturais decisivas no plano económico ainda não foram realizadas. Essas sociedades continuam a ser claramente capitalistas (7) Evidentemente tem havido avanços reais a favor do povo como a adopção nos três países de novas constituições após uns processos constituintes profundamente democráticos (eleição por sufrágio universal de uma assembleia constituinte; elaboração de uma nova constituição adoptada pela assembleia constituinte após um amplo debate nacional, referendo de aprovação da nova constituição); uma ampla recuperação pelo controle público dos recursos naturais; (8) um aumento de impostos sobre os mais ricos (especialmente no caso do Equador) e sobre as grandes sociedades privadas nacionais ou estrangeiras; uma significativa melhoria dos serviços públicos; uma redução das desigualdades sociais; um reforço dos direitos dos povos originários; a recuperação da dignidade nacional perante as grandes potências, em particular perante os Estados Unidos.

Não poderemos compreender a política desses países se não consideramos as importantíssimas mobilizações populares que sofreu a sua história. No Equador, quatro presidentes de direita tiveram de fugir, deixando o poder entre 1997 e 2005 graças às mobilizações da população. Na Bolívia, houve importantes lutas contra a privatização da água em Abril do ano 2000 e nos finais de 2004. As mobilizações em torno da privatização do gás em Outubro de 2003 fizeram cair e fugir (para os Estados Unidos) o presidente Gonzalo Sanchez de Lozada. Na Venezuela houve desde 1983 importantes mobilizações que inauguraram as grandes lutas sociais contra o Fundo Monetário Internacional, que sacudiram o planeta nos anos 1990 e no início dos anos 2000. Houve também acontecimentos mais espectaculares com as enormes mobilizações populares de 12 de Abril de 2002, manifestações espontâneas para repudiar o golpe de Estado contra Hugo Chávez. Essas mobilizações tiveram como efeito o regresso de Hugo Chávez ao palácio presidencial de Miraflores, desde 13 de Abril de 2002.

Enquanto as mudanças políticas democráticas nesses três países são sistematicamente silenciadas na imprensa dos países mais industrializados, uma campanha de difamação, também sistemática, é orquestrada com o fim de apresentar esses chefes de Estado como dirigentes populistas autoritários.

As experiências desses três países andinos, em termos de adopção de novas constituições, são muito ricas. Deveriam inspirar os povos e as forças políticas de outros países. Basta comparar a situação da Europa com a ausência de um procedimento democrático na adopção do Tratado constitucional em 2005 ou do TSCG em 2014. Embora as experiências da Venezuela, Bolívia e Equador apresentem contradições e limites importantes que devemos analisar (9).

As grandes movimentações populares são um factor decisivo na existência e sobrevivência dos governos de esquerda. Poderíamos assim falar também das grandes mobilizações populares de 1936 na França que levaram Leon Blum — que se teria contentado em «gerir honestamente» a casa da burguesia — a iniciar verdadeiras medidas de esquerda, sem esquecer as mobilizações na Espanha no mesmo período, ou as que, em grande parte da Europa, se seguiram à II Guerra Mundial.

Voltamos a Syriza e Podemos

Se os governos, dirigidos actualmente por Syriza e amanhã por Podemos, querem realmente romper com as políticas de austeridade e de privatizações que se sucedem actualmente por toda a Europa entrarão imediatamente em conflito com as grandes forças conservadoras tanto a nível nacional como a nível europeu. E isso apenas pelo facto de afirmar que o seu governo deva aplicar as medidas que ditam à população que recusa massivamente a austeridade. Syriza agora, Podemos amanhã, encontra dura oposição nas instâncias europeias, na maioria dos governos na União Europeia, assim como nos dirigentes e nos grandes accionistas das principais empresas privadas, sem esquecer o FMI.

Mesmo autolimitando o seu programa de mudança Syriza continuará com forte oposição, já que, enfrenta as classes altas e as instâncias europeias (intimamente ligadas e solidárias) que querem levar ainda mais longe o maior ataque coligado, no âmbito europeu, contra os direitos económicos e sociais dos povos, sem esquecer a vontade de limitar fortemente o exercício dos direitos democráticos (10).

É ilusório pensar que se podem convencer as autoridades europeias e o patronato das grandes empresas (principalmente financeiras e industriais) a abandonar o curso neoliberal reforçado desde 2010. Lembremos que François Hollande e Matteo Renzi, que propõem timidamente afrouxar o cinturão da austeridade, procuram ao mesmo tempo aplicar o modelo alemão nos seus respectivos países. Uma precarização mais acentuada dos direitos de negociação colectiva e de protecção das conquistas dos trabalhadores (11). Esses não são os aliados de Syriza agora nem do Podemos amanhã.

Devemos também considerar outro elemento, quando se compara a situação do governo de esquerda da Grécia actual (ou outro amanhã) ao que encontraram Hugo Chávez (a partir de 2000), Evo Morales ou Rafael Correa. A partir de 2004, o importante aumento dos preços das matérias-primas (petróleo, gás, minérios…) que esses países exportavam permitiu aumentar fortemente a receita fiscal, que foi utilizada para por em marcha vastos programas sociais e grandes projectos de investimentos públicos. Os governos desses três países andinos aplicaram um projecto que poderíamos chamar neokeynesiano em evolução (12), grandes investimentos públicos, aumento do consumo popular; aumento dos salários baixos; nacionalizações (no caso da Venezuela e da Bolívia) compensadas por generosas indemnizações aos proprietários nacionais ou às sedes estrangeiras.

A parte mais pobre do povo teve uma melhoria considerável das suas condições de vida, a infra-estrutura desses países também melhorou e os lucros dos capitalistas locais não foram afectados no sistema financeiro, os lucros privados até aumentaram.

Evidentemente um governo de esquerda num país periférico da União Europeia não poderá dispor da mesma margem de manobra dos governos desses três países andinos. Os países europeus da periferia estão esmagados por uma dívida impossível. As autoridades europeias pensam exercer toda a pressão possível como mostra a reacção do Banco Central Europeu perante a Grécia no início de Fevereiro de 2015.

A conclusão que se impõe é que não haverá caminho fácil para iniciar um programa económico e social que quebre a austeridade e as privatizações. Os governos de esquerda deverão desobedecer aos credores, às autoridades europeias e ao FMI (uns e outros se confundem), para serem fiéis às suas promessas eleitorais. Tem uma legitimidade e um apoio muito considerável, tanto no seu país como no âmbito internacional, demonstrando que em que grau a austeridade e as políticas europeias são rechaçadas. A recusa a pagar uma parte substancial da dívida constituirá um elemento-chave na estratégia do governo, (13) assim como a decisão de não continuar com as privatizações e restabelecer plenamente os direitos sociais que foram afectados pelas políticas de austeridade. Essa combinação é vital já que da parte dos credores já se levantaram vozes que propõem reduzir o peso da dívida da Grécia em troca da continuação da política da reforma ou seja de contra-reformas, de privatizações, precarização dos contratos de trabalho, dos direitos sociais, etc.).

Vemos como é difícil um governo de esquerda evitar a socialização do sector bancário (ou seja, a expropriação das acções privadas e transformar os bancos num serviço publico sob controle dos cidadãos), tomar medidas estritas de controlo de movimento de capitais, arrecadar o imposto sobre o património de 1% mais rico, recusar os empréstimos da Troika condicionados pela perseguição da austeridade e das privatizações, recusar o pagamento de uma dívida amplamente legítima, ilegal, insustentável a partir do ponto de vista do exercício dos direitos humanos, odiosa até. Um dos numerosos instrumentos de que dispõe um governo de esquerda para favorecer a participação e o apoio popular reforçando ao mesmo tempo a sua posição perante os credores, é a auditoria da dívida com uma participação popular activa, com o fim de identificar a parte da dívida que não deverá ser paga e que será necessário repudiar. A partir daí, tudo se tornaria finalmente possível.

Notas:

(1) Para a experiência chilena consultar Frank Gaudichaud, Chile 1970-1973. Mil dias que abalaram o mundo. Presses Universitaires de Rennes, 2013.

(2) Cuba teve um processo diferente do da Venezuela, Equador, Bolívia ou Chile, já que a esquerda chegou ao governo como consequência de ganhar uma luta armada de vários anos apoiada, na sua fase final, por um enorme levantamento popular (fins de 1958, primeiros dias de 1959). Veja-se entre outros, Fernando Martinez entrevistado por Eric Toussaint. «Do Século XIX ao século XXI: uma perspectiva histórica sobre a revolução cubana, publicada a 24 de Dezembro de 2014.http://www.europe-solidaire.org/spip.php?article33911

(3) Nos três países andinos citados e principalmente no Equador e Bolívia, é também fundamental manter as formas de propriedade tradicional dos povos autóctones (que mantêm, geralmente, um alto grau de propriedade colectiva.

(4) Na Venezuela, as batalhas mais duras lideradas pela direita começaram depois dos três primeiros anos do governo de Hugo Chávez, ou seja no início de 2002. Transformaram-se em lutas maiores como o golpe de Estado de Abril de 2002, a greve geral de Dezembro de 2002-Janeiro de 2003, a ocupação da praça Altamira em Caracas por generais revoltados e chefes da oposição política. Começou a perder força depois de Agosto de 2004, graças à vitória do não no referendo revocatório do presidente Chávez. Desde aí, a direita procura ocasiões para retomar a iniciativa, mas a sua capacidade de mobilização reduziu-se consideravelmente. Desde 2013, um sector importante da classe capitalista participa activamente na desestabilização do governo mediante a criação de uma situação de penúria de muitos produtos de primeira necessidade, como medicamentos, e o mercado paralelo de divisas (no mercado negro, o dólar troca-se a quase 10 vezes o seu valor oficial).

(5) Na Bolívia, a direita liderou verdadeiras batalhas em 2007 e 2008 depois de menos de dois anos do governo de Morales. Utilizou a violência várias vezes e escolheu uma estratégia de batalhas frontais em 2008. A vitória de Evo Morales no referendo revocatório de Agosto de 2008 com 67,43% dos votos não produziu uma redução da violência da direita. Pelo contrário, essa violência foi crescendo durante varias semanas depois do seu fracasso no referendo, especialmente porque se sentia capaz de reunir uma maioria em várias províncias chave do sul do país. Uma forte reacção do governo e a mobilização popular perante o massacre de partidários de Evo Morales na província de Pando (houve também a condenação internacional especialmente da UNASUR, que se reuniu em sessão extraordinária em Setembro de 2008 para dar apoio ao governo de Evo Morales) conseguiram provocar um armistício (provisório). Após um ano de boicote, a direita comprometeu-se a aceitar a organização do referendo sobre a nova constituição. Isso acabou numa nova vitória de Evo Morales em fins de Janeiro de 2009, a nova constituição foi aprovada por 62% dos votos. Em Outubro de 2014, Evo Morales foi reeleito com 61% dos votos.

(6) No Equador não houve um período de choque entre o governo e a classe capitalista no seu todo, embora houvesse tensões consideráveis em 2008, especialmente em Guayaquil, o principal porto do país
.
(7) Analisei o processo que se estava a desenrolar nesses três países no estudo «Venezuela, Equador e Bolívia, a via da história em marcha» publicado a 2 de Novembro de 2009 http://cadtm.org/Venezuela-Equateur-et-Bolivie-la. A versão impressa apareceu na revista Inprecorem 2009. Veja-se também Eric Toussaint O Banco do Sul e a nova crise internacional. El ViejoTopo, Mataró (Barcelona), 2008, que contem uma análise da evolução da Venezuela, Bolívia e Equador até inícios de 2008. Veja-se também a obra colectiva intitulada O Vulcão Latino-Americano Esquerdas, movimentos sociais e neoliberalismo na América Latina, publicada sob a direcção de Frank Gaudichaud por Textuel em Paris, em Abril de 2008.

(8) A Bolívia nacionalizou o petróleo e a produção de gás em 2008. Evo Morales enviou o exército para controlar os campos petrolíferos, mas as multinacionais continuam activas já que são as responsáveis pela extracção de petróleo e do gás embora o Estado seja o proprietário das jazidas.

(9) Veja-se a posição do CADTM sobre a relação do governo equatoriano com a CONAIE e outros movimentos sociais do país http://cadtm.org/carta-a-Rafel-Correa-Presidente, publicada a 19 de Dezembro de 2014. Desde o fim de 2014, o governo equatoriano retrocedeu e a CONAIE não foi expulsa da sede.

(10) Ver: http://cadtm.org/la-Union-Europea-conculca-las, publicado a 19 de Dezembro de 2014.

(11) Ver: http://cadtm.org/el-modelo-aleman-exportado-al publicado a 9 de Janeiro de 2015.

(12) O adjectivo «em evolução» refere-se às políticas que se realizaram no período 1940-1970 numa série de países latino-americanos. Essas políticas consistiam em que o Estado desse um apoio importante ao desenvolvimento económico, mas sob a sua direcção. Ver a definição dada pelo economista argentino Claudio Katz, em castelhano: http://katz.lahaine.org/?p=232

(13) Os governos da Venezuela, Bolívia e Equador podiam continuar com o pagamento da dívida ao mesmo tempo que desenvolviam políticas anti-austeridade porque o peso da dívida era sustentável do ponto de vista do orçamento. O Equador que suspendeu unilateralmente o pagamento de uma parte da sua dívida depois de ter realizado a sua auditoria, conseguiu derrotar os seus credores embora do ponto de vista financeiro, pudesse ter continuado a pagar a dívida na sua totalidade. O interesse de recusar o pagamento de dívidas ilegítimas, em poupar na arrecadação fiscal destinada ao pagamento da dívida e em troca utilizar esse dinheiro em benefício do povo, foi o que levou o governo equatoriano a tomar a decisão legítima de se negar a pagar uma parte da sua dívida. A Venezuela, que seguiu outra política esta presentemente confrontada com graves problemas de refinanciamento da sua dívida.

[*] Eric Toussaint, Doutor em Ciências Políticas pela Universidade de Liège e Paris VIII, historiador de formação, EricToussaint é o porta-voz do CDTM Internacional. Luta há muitos anos pela anulação da dívida dos países do Sul e das dívidas públicas ilegítimas do Norte. Foi membro da Comissão de Auditoria Integral da dívida do Equador (CAIC) iniciada em 2007 pelo presidente Rafael Correa. Nesse ano foi ainda conselheiro do ministro das Finanças e do presidente do Equador sobre à criação do Banco do Sul. Em 2008, foi conselheiro do ministro de Desenvolvimento Económico e de Planificação da República Bolivariana da Venezuela.

Publicado no jornal português O Diario que a sua vez o toma do jornal digital espanhol Publico. | 25.02.2015 e 12.02.2015

Tradução para O Diario de Manuela Antunes.
_____________________

Syriza, Podemos e un libro dos oitenta, ... Por David Rodríguez

Por David Rodríguez [*]
28.01.2015

Tiven o pracer de ser convidado por Anticapitalistas Galiza ao segundo día das súas xornadas sobre “Grecia e as resistencias á austeridade en Europa”. Nesa charla, Jorge Costa, ex deputado do Bloco de Esquerdas, explicou marabillosamente por que en Portugal, a diferenza de España e Grecia, non aparecera ningunha alternativa partidaria que recollese o descontento da xente: o Partido Socialista soubera mudar a pel, unha vez máis, para aparecer, con caras renovadas, como firme opositor ao memorando que el mesmo asinou. Isto é: en Portugal o recambio bipartidista continúa a funcionar a pleno rendemento.

Porén, ao reflexionar sobre os casos de Syriza e Podemos -os novos fenómenos políticos que puxeron, ou parece que van pór, o bipartidismo en cuestión tanto en Grecia como en España- un non pode máis que verificar a grande diferenza que separa a estes dous proxectos políticos. Se o primeiro é unha coalición de esquerdas con referentes e linguaxe bastante clásicas o segundo precisou crear toda unha neolingua que o afastase da súa identificación coa tradición da esquerda para conseguir converterse no que hoxe é.

Syriza e Podemos son hoxe dous partidos de masas. O primeiro é, coas súas contradicións, claramente de esquerdas. O segundo, non o sabemos. No primeiro, o recente acordo de Varoufakis/Tsipras co Eurogrupo está a provocar un debate intenso no que parte dos integrantes do Comité Central e algún deputado non ocultan a súa indignación polo que entenden unha claudicación que impedirá cumprir o programa electoral polo que foron elexidos. No segundo, a hipertrofia do líder carismático cunha relación de excepcionalidade coas masas provoca que o lifting (por dicilo suavemente) aplicado ao programa co que Podemos se presentou ás eleccións europeas apenas xerase controversia interna.

Como posible explicación desta diferenza, sostiven na charla referida que, se cadra, a causa habería que buscala no proceso de desideoloxización ao que foi sometida a sociedade española desde que o Partido Socialista se convertera no pau de palleiro que sostería o réxime do 78 practicamente até os nosos días.

En 1986 Santiago Alba Rico e Carlos Fernández Liria escribiron un estupendo opúsculo titulado “Dejar de Pensar” que eu recomendaría a todos os simpatizantes e militantes de Podemos. Un alegato antiposmoderno, é dicir, anti cháchara da fin das ideoloxías e os grandes relatos, en pleno felipismo que, sen dúbida, anunciaba lucidamente o que os seguintes trinta anos non farían máis que profundizar: o total desarme ideolóxico e político da sociedade española.

No prefacio de 2008 dese mesmo libelo (no bo sentido desta palabra), os autores dicían:
"Foi unha época indigna para a filosofía e o pensamento político. Por suposto que houbo moitos intelectuais que conservaron a decencia. Moitos conservaron incluso a súa intelixencia intacta. Pero a eles foi, precisamente, aos que se deixou de oír".
Na actualidade, tanto Santiago Alba Rico como Carlos Fernández Liria apoian o proxecto Podemos. Sen entrar en polémicas sobre se o laclaunismo é máis, menos ou igual de posmoderno que a terceira vía, agardemos, pois, que desta volta a decencia intelectual sexa conservada e non se deixe de oír, polo mal uso do "ruído plebiscitario" que todo o tapa, a quen mereza ser oído.

O Funambulista Coxo

Publicado o 27 de Xaneiro de 2015 no blogue:

ofunambulistacoxo.blogspot.com.

[*] David Rodríguez Rodríguez (Vigo, 1975), deseñador gŕafico, activista social, escritor e articulista. Membro do Consello Editorial de Altermundo. Mantén o blogue Ofunambulistacoxo desde o ano 2005. Militante de Anova-IN. É autor das obras de teatro radiofónico 'O Bambán' e 'Nunca me esquecerei de ti' (gañadora e finalista respectivamente do I e IV Premio de Teatro Radiofónico do Diario Cultural). Escribiu o poemario 'Lapidarias. Os versos escuros' e participou no libro colectivo 'Non conciliados. Argumentos para a resistencia cultural'. E a escolma
'Retomando a palabra. Das guerras culturais ao crac financeiro'.O 17 de xaneiro de 2015, abre un novo blogue baixo nome de Lecturas Coxas que son traducións propias de textos interesantes ... @Ofunambulista, podese-lle contactar en ofunambulista[arroba]gmail.com.
_________________

martes, xaneiro 20, 2015

A vitoria de Syriza sería o punto de partida da batalla contra as medidas de austeridade da Troika - A eurodiputada galega Lidia Senra participa nunha delegacións internacional de apoio a Syriza


Lidia Senra está participando na primeira das dúas delegacións internacionais de apoio a Syriza coordenadas polo GUE-NGL. | "A vitoria de Syriza sería o punto de partida da batalla contra as medidas de austeridade da Troika". | Sanidade e educación, os dereitos sociais máis duramente atacados polas medidas de austeridade impostas pola Troika en Grecia.


Finalizou a primeira das dúas delegacións parlamentarias desprazadas a Grecia polo Grupo Confederal da Esquerda  Unitaria Europea-Esquerda Verde Nórdica (GUE-NG) en apoio a Syriza.

A eurodeputada de Alternativa Galega de Esquerda en Europa (AGEe) Lídia Senra, xunto ca presidenta do GUE-NGL Gabi Zimmer (Die Linke), a eurodeputada portuguesa do Bloco de Esquerdas Marisa Marías e o eurodeputado alemán Stefan Eck (independente), son as persoas integrantes desta primeira delegación.

Durante esta visita, aliás de coñecer de primeira man a situación do pobo grego, a participación en espazos con medios de comunicación e o mantemento de xuntanzas con representantes da formación política de esquerdas Syriza, as eurodeputadas do GUE-NGL mantiveron contactos con representantes sindicais que lles trasladaron unha análise pormenorizada das nefastas consecuencias que para a poboación grega están a ter as medidas de austeridade impostas pola Toika no país heleno.

Dende Atenas, Senra salienta que "a educación e a sanidade son dous dos sectores máis duramente golpeados polos recortes da Troika en Grecia". "Mantivemos unha xuntanza cun dos sindicatos de profesoras e profesores, onde puidemos constatar a terríbel situación de deterioro da ensinanza no país logo do despido de máis de 10.000 traballadoras e traballadores dende o ano 2009", relata a eurodeputada galega. E a esta forte redución do profesorado cómpre engadirlle tamén que "hai milleiros de profesoras e profesores que non están despedidos pero que se atopan en situación de 'suspensión', polo que as escolas non contan con persoal abondo".

A nivel sanitario, "están pechados case todos os centros de asistencia primaria", constatou, sendo moi admirábel a reacción do pobo grego, que foi quen de crear un servizo de clínicas de asistencia sanitaria social autoxestionadas para non deixar desatendida a ningunha persoa. "A sociedade organizouse e constituíu unha rede de clínicas de saúde por toda Grecia, dezasete delas en Atenas, que funcionan grazas á forte implicación da xente. Teñen tamén unha farmacia solidaria, subministrada a base de doazóns de medicamentos, e a onde acoden aquelas persoas que non poden pagar os tratamentos".

Xunto co resto da delegación internacional do GUE-NGL, Lídia Senra participou en varios actos da campaña electoral de Syriza en distintos barrios de Atenas. Tamén tivo a posibilidade de se  reunir con mulleres empregadas na limpeza do Ministerio de Economía grego, que levan xa 259 días en folga, acampadas diante desta institución, "dando a batalla pra que se manteña o emprego público na limpeza dos edificios gubernamentais". 

Dende Atenas, a eurodeputada de AGEe valorou tamén que, en relación á situación de ataque aos dereitos sociais por parte das medidas de austeridade impostas dende a UE, "aquí a destrución dos servizos públicos está máis avanzada, pero na Galiza  tamén vemos como as políticas de austeridade atacan fortemente á ensinanza e á sanidade, como cada vez máis persoas teñen dificultades para acceder aos servizos sanitarios, como despiden cada vez máis mestres e mestras, non se cobren as prazas do profesorado xubilado, etc." Neste senso, "é moi de valorar o esforzo e a decisión do pobo grego, que está organizado en base a redes de solidariedade para que ningunha persoa teña que padecer esta cruel crise en solitario" .

Para Senra, a vitoria de Syriza en Grecia, "é moi importante porque entendemos que vai iniciar un camiño para darlle a volta ás políticas da Unión Europea, por iso estamos aquí, porque pensamos que será o punto de partida da batalla contra as políticas de austeridade que estamos dando os pobos de Europa en xeral, e do sur en particular, para poñer os dereitos das persoas por diante dos intereses do Capital".

Aliás, Aternativa Galega de Esquerda en Europa quixo tamén expresar o seu pleno apoio a Syriza no proceso electoral en curso participando nunha campaña internacional de apoio por parte de distintas organizacións políticas da esquerda europea.

A eurodeputada de AGEe fixo parte desta campaña destacando a esperanza de que a vitoria de Syriza en Grecia sexa "a vitoria de todos os pobos do sur de Europa que estamos a sofrer as consecuencias dunha débeda que está a destruír os nosos servizos públicos, os nosos postos de traballo, que está a destruír as nosas vidas"[1], e desexou "todo o mellor para a vitoria de Syriza e a vitoria de tódolos pobos de Europa".

Atenas, 19 Xaneiro 2015.


[*] Lidia Senra, eurodiputada, da Alternativa Galega de Esquerda en Europa, no Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde.

Máis información:
Lídia Senra, eurodeputada de Alternativa Galega de Esquerda en Europa-GUE/NGL | Tlf: 609 845 861 lidia.senra@europarl.europa.eu |

Información baseada na enviada por:
AGEe Europa
-ageeneuropa@gmail.com-
19 de janeiro de 2015 18:43
__________________________

martes, xullo 23, 2013

Congreso fundacional de Syriza, ... Por Amelie Poinssot (Mediapart) e Stathis Kouvélakis (Contretemps) - Artigos de moito interese para os procesos políticos que estamos vivindo na Galiza


Syriza acaba de celebrar o seu Congreso fundacional que marca un punto de inflexión na evolución desta, até o de agora, coalición electoral que acaba de constituírse como partido unificado nun contexto político, externo e interno, preñado de contradicións. Os artigos de Amelie Poinssot (Mediapart) e Sthatis Kouvélakis (Plataforma de esquerdas" de Syriza) permítennos achegarnos ao que deu de si este congreso.


Os múltiples desafíos da nova Syriza

O 12 de xuño de 2012, Syriza fíxose coa segunda praza nas eleccións lexislativas. O 27% dos votos e os 72 escanos obtidos na Asemblea Xeral de Grecia, foron toda unha sorpresa en Europa. Co paso do tempo, a sorpresa creceu máis aínda: segundo os institutos de sondo, a esquerda radical oscila entre o 20 e o 28% de intención de voto, pisándolle os talóns a Nova Democracia (partido no poder). Estes resultados son tanto máis sorprendentes despois de que, desde a súa creación en 2004, Syriza non lograra pasar mais que do 4% ao 5% nas eleccións. Aínda que unha parte deste éxito electoral pode ser interpretada como unha forma de rexeitamento ás políticas de austeridade, o certo é que en só unha década esta formación, malia as súas contradicións internas ligadas á súa constitución, destacou no escenario político grego. Syriza está composta, orixinalmente, por unha coalición de diversas formacións da esquerda e da extrema esquerda, de ex-comunistas prol-europeos, maoístas, trotskistas e, tamén, por ecoloxistas radicais: unha constelación que foi obxecto de diversas críticas por parte das súas detractores.

Con todo, estes días Syriza sufriu un cambio de imaxe: a esquerda radical realizou o seu "congreso fundacional" na metrópoles ateniense, no que os seus diferentes compoñentes disolvéronse para fundar unha nova estrutura, a "Syriza-EKM" (EKM siglas en grego de "Fronte Social Unitario"). Unha etapa decisiva na historia deste novo partido, xa que todos os seus compoñentes acordaron un programa político común, uns novos estatutos, unha imaxe común cara ao exterior máis homoxénea, máis coherente co seu electorado e fronte aos seus adversarios. Durante catro días, no centro de congresos de Palio Phaliro, a pouca distancia do Pireo, 3.500 delegad@s intercambiaron puntos de vista antes de votar a declaración de principios do partido, a elección dun novo comité central e a reelección de Alexis Tsipras para a presidencia.

Nesta declaración de principios, Syriza reafírmase nos seus fundamentos, "un partido fundado sobre o pensamento marxista e a longa historia do pensamento emancipatorio, que trata de avanzar tendo en conta todo este importante aporte teórico", e nos seus obxectivos: "cambio democrático do sistema político, organización dunha sociedade baseada na propiedade e a xestión social dos medios de produción, acabar coa dominación das forzas neoliberais e anulación dos memorandum de austeridade". Aquí atopamos as grandes liñas do seu programa, a saber, a paralización da privatización dos servizos públicos, a garantía do acceso a bens comúns fundamentais como a auga, a educación, a sanidade, ... A instauración dunha renda básica, e axudas para toda a xente desempregada do país (actualmente a duración máxima de indemnización por desemprego é dun ano para quen traballen a xornada completa).

Para financiar todo isto, o partido propón a posta en marcha dun novo sistema fiscal, máis xusto e eficaz, que afectaría ás fontes de riqueza até agora protexidas, como as propiedades da Igrexa, así como relaxar a presión presupuestaria que está padecendo Grecia a través dunha renegociación da súa débeda co obxectivo de anular unha parte e poñer en moratoria o resto.. De forma máis xeral, o partido defende unha política de recuperación, baseada no aumento do gasto social e o apoio á produción, en particular no sector agrícola, seguindo unha política de protección do medio ambiente e de desenvolvemento sostíbel.

Entre as e @s delegad@s, a maior parte veñen da vella garda da esquerda grega. Pero tamén atopamos a mozas e mozos militantes. Syriza contaba con 14.000 membros antes das eleccións do ano pasado... Hoxe conta con máis do dobre: 35.000.

Athina Arvaniti daqueles que se uniron a Syriza logo das eleccións: "Eu atopei en Syriza ao único partido que permitiría cambiar as cousas, dar a volta ás políticas de austeridade e baterse por unha sociedade máis igualitaria, máis xusta. Non é que me recoñeza en todas as posicións do partido, pero é onde atopo unha razón para a loita e para a esperanza". Athina Arvaniti foi activista durante moito tempo nos movementos sociais. Reside no municipio portuari de Perama (antigo buque insignia do sector naval grego hoxe en creba). Formou parte das asembleas de base do seu barrio, un colectivo construído a partir da experiencia do movemento Indignados fai dous anos, e que traballa na recolleita e distribución de alimentos para axudar a decenas de familias necesitadas, mentres lles animan a loitar contra a política de austeridade.

Moi presente nas manifestacións, esta nai de familia non militara xamais nun partido político. Para ela, a súa adhesión a un partido non é un fin en si mesmo: "Aínda hai moito traballo que facer, fai falta que a xente se apropie do combate da esquerda, fai falta que a xente comprenda que debe mobilizarse e ¡deben facelo primeiro por si mesmos! Para isto, fai falta tamén que os membros e cadros do partido non se limiten ás palabras e estean máis presentes nas organizacións, os movementos, ... Syriza debe participar ademais nos procesos sociais".

Si Athina chama a unha maior presenza sobre o terreo, os membros de Syriza están, en realidade, moi implicados nos colectivos de solidariedade creados en numerosos barrios da metrópoles ateniense e noutras cidades do país. Algúns militantes impulsaron estruturas autosuxestionadas, como os dispensarios de medicinas básicas de Tesalónica: o partido non fixo publicidade disto, pero cada vez hai máis xente traballando sobre o terreo. Por encima de todo, o que se trata de cambiar é o seu tecido de simpatizantes: "O voto a Syriza era esencialmente urbano", explícanos o portavoz do partido, Panayotis Skourletis. "Agora, por primeira vez na historia, temos membros do partido nas zonas rurais. E os núcleos do mesmo crecen nas pequenas cidades de provincia". No sector de Corinto e a súa contorna, por exemplo, o partido conta hoxe con sete seccións, fronte a unha única coa que contaba fai un ano. En Arta, no noroeste do país, hai cinco seccións cando fai un ano só había unha.

Toda esta ola de adhesións, aínda que alegra aos membros históricos do partido, suscítalle, evidentemente, novos desafíos: estes novos militantes non teñen o mesmo pasado político, algúns veñen do Pasok (partido socialista) ou do KKE (partido comunista), outros apenas están politizados ... Moitas identidades diferentes poden influír na liña do partido. Se impune igualmente a pregunta sobre a súa representatividade: até o congreso, cada formación que compoñía Syriza tiña dereito a veto, o que excluía do proceso de decisión a todos estes novos militantes non membros de partidos preexistentes a Syriza. Aínda máis, os dirixentes asumían unha dobre función: eran ao mesmo tempo cadros na súa formación de orixe, e cadros no seo das instancias de Syriza.

"Por razóns funcionales, pero tamén por razóns democráticas, había que reformar os estatutos, explícanos Natacha Theodorakopoulou, membro do comité central, reelixida no congreso. O obxectivo é chegar a ser un partido máis representativo e mellor organizado. Isto non impide que sigamos sendo unha esquerda plural: as diversas tendencias continuarán existindo no partido?. Para o politólogo Georges Contogeorgis esta refundación ten tanto de cambio como de salto cara a adiante: ?Aínda que as organizacións compoñentes de Syriza son oficialmente disoltas, estas van seguir existindo no interior do partido, explícanos este universitario, moi crítico co sistema político grego. A mentalidade e a orientación de Syriza non vai cambiar fundamentalmente".

Entre as tendencias atopamos á "Plataforma de Esquerda" de Panagiotis Lafazanis. Nas reunións preliminares ao congreso, en decembro pasado, remarcou a necesidade dunha moción, apoiada pola cuarta parte dos delegados, que se caracterizaba por un programa económico máis radical que o que marcaba a liña maioritaria, e que non excluía, por exemplo, a saída da zona euro. Nesta ocasión presentou catro enmendas á declaración de principios do partido; enmendas que, aínda que non foron apoiadas pola maioría, si deixaron a súa pegada, por exemplo, no non recoñecemento da débeda e na proposta dunha negación absoluta a pagala: estas propostas transcenderon máis aló das súas propias filas. O domingo, para a elección do comité central, a lista da "Plataforma de esquerda" obtivo o 28% dos votos, conseguindo unha representación nada desdeñábel no seo do comité central.

Entre as correntes minoritarias, as opinións son, de feito, máis variadas sobre a nova forma de Syriza, algunhas ata profundamente contrarias: "Esta é unha tentativa de control, de centralización en detrimento do pluralismo que nos enriquecía". Repróchaselle a Alexis Tsipras o facer durante os últimos meses un discurso centrado máis nas organizacións que nas cuestións políticas, e de querer evitar as cuestións delicadas, por exemplo, a moeda única ou da negación do pago da débeda: "Até onde debe negociar Grecia o pago da débeda" Até alcanzar o escenario chipriota? Até que a débeda deteña o financiamento? O partido non di nada?, apunta Lafazanis. Os compoñentes reticentes á autodisolución, como o partido de Manolis Glezos, membro do Parlamento e da resistencia grega, experimentaron un forte crecemento nos últimos meses.

Alimentado polo medo de ver a Syriza transformarse nun partido monolítico e polos desacordos coa estratexia de Tsipras, as críticas multiplicáronse nas filas do partido, pero tamén entre os seus electores. Tsipras vai decepcionando desde que durante este inverno multiplicase as súas intervencións no estranxeiro e en diversas institucións internacionais: mantén un dobre discurso, radical en Grecia, pero moi centrista no exterior.

Outros, en cambio, defenden o rol que Syriza debe xogar no estranxeiro. É o caso da deputada Rena Dourou, convencida de que este congreso fundacional é internacional: "Grecia foi a cobaia da austeridade a nivel europeo, hoxe debe converterse no modelo dunha estratexia radical en términos de democracia e xustiza social". Numerosos delegados estranxeiros estiveron presentes no Congreso, por exemplo, procedentes do Front de Gauche francés...

Pero internamente, a cuestión dunha estratexia europea parece unha cuestión pouco importante no seo de Syriza, até cando estamos cada vez máis perto das eleccións de 2014. "¡Podemos ter eleccións antes!", teme Natacha Theodorakopoulou. De feito, as cuestións nacionais son múltiples, e hoxe tamén presionan: despois da pechadura brutal e unilateral da televisión pública o mes pasado, o goberno prepárase para votar no parlamento, a finais da semana, unha lei para aprobar, entre outras cousas, o despedimento de 4.000 funcionarios e a transferencia doutros 12.500. Así, os sindicatos do sector público e do sector privado convocaron unha folga xeral para mañá.

O xoves espérase ao ministro alemán de finanzas Wolfgang Schäuble, e o venres débese votar a lei para a creación dun novo medio audiovisual público que bloquea a entrada do persoal da antiga ERT... Fronte a un Goberno que non conta mais que co apoio de 155 deputados sobre 300, a esquerda radical debe xogar o seu rol como primeiro partido da oposición, e Alexis Tsipras debe reclamar, xa, a convocatoria de novas eleccións.

Pero Syriza non poderá evitar, tarde ou cedo, a delicada cuestión das alianzas políticas: por si mesma, e aínda cando as estimacións de voto son altas, non obtería a maioría necesaria. Á esquerda do Pasok, non hai máis nada que o ortodoxo partido comunista -hostil a calquera achegamento á esquerda radical- e Dimar ("Esquerda democrática"), nada fai tres anos dunha escisión... de Syriza.

15 de Xullo de 2013

Amelie Poinssot (Mediapart)

http://www.mediapart.fr/journal/international/150713/en-grece-lles-multiples-defis-du-nouveau-syriza


9+1 notas sobre Syriza tralo seu congreso fundacional

1. O congreso de Syriza desenvolveuse nun contexto de inestabilidade política crecente como consecuencia da crise que seguiu á pechadura da radiotelevisión pública (ERT) polo goberno de Antonis Samaras e a saída dese goberno dunha dos seus tres compoñentes (o partido da Esquerda Democrática -DIMAR). O novo goberno bipartito da Nova Democracia e o PASOK xa non pode contar máis que cunha maioría parlamentaria moi estreita (153 votos de 300), como mostrou a votación no Parlamento do 17 de xullo sobre o novo paquete de recortes presupostarios na función pública. Hai máis: a amplitude da reacción popular á pechadura de ERT marcou o fin da relativa apatía que reinaba na fronte social desde a votación do precedente Memorándum en novembro pasado. O bloque no poder sae indubidabelmente debilitado desta proba de forzas. A caída do goberno actual baixo a presión popular aparece como un obxectivo máis realista que fai algúns meses. Con todo, falta cruelmente unha estratexia e unha táctica que aborden frontalmente a cuestión.

A posición de Syriza segue estando desde este punto de vista a un nivel declarativo, marcado pola distancia entre unha retórica de conflito, pero vaga, e a liña concretamente seguida en momentos craves do enfrontamento social do último período (folgas abortadas ou rotas no metro, os estibadores e o ensino secundario debido a medidas requisitorias adoptadas polo goberno). En cada unha destas ocasións, a dirección de Syriza deu probas dunha gran prudencia, evitando todo obxectivo de desenvolvemento da protesta e culminando coa retirada do apoio á folga dos ensinantes que con todo estaba aprobada por máis do 90% en Asembleas excepcionalmente masivas.

2. Ao anunciar o congreso do partido en mayo, a dirección buscaba un único obxectivo: facer da constitución de Syriza como partido unificado a ocasión para "tomar as rendas", co obxectivo de marxinar á oposición interna e estabilizar unha forma partidaria en ruptura con aspectos decisivos da cultura política e organizativa da esquerda radical. Por dicilo doutra forma, o obxectivo era chegar moi rápidamente a unha "forma partido" tallada a medida para ancorar nas realidade organizativa unha liña de "recentramiento" que a dirección prosegue encarnizadamente desde o outono de 2012 -liña que se traduciu na confusión crecente das posicións de Syriza (e da súa percepción polos sectores sociais que lle conceden a súa confianza) sobre as cuestións crave (anulación dos Memorándum, débeda, saída do euro, rexeitamento ás privatizaciones) [1].

Para facelo, a dirección do partido impuxo un congreso ás alancadas (cun prazo de menos dun mes entre a publicación dos textos preparatorios e a votación nas seccións) e unha axenda enteiramente envorcada cara a cuestións internas, lonxe das preocupacións estratéxicas e dos imperativos de elaboración programática que unha conxuntura tan volátil como esta esixen.

Esta axenda "introvertida" estrutura-se ao redor de tres puntos craves:
  • a chamada cuestión das "compoñentes", cun ultimátum de dous ou tres meses máximo para a súa disolución no marco do proceso de "unificación" de Syriza [2].
  • un dereito de tendencia baleirado de contido, coa supresión das chamadas "listas separadas", forma desviada de designar a representación proporcional das minorías nas instancias.
  • a modalidade de elección do presidente do partido, polo congreso e non polas instancias de dirección (o comité central).
3.- Esta axenda interna só ten sentido a condición de ser situada no contexto máis amplo da percepción de Syriza polos representantes do bloque no poder e da evolución interna que coñece este partido desde fai un ano.

Para os medios e as forzas políticas sistémicas, as "compoñentes" e as "tendencias" de Syriza, a súa famosa "cacofonía", son a forma codificada de designar o radicalismo de Syriza, que esas "tendencias" encarnan fronte a unha dirección (encarnada por Tsipras) que representa o "realismo" e a liña do recentramento. A dirección, e máis en particular Tsipras, está xa que logo sometida a unha presión constante proveniente do sistema para que "faga limpeza" no partido e afirme a súa autoridade ("Tsipras, curta cabezas" é unha das esixencias preferidas dos comentaristas mediáticos autorizados...) librándose das voces discordantes. Son branco particular as voces que lle critican pola súa esquerda e que son presentadas como outros tantos obstáculos á "imaxe" de Syriza como "partido responsábel de goberno".

No seo mesmo de Syriza, os extraordinarios éxitos electorais da primavera de 2012 traducíronse nunha dinámica contradictoria. Dun lado, unha ola significativa de afiliación (o número de afiliados duplicouse máis ou menos nalgúns meses e alcanzou actualmente os 35.000), así como éxitos en certos sectores, máis en particular no movemento sindical, punto débil tradicional de Syriza -éxitos relativos con todo na medida en que a influencia sindical segue sendo significativamente inferior á do PC grego (KKE), que só conseguiu menos do 5% dos votos -ao redor a sexta parte que Syriza. Pero esta ola ten tamén outro aspecto, bastante máis ambiguo. Nunha sociedade traumatizada pola depresión económica e formada por decenios de "partitocracia" (o "sistema" forxado por Nova Democracia e o PASOK que se alternaron no poder desde a caída dos coroneis en 1974), a adhesión a un partido que aparece como ás portas do poder pode tamén ter a significación da reconstitución dunha relación clientelista, á que se engade unha relación de obediencia ao líder carismático. Si este fenómeno está aínda lonxe de ser maioritario, non deixa de alterar de forma xa significativa a composición do partido e alimenta de forma esencial a proliferación de "afiliados pasivos", que non se manifestan máis que o día das votaciones para o congreso e cuxos lazos coa organización baséanse principalmente nas relacións persoais que manteñen cun ou varios cadros locais.

4. Este fenómeno, en parte espontáneo e perfectamente previsible para quen estea ao tanto das realidades gregas, foi con todo claramente impulsado, en nome da necesaria "ampliación", pola dirección do partido a partir do outono de 2012. As decisións tomadas a partir dese momento -ausencia de toda verdadeira estratexia de intervención militante e de construción do partido, decisión de congreso ou de conferencias nacionais organizadas a fume de carozo, cun número de delegados enorme, semellante ao das instancias nacionais ou federales, constitución de poderosas redes de tipo persoal ao redor de certos cadros dirixentes (en xeral tamén parlamentarios) -conducen inevitablemente a un partido de tipo "recolle-o todo", un catch-all party como din os politólogos que seguen a Kirchheimer. Noutros términos, un partido electoralista, de vida interna atrofiada, principalmente soldado ao redor do seu líder e dun discurso que vén de arriba, principalmente dirixido -vía os medios- a unha "audiencia nacional", pero sempre modulado de forma que guste aos diversos "públicos" (máis "radical" e  "lírico" cando se dirixe á militancia, máis "sobrio" e "pragmático" cando se trata de reunirse con Schaüble ou o FMI).

5. Os aspectos máis problemáticos do congreso fundador deste "novo Syriza", partido xa unificado, derivan destas tendencias profundas, que conducen á súa mutación en "partido de goberno" de tipo xestionario: un número de votantes desproporcionado en relación ao dos participantes nas discusións internas, un corpo inxestionábel de 3.500 delegados, ausencia de discusión estructurada nas dúas primeiras xornadas (nas que os delegados podían tomar a palabra), ausencia de informe de actividade das instancias salientes, discurso de apertura de Tsipras adaptado ás esixencias dun mitin electoral e non ás da instancia deliberativa do partido.

A isto veu-se a engadir o clima particularmente agresivo respecto de a oposición interna (reagrupada na Plataforma de Esquerdas [3]) que culminou a noite da última sesión do congreso, nas votaciones sobre a representación sobre os tres puntos que afectaban ao funcionamento interno sobre os que se había focalizado a discusión (disolución das compoñentes, representación das tendencias e modo de elección do presidente do partido). Houbo escenas chocantes para un congreso da esquerda radical (representantes da Plataforma de Esquerdas abucheados, "peinetas", insultos, con Tsipras aplaudido cada vez que subía á tribuna antes até do comezo das súas intervencións), que levaron á saída da sala dos delegados da Plataforma de Esquerdas e dun número significativo de delegados da maioría.

6. Cal é o balance do congreso? Desde o punto de vista do contido programático e da elaboración estratéxica, moi escaso, incluso inexistente. Os documentos adoptados limítanse a repetir, a miúdo ao pé da letra, as formulacións adoptadas (aí tamén de forma máis ben expeditiva) na conferencia nacional do pasado novembro. De todos os xeitos, eses textos de compromiso, trufados de formulaciones alambicadas e ambiguas, non foron verdaderamente difundidos ou apoiados públicamente pola fracción maioritaria da dirección, que se apresurou a proporcionar "interpretacións" de acordo coa liña do "recentramiento" e do "realismo".

Así, en decembro pasado, apenas algúns días logo da conferencia nacional que confirmara a posición de Syriza en canto á anulación inmediata dos Memorándum por votación parlamentaria en caso de vitoria electoral, os responsábeis da cuestións económicas, e principais figuras da dirección logo de Tsipras, se descolgaron con declaracións nos medios para precisar que Syriza "non actuaría de forma unilateral", evitando sistemáticamente utilizar os términos de "anulación" ou de "derrogación", reemplazados por referencias tranquilizadoras á "negociación" con "os nosos socios europeos". O propio Tsipras multiplicou as declaracións "conciliadoras" deste tipo, en particular nos seus desprazamentos ao estranxeiro, máis en particular a Alemania, onde se reuniu con Schaüble, e aos Estados Unidos, onde se entrevistou con representantes do Departamento de Estado e do FMI.

7. A Plataforma de Esquerdas intentou dar un contido político a un debate programático case inexistente e presentou catro enmendas que afectaban aos puntos estratéxicos máis sensibles: débeda (posta en cuestión da lexitimidade da débeda como tal, denuncia dos acordos existentes e recurso si fose necesario ao cese do pago para obter a súa anulación); eventualidade de saída da zona euro (opción válida que se trata de preparar seriamente si, ou máis ben cando, un goberno Syriza se atope, como o de Chipre, confrontado ao chantaxe da UE e do BCE); nacionalización do sector bancario na súa totalidade, compromiso claro de anular o conxunto das privatizaciones en curso e renacionalización baixo control popular de sectores estratéxicos da economía (telecomunicaciones, enerxía, infraestruturas viarias e aeroportuarias); estratexia de alianzas reafirmando a liña dun goberno de esquerdas antiausteridade, con exclusión de apertura ao "centro" ou ás forzas da dereita soberanista. O conxunto destas enmendas foi rexeitado, pero recolleu entre un terzo e un 40% dos votos, sendo as enmendas sobre a débeda e o euro as que recibiron o apoio máis amplo. Neste sentido, pode-se dicir que, sobre a cuestión da liña política, a dirección puido impoñer o seu punto de vista.

8. Con todo, respecto dos obxectivos que se fixou, este congreso representa un serio revés. A axenda en tres puntos evocada anteriormente e focalizada na "posta en orde" do interior do partido, saíu malparada neste momento fundador do "novo Syriza".

Sobre a cuestión da disolución das compoñentes, e do ultimátum que lles estaba dirixido, a dirección terá que resignarse a un compromiso (a formulación adoptada fala de "disolución nun prazo razoable e tras un acordo") como consecuencia da actitude extremadamente firme de Manolis Glezos. Figura emblemática da Resistencia, que goza dun prestixio inmenso e dunha estatura de heroe nacional, Glezos non se contentou con defender o dereito das compoñentes a preservar a súa autonomía. atacou a Tsipras de forma directa e persoal, rexeitado con forza o modelo dun partido "presidencialista", minando así a autoridade moral e simbólica da dirección e do seu líder.

Sobre a cuestión da representación das minorías, a maioría puxo todo o seu peso na balanza, exercendo o que pode ser cualificado dun golpe de forza, levado a cabo por Tsipras en persoa: tras propoñer un sistema que concedía, mediante un subterfuxio "técnico", unha vantaxe automática á lista maioritaria, o bloque maioritario impuxo ás tendencias (minoritarias) que quererían presentarse como tales a obrigación de constituír listas separadas, figurando en papeletas diferentes.

Foi suprimida a posibilidade existente até agora de elixir, nunha mesma papeleta, unha lista e logo engadir, con certos límites, candidatos presentados nas diferentes listas. En canto á lista maioritaria, non se presentou como unha lista de tendencia, ou dun acordo entre tendencias (o que con todo é), senón como a "lista unificada", simple adición de candidaturas individuais representando á "diversidade do partido" como tal. Tratábase de forma evidente de facer aparecer ás minorías como un "corpo estranxeiro", simplemente tolerado, e dar á lista maioritaria un estatuto simbólico de detentador único da lexitimidade partidaria.

A operación, con todo, volveuse contra os seus inspiradores. En lugar de debilitarse, a Plataforma de Esquerdas reforzaron-se sensiblemente (ver máis adiante) e, axudada pola presenza de pequenas listas "independentes", fixeron que a lista maioritaria quedase no 67,5%, é dicir, sete puntos menos que na conferencia nacional de decembro pasado.

En fin, sobre a cuestión da elección do presidente polo congreso, a dirección saíu gañando, pero ao prezo de adoptar nos estatutos unha disposición "flexible" que autoriza a cada congreso a decidir libremente sobre o modo de elección do presidente. Sen sorpresas, este congreso pronunciouse a continuación a favor da elección directa do presidente. Pero na votación mediante escrutinio secreto, Tsipras realizou o que pode ser considerado como o contrario dun éxito, totalizando o 72% dos votos (74% das papeletas válidas, expresando os votos nulos na súa case totalidade diversas formas de rexeitamento do procedemento e/ou da persoa de Tsipras).

9. Con todo, pode-se considerar que a principal contrariedade da dirección atopa-se no reforzo da Plataforma de Esquerdas, que franqueou o limiar simbólico do 30%, é dicir un progreso de perto de 5 puntos en relación á conferencia nacional de novembro pasado (30,16% vs 25,6%), e isto nun marco altamente conflictivo, enteramente preparado co obxectivo de obter a súa marxinación. Non hai dúbida algunha de que o clima de intimidación suscitou unha forte resistencia entre unha parte dos delegados, máis aló das filas de quen apoiaran de entrada as posicións da Plataforma.

O resultado causou un verdadeiro choque no seo da dirección, que evitou calquera comentario oficial (os seus representantes volveron-se invisíbeis desde o anuncio dos primeiros resultados). A prensa e os medios mostran un nerviosismo manifesto nas filas maioritarias, aínda que, dunha forma xeral, intentan tratar ben a Tsipras. Os interrogantes vólvense cada vez máis apremiantes en canto á liña que seguirá no período que se abre, procura de compromisos ou continuidade do enfrontamento interno, a risco esta vez de provocar unha crise interna prolongada.

Pola súa banda, a Plataforma de Esquerdas fixo público por primeira vez un comunicado diferenciado precisando que o seu esforzo por obter a "radicalización e o anclaxe na esquerda de Syriza e pola unidade do conxunto da esquerda radical proseguía en mellores condicións". Signo de que o seu éxito é comprendido como un impulso para despregar a súa intervención de forma aínda máis visíbel no seo do partido e até máis aló.

9 1. En conclusión, pódese dicir que este congreso fundacional creou, sen dúbida, máis problemas dos que resolveu ou intentou resolver. Constituído xa en partido unificado, dotado de estatutos, de documentos de carácter programático e dunha dirección elixida, Syriza continua aparecendo, con todo, como un partido profundamente dividido sobre cuestións estratéxicas fundamentais, que están no centro do debate nacional e europeo. É evidente que a confrontación entre os partidarios dunha formulación "realista", preocupados por acceder ao poder "en frío", de non romper co marco europeo e de ter boas relacións cos sectores estratéxicos das forzas dominantes, e os que suscitan o enfrontamento aberto e a ruptura co marco actual da UE, afecta ao corazón das cuestións que se suscitan hoxe á esquerda radical do Vello Continente. A achega esencial de Syriza, e da dinámica que soubo crear na primavera pasada, é saber suscitar no seo da esquerda radical a cuestión dunha alternativa de poder en términos concretos. Queda por saber si lograr este obxectivo farase a costa da radicalizade ou si se sumara a longo prazo lista de experiencias da esquerda de goberno que se atascou rápidamente nas areas da xestión do sistema. Sen dúbida, o congreso de Syriza sería útil en que polo menos permitiría formular os términos do problema dunha forma máis clara e máis facilmente perceptíbel polas forzas sociais e políticas comprometidas cun proxecto emancipador.

18 de Xullo de 2013

Stathis Kouvélakis
(Contretemps) [*]

http://www.contretemps.eu/interventions/91-remarques-sur-syriza-après-son-congrès-fondateur


Notas

[1] Sobre a evolución de Syriza é interesante o artigo de Baptiste Derickebourg, "Tomar o poder sen perder a súa alma" na entrega de xuño pasado de Le Monde Diplomatique así como o texto de Philippe Merlière, "Alexis Tsipras entre radicalisme et réalisme" en http://blogs.mediapart.fr/blog/philippe-marliere/220313/alexis-tsipras-entre-radicalisme-et-realisme

[2] Desde 2004, data da súa creación, até a conferencia nacional do pasado novembro, Syriza existía como alianza entre unha ducia de compoñentes distintas, que cubrían a case totalidade do espectro da esquerda radical. A máis importante dos seus compoñentes era Synaspismos, o partido de Alexis Tsipras, el mesmo constituído de correntes distintas, que ían da social democracia moderada (a actual Esquerda Democrática saíu de aí, pero unha parte significativa desa corrente permaneceu en Synaspismos) ao neocomunismo de Corrente de Esquerdas (ver nota 3).

[3] A Plataforma de Esquerdas constituíu-se baixo a súa forma actual na conferencia nacional de novembro de 2012 pola converxencia de dous principais compoñentes, que contan con máis dun decenio de existencia baixo diferentes configuracións: 1) a Corrente de Esquerdas de Synaspismos, esencialmente formada de militantes que abandonaron o PC grego (KKE) na escisión de 1991. Controla a maior parte das seccións de empresa, o sector sindical, e conserva unha forte presenza en certas seccións e federacións rexionais, esencialmente no norte de Grecia. 2) as tres compoñentes de orixe trotskysta de Syriza (Kokkino, DEA e APO), xa reagrupadas baixo o paraguas de Rprojetc/Rede Vermella. No congreso sumáronse á Plataforma unha compoñente saída do PASOK, DIKKI, así como unha organización de cadros sindicais que abandonou o KKE en 1995 (KEDA). Ao redor dunha ducia de parlamentarios de Syriza dun total de 70 recoñécense na Plataforma, entre eles un dos portavoces do grupo parlamentario, Panayiotis Lafazanis, antigo dirixente do KKE e deputado desde fai moito da emblemática segunda circunscripción do Pireo, a máis obreira do país, da que é igualmente a súa figura pública máis coñecida.

18 de Xullo de 2013

[*] Stathis Kouvélakis é profesor de Filosofía Política e membro do Comité Central de Syriza

Grecia / Amelie Poinssot (Mediapart) e Stathis Kouvélakis (Contretemps)
Domingo, 21 de xullo de 2013 | Tradución ao Español: Faustino Eguberri para VIENTO SUR | Texto traducido, ao Galego, por Ártabra 21, apoiando-se nos recursos públicos de tecnoloxía lingüística desenvolvidos polo o Seminario de Lingüística Informática (SLI) da Universidade de Vigo.  

Fonte: VientoSur

Enviado por:
Viento Sur
-boletin@vientosur.info-
21 de julho de 2013 12:14

_____________

mércores, xullo 11, 2012

#AmbSyriza. Entrevista a Stavros Karagkounis, 9 de xullo de 2012 - Vídeo da Entrevista - Vídeo da palestra no @ateneu_roig


O 6 de maio de 2012 unha coalición de partidos de esquerda baixo o nome de Syriza sorprendeu a Europa enteira, ao converterse na segunda forza política máis votada nas eleccións legislativas gregas, forzando a convocatoria de novas eleccións.

O electorado castigara duramente aos partidos favorables ao memorándum imposto pola UE, o BCE e o FMI, cuxas políticas de axuste terán graves consecuencias para o nivel de vida da gran maioría do pobo grego.

Nas segundas eleccións do 24 de xuño Syriza mellorou aínda máis os seus resultados, quedando só a pouco máis de 3 puntos da vitoria. Lonxe de ser un fracaso, os resultados proporcionan unha esperanza aos pobos ameazados polo capitalismo salvaxe que representa a Troika.

Stavros Karagkounis é membro de Syriza e está de visita en Catalunya estes días. Preguntámoslle sobre as claves do éxito do seu partido e si ve posíbel estender o fenómeno de Syriza a outros países europeos.



Unha reportaxe de oscar martínez (@racos1871). Con licenza Creative Commons. Recoñecemento - NoComercial (by-nc): Permítese a xeración de obres derivadas sempre que non se faga un uso comercial. Tampouco se pode utilizar a obra orixinal con finalidades comerciais.

Publicado en 10.07.2012 por

Enviado por:
Oscar Martínez

11 de julho de 2012 08:31

Palestra con Stavros Karagkounis, de Syriza, no @ateneu_roig



Fonte: http://quiendebe.blogspot.com.es/
__________

xoves, xuño 07, 2012

O filósofo esloveno, Slavoj Žižek, participou na campaña da Syriza e dixo que a coligazón da esquerda radical grega é hoxe "a única oportunidade para a Europa"


Interesantísimo video subtitulado do filósofo esloveno Slavoj Žižek participando nun acto da Syriza. A obra de Slavoj Žižek integra o pensamento de Jacques Lacan co de Marx e Hegel, e nela destaca unha tendencia a exemplificar a teoría coa cultura popular. 


Tirado de Esquerda.net 
 
Slavoj Žižek:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1d/Slavoj_Zizek_in_Liverpool_2.jpg/200px-Slavoj_Zizek_in_Liverpool_2.jpgNascido na antiga Jugoslávia, em Liubliana, hoje capital da Eslovénia), doutorou-se em Filosofia na sua cidade natal e estudou Psicanálise na Universidade de Paris. Žižek é conhecido por seu uso de Jacques Lacan numa nova leitura da cultura popular, abordando temas como o cinema de Alfred Hitchcock e David Lynch, o leninismo e tópicos como fundamentalismo e tolerância, correcção política, subjectividade nos tempos pós-modernos e outros.
Em 1990, candidatou-se à presidência da República da Eslovénia.
Žižek é professor da European Graduate School e pesquisador sénior no Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. É também professor visitante em várias universidades estadunidenses, entre as quais estão a Universidade de Columbia, Princeton, a New School for Social Research, de Nova Iorque, e a Universidade de Michigan.

luns, xuño 04, 2012

Syriza apresenta programa económico - O que é a Syriza? - As proposta da esquerda em Grécia - Este 17 de Junho, em Grécia pode-se proroduzir a primeira derrota eleitoral da dereita e do social-liberalismo


Syriza apresenta programa económico

Embalado pela sondagem de quinta-feira, que deu 31.5% de intenções de voto à coligação de esquerda grega, Alexis Tsipras voltou a prometer rejeitar o memorando da troika e reverter o corte salarial e o plano de privatizações.


"Ou se implementa o memorando, ou se cancela", afirmou o líder da Syriza, citado pelo diário Ekathimerini, criticando as promessas da Nova Democracia e do PASOK de renegociar o memorando caso alcancem a maioria nas eleições de 17 de junho. Tsipras condenou ainda a campanha de medo e chantagem aos eleitores, destinada a transformar as eleições num referendo à permanência da Grécia na zona euro.

"O falso dilema euro-dracma revelou-se um favor dos responsáveis da União Europeia aos seus amigos necessitados que lhes pediram ajuda", afirmou Tsipras, referindo-se à notícia da Reuters acerca do pedido do ex-primeiro ministro Lucas Papademos a Durão Barroso para que este fizesse uma declaração forte sobre a possibilidade da Grécia sair do euro.

Tsipras apresentou um "plano de reconstrução nacional" com o objectivo de "reduzir a nossa dívida ou uma moratória e suspensão do pagamento dos juros até que a economia estabilize ou mostre sinais de recuperação". "O serviço da dívida deve estar ligado á taxa de crescimento da Grécia", acrescentou Alexis Tsipras.

Uma das medidas propostas é a rejeição do corte de 22% no salário mínimo, fazendo-o regressar aos 751 euros e alargar o subsídio de desemprego a um período de dois anos em vez de um. Para estabilizar a economia, a Syriza defende uma despesa pública entre 43% e 46% do PIB, em vez dos 36% previstos no memorando da troika. Para aumentar as receitas de 41% para 45% do PIB, a média comunitária, Alexis Tsipras propõe taxar a riqueza e os rendimentos milionários. E para implementar estas reformas, a Syriza quer criar um registo de bens detidos por cidadãos gregos no país e no estrangeiro, com a sua apreensão em caso de declarações falsas. A redução do IVA nos produtos alimentares essenciais, uma reforma fiscal menos penalizadora dos baixos rendimentos, o fim das isenções fiscais aos armadores, o investimento em tecnologia e meios humanos para combater a evasão fiscal e a nacionalização dos bancos recapitalizados pelo Estado são outras das propostas da Syriza para inverter o caminho da economia grega para a ruína.

Para viabilizar o sistema de segurança social, Tsipras quer usar as receitas da exploração de petróleo e gás para criar um fundo que garanta o futuro das pensões gregas. "O povo grego não está a pedir dinheiro. Não são pedintes. Querem trabalhar e poder suportar o seu custo de vida", afirmou o líder da Syriza, garantindo que "isto pode ser atingido sem os duros cortes impostos pelo memorando".

2 de Junho de 2012


O que é a Syriza?

A derrota dos partidos da troika nas eleições de 6 de maio é fruto da resistência social que nos últimos anos tem marcado a vida política na Grécia. Nas urnas, o eleitorado recompensou as propostas socialistas da coligação Syriza e deram-lhe a responsabilidade de liderar a oposição à austeridade e à ruína do país. Dossier organizado por Luís Branco.

Dossier: O que é a Syriza?

Neste dossier, explicamos a história da Syriza e do seu líder Alexis Tsipras, que vê hoje a Grécia na linha da frente duma batalha decisiva entre os povos e o capitalismo. Publicamos o resumo dos 10 Compromissos da última campanha, a carta de Tsipras a Barroso e a mensagem de solidariedade do Bloco. O futuro do euro é o tema forte das entrevistas com Yiannis Bournous e Nasos Illopoulos - responsáveis pela política internacional e pela juventude do maior partido da coligação, o Synaspismos - e a Sofia Sakorafa, a antiga atleta olímpica que rompeu com o PASOK e foi a candidata mais votada da Syriza nas eleições de maio.

Publicado o 19 de Maio de 2012 en esquerda.net.
______________