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sábado, decembro 23, 2017

Acçom e Racçom, ... Por Lupe Ces - As que exploramos a teoria de que a violência machista, tal e como se vem expressando nas últimas décadas, é umha reacçom ante o exercício dos direitos fundamentais das mulheres, historicamente negados...


Por Lupe Ces [*]
23.12.2017


Quando o feminismo consegue um oco dentro do ruído mediático para falar de violência machista, aproveita para acender o foco sobre o que falta por conseguir, fronte ao que tem conquistado (maior consciência social, leis, instituiçons especializadas, cursos de formaçom, investigaçons, estudos, ensaios, expressons artísticas e culturais que abordam o tema…) , porque seguem amoreando-se diante nossa, os cadáveres das mulheres e crianças assassinadas, as violaçons, as agressons, o abuso e acosso sexual, as atitudes e instituçons machistas, a linguagem excluinte, o relato que nos ignora… É como se o Patriarcado conseguisse levantar muros estanco, onde por umha parte temos o reconhecimento das conquistas feministas, e por outra a realidade patriarcal atuando nas instituiçons, nas ruas, nas casas, nos leitos…

As que exploramos a teoria de que a violência machista, tal e como se vem expressando nas últimas décadas, é umha reacçom ante o exercício dos direitos fundamentais das mulheres, historicamente negados, mormente o direito à liberdade para decidir, vemos ante nós ainda, um longo caminho onde as caídas neste combate a prol da liberdade vam seguir escrevendo páginas de heroísmo, resistência e afouteza. Paradigmático é o caso da India, ou a viragem estratégica dos assassinos e maltratadores machistas utilizando como objeto de tortura e chantagem as próprias crianças.

Cumpre pois dotar-se dos médios mais ajeitados para avançar neste combate desigual. Cumpre conseguir os maiores apoios e alianças. A solidariedade masculina, demonstrada como muito eficaz como elemento de conscienciaçom entre os homens, e também como desativante de atitudes machistas, tem que dar muito mais de si. Cumpre publicitar o conflito e visibiliza-lo em todos os contextos. Cumpre sinalar as estratégias e armas dos agressores, por suposto como formaçom preventiva (se controla o teu móbil, e o teu jeito de vestir…), mas também para inclui-las como defesa e prova ante os processos judicias (fechava com chave a sala de juntas do sindicato para falarmos…)

A aplicaçom da lei em casos mediáticos como o da Manada, confirma que a defensa dos direitos das mulheres, a conquista da Igualdade, é também objetivo da Reacçom. Estamos ante um momento involucionista, e umha deriva autoritária das instituiçons do estado. Umha reacçom que pretende desarmar a defensa da sociedade civil. Fronte a essa reacçom, as mobilizaçons e posicionamentos públicos som imprescindíveis. Um estado que segue a ter na Monarquia, na Igreja Católica e no Exercito, uns dos seus pilares fundamentais, quer dizer, três instituiçons patriarcais que nom se vam deixar questionar sem resistência, e que vam atrincheirar-se no poder judicial e legislativo para evitar qualquer mudança.

Mas fronte a isto temos a resistência de muitas mulheres, que cada dia ponhem seus corpos para que a liberdade de todas avance; a resistência de cada vez mais homens que se atrevem a falar, a cambiar e a afrontar com valentia o machismo e desterra-lo das suas vidas. Temos às novas geraçons incorporando-se decididamente às ideias e ao movimento feminista. Marchamos!


[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, feminista e activista social. Forma parte do Colectivo Ártabra 21. Blogue persoal: Caranza free opiniom.

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domingo, setembro 17, 2017

Quem tem um plam? ... Por Lupe Ces - Reflexions, experiências e desafios da esquerda


Por Lupe Ces [*]
17.09.2017


Galiza e a sua realidade no espaço geopolítico


Reflexionar sobre o futuro da esquerda, os resultados desa reflexom, vam estar sempre marcados polas coordenadas geopolíticas do lugar onde se fai essa reflexom. Asim, hoje, aqui na Galiza podemos fazer este debate, e resulta necessário e interessante, mas resultaria de todo estranho fazé-lo em Siria, onde o Império está golpeando co útil maço do yihadismo, para levar adiante os seus planos de destruçom dos estados de medio-oriente. Está aplicando um modelo de guerras, nom para ganhá-las, senom para manté-las vivas como armas de destruçom definitiva, que deixa aos povos indefensos. Iste é o caso de  Afganistam, Irak, Libia, Yemem... Esta é também a estrategia que se quere aplicar em Venezuela, e verémo-lo co tempo, ampliado a mais países.

Mas nós vivemos nestes tempos, nessa zona de conforte, onde as guerras, co sofrimento de milhos de pessoas, nom formam parte da nossa realidade, por mais que a solidariedade, a empatia que sentimos polos povos do mundo, permita por uns segundos, por uns dias mesmo, que se nos encolha o coraçom diante de cada nova que nos chega desses territórios. Ou mesmo, que Europa experimente por segundos, a realidade das pessoas que vivem submetidas a situaçons de guerra, em forma de atentados, case sempre realizados em tempo de eleiçons ou em médio dum conflito político relevante, como é o caso de Barcelona.

Umha zona de conforte situada na área geopolítica denominada Ocidente, nom eximida de contradiçons e problemas, mesmo onde esses problemas aumentam. Porque estamos a assistir a um aumento das desigualdades; um incremento da pobreza; um recorte de liberdades; o enraizamento do patriarcado; umha perda de soberania dos estados a favor das multinacionais, e um processo de centralizaçom e uniformizaçom que afoga os anceios de soberania dos povos a quem lhes é negada.

Unha zona de conforto, mas que descobre cada dia como se degrada o seu território e como se pom em perigo a vida das especies e a saúde das pessoas, num delirante caminho cara a destruçom da vida.

Aqui pois, toca-nos reflexionar sobre o futuro da esquerda. E quero dar dous dados a respeito do nosso país que penso que podem servir para centrar-nos sobre o tipo de sociedade á que pertencemos. Som dados bem conhecidos. Por umha banda, na Galiza existe um processo de avelhentamento da povoaçom moi acusado, com um saldo vegetativo negativo que se prolonga no tempo, morremos mais dos que nascemos, ainda que temos umha esperança de vida moi alta, de mais de 85 anos no caso das mulheres.

Associemos a esses dados que as pessoas coa idade (por pura biologia), tendemos a ser menos ativas e participativas. Acrescentemos a isso que Galiza é um país de proprietários e, em menor medida, de proprietárias. Um 36% desses proprietários na Galiza, som-no  de mais de 10 bens imoveis; que hai case 250.000 vivendas que funcionam como segunda vivenda, e case dous milhos de veículos. Somemos a isso que hai máis de 300.000 vivendas baleiras; que o 61% da populaçom tem conexom a Internet e a cobertura educativa, sanitária e farmacêutica, polo de agora, cobre praticamente a toda a povoaçom.

Poderíamos estender-nos nas implicaçons que estes dados tenhem á hora de elaborar e levar adiante um projeto de transformaçom social, mas, de fazé-lo eu, nom seria moi rigorosa porque careço dum estudo sério e tam só  podo aportar intuiçons sobre o que isso supom. Intuiçons e conclusons tiradas dos anos de experiencia, e do trato e observaçom de muitas pessoas ao longo dos anos de ativismo e de vida. Só, e para resumir, atrévo-me a dizer:
- O conservadurismo na Galiza, que debe ser contrastado por um projeto da esquerda, tem umha importante base material, e nom só está vinculado à rede caciquil, à ignoráncia ou aos restos do franquismo.

- A perda de povoaçom, a maiores das situaçons criadas pola crise, é também produto do auto-ódio e papanatismo cara ao de fora. Um auto-odio e papanatismo, que padecemos e imos herdando geraçom tras geraçom. Póde-se entender assim que muita mocidade, mesmo podendo contar co apoio familiar para emprender mais de um projeto, prefira mal viver no estrangeiro.

- O país perde o seu sangue novo. Polo que conheço, só algumhas atividades económicas coma a vitivinícola, e nalgumha medida, o sector de gando de carne, conseguiram relevo geracional, mentres os sectores económicos como agricultura, pesca, sector naval, continuam desmantelando-se sem pausa. Salientar que é verdade que hai iniciativas económicas novas,como o sector relacionado coa produçom ecológica, ainda pouco significativo, que tem gente nova ao frente de múltiplos projetos que batalham todos os dias contra a grande industria alimentária.

Temos as bases para umha transiçom ao socialismo como modelo económico de raparto da riqueza


As características da Galiza permitiriam umha transiçom bastante doada a umha economía socialista. Somos um país cumhas bases econômicas onde poderiamos permitir-nos esse transito sem maiores dificuldades. Temos infraestruturas que garantizariam a educaçom, a sanidade e a vivenda. Temos povoaçom preparada, e terra, agua e mar para garantir a soberania alimentaria. Temos vivendas para garantir o direito residencial. Só haveria que recuperar desde o público sectores estratégicos como a energia, as telecomunicaçons, a banca e o transporte. Acompanhemos todo isto dumha política internacional onde busquemos alianças para garantir o aceso á tecnología e bens de equipo e temos a Galiza socialista que sonhamos. Nom está tam longe como pensamos a possibilidade dum reparto mais justo da riqueza e dum outro jeito de organizar a economia.


Novas formas de vida e interesses das geraçons post-transiçom

Hai outros dados que devemos manejar para orientar as nossas reflexons. Eu nom os vim nunca recolhidos, seguramente existam, seguramente alguém os tem estudados, ou mesmo, poda que permaneçam interessadamente ocultos, porque sabemos agora que os sociólogos converteram-se  nos grandes gurus dos partidos sistémicos.

Som dados referidos á forma de vida e interesses das geraçons post-transiçom. Umha informaçom moi valiosa, porque quem saiba conectar cos interesses das pessoas e entenda os resortes que movem o seu jeito de vida, captará o seu interesse e moverá as suas vontades.

Na minha experiencia, a saúde e a estética do corpo, a imagem pessoal, as emoçons, as relaçons sociais e o ócio, centrado sobre todo nas viagens, som, os interesses prioritários destas geraçons post-transiçom. Geraçons que tenhem um moi alto nível de autoexigencia, que vivem a formaçom, nom importa em que profissom, cumha disciplina estoica, que reflicte umha capacidade importante para realizar esforços, que antes nom se nos requeriam, máxime se todos estes esforços, nom se traduzem, na maioria dos casos em estabilidade laboral. Umha estabilidade à que já lhes figeram renunciar.

As mulheres destas geraçons sofrem umha especie de desdobramento da personalidade associado a altos níveis de stress. Tenhem que ser nais perfeitas, entrenadoras e inversoras nas carreiras cara ao estrelato das suas crianças, activas sexualmente, coidadoras, com intensas relaçons sociais, eficientes no seu trabalho e, à sua vez, monstrar-se também como  seres livres e sem ataduras que  brilham por si mesmas. Bem está que a maioria nom consegue estes objectivos. Acrescentemos entom, ao stress, a frustraçom.

Outra caraterista destas geraçons que me interessa ressaltar é a sensibilidade. Umha sensibilidade ainda nom transformada em consciência política e açom, a respeito da preservaçom do meio ambiente e dos direitos dos animais. Um dos rasgos mais diferenciadores em relaçom às geraçons anteriores, que fomos educadas na frase bíblica “ crecede e multiplicade-vos e dominade a Terra”, ainda que isso supunha estender a morte pola própria Terra.

Esa sensibilidade cara outras especies, e pola preservaçom ambiental,mesmo podería parece associada ao instinto colectivo da supervivência. Como se a nível coletivo , ou do subconsciente colectivo, estas geraçons ativassem umha alerta do perigo que como especie temos que afrontar. Porque esta vai ser umha das batalhas definitivas que estas geraçons tenhem por diante, cos desafios do cambio climático e a contaminaçom das águas e da terra.

Enquanto as geraçons anteriores, registraram antes e agora, umha alta participaçom na militáncia partidária e o associacionismo,  motivada case maioritariamente por intentar plasmar umhas ideias, melhorar e transformar a vida da comunidade, ou mesmo pola conviçom de ter que liderar e protagonizar esses cámbios, o sentimento colectivo nestas novas geraçons, passa pola peneira do principio de reciprocidade “eu dou se ti me das”, “eu dou na medida que recebo”, e a implicaçom em movimentos e associaçons é, em consequência, moi reduzida. Valora-se muito o tempo pessoal. As reunions, o trabalho político... semelha tempo perdido. Assim, ficam na política aquelas pessoas que a vem como um campo profissional, onde quem se tem que esforçar é quem vive dela. A política para quem a trabalha. A esquerda político-institucional passou a ser, para os olhos da maioria social, umha alternativa profissional que, no caso da esquerda, vai fazer às instituiçons “o que se poda”.

Nom vou cair na soberbia, nem na ignoráncia, de valorar do mesmo jeito a todas as pessoas que se comprometem para fazer política de esquerdas desde as instituiçons, nem negar o compromisso transformador de muitas delas, mas a visom geral que se tem é ista. Eu compartilho responsabilidades. Isto é o que conseguimos co caminho andado até agora. O caminho institucional converteu-se numha agencia de colocaçom , e  o PP é o paradigma do que falo. Foi o partido que conseguiu, depois das crises do Prestige e da Guerra do Irak, umha renovaçom geracional sem precedentes, porque claramente oferecia um posto de trabalho e umha oportunidade para medrar económica e socialmente. A maiores, gera umha ocupaçom indireta significativa, mesmo se temos em conta que moitas pessoas, muita rapazada também, o seu primeiro contato coa política som os 150€ que o PP lhes paga por ser interventores nas mesas eleitorais. Temos que reconhecer que a todo isto ajuda desde logo o participar no chamado “jogo político”, coas cartas marcadas. Os jeitos da mafia som moi efetivos.

Mentres, a esquerda partidária tinha e tem grandes dificuldades para conseguir participaçom, porque as expectativas sempre som moi limitadas, “saem poucos da lista e nom se cria trabalho indireto”. Começa mesmo a ser moi habitual que rematado um processo eleitoral, os e as candidatáveis nom elegidas, aleguem falta de tempo para continuar coa atividade na organizaçom ou nos movimentos sociais onde se lhes convida a participar.

Cumpre também encontrar as razons polas que concelhos onde se tem aplicado políticas de esquerda ao longo dos últimos anos, onde se melhoraram as infraestruturas, o desenvolvimento económico e cultural, onde se dam melhores serviços, onde as instituiçons estam governadas por pessoas honradas e singelas, o Partido Popular segue a ser o mais votado nas convocatórias que nom som eleiçons municipais. É o caso de Allariz, Sam Sadurninho, e seguramente outros que nom alcanço a conhecer tam bem. Hai que perguntar-se por quê, as nossas políticas nom alcançam a transformar o pensamento colectivo. Porque a esquerda, nom é mais infraestruturas, melhores serviços, boa gestom... A esquerda é o pensamento e a vontade colectiva de preservar o bem comum, de transformar a realidade para acadar maiores cotas de bem-estar para as pessoas e as suas comunidades, de construir modelos de governança local e mundial baseados nos valores da liberdade, a igualdade e o respeito à diversidade. As políticas que temos que implementar, devem estar logo orientadas para fazer hegemónico esse pensamento e unir o maior número de vontades para conseguir esses objectivo.


O impulso para os cámbios sempre vem da maioria organizada


Os Movimentos Sociais na Galiza nom passam polo seu melhor momento. As razons penso, quedaram enumeradas no apartado anterior (envelhecimento da povoaçom, interesses e formas de vida diferentes das novas geraçons…), porque ser, som mais necessários que nunca.

O movimento sindical perdeu cotas moi altas de confiança e sofre as consequências dunha profissionalizaçom das suas direçons que o levam, na maioria dos casos, a ser meras gestorias de despedimentos e expedientes de regulaçom ou liquidaçom de empresas.

Seguem tendo reconhecimento social o Feminismo e o Ecologismo. O primeiro porque os  seus logros som patentes, e mesmo para as novas geraçons, é patente também a necessidade de luitar por defender esses logros e aumenta-los. Ademais, conseguiu um tímido, ainda que constante relevo geracional, com cámbios no discurso e nas formas de ativismo. O segundo, o Ecologismo, porque se ajusta á sensibilidade incipiente das novas geraçons com todo o que tem a ver coa defensa dos animais e o planeta, e porque consegue associar o ativismo com a pratica dum ócio alternativo.

A historia ensina-nos que as necessidades e sobre todo as demandas da sociedade organizada, cristalizam em movimentos sociais e políticos que a sua vez produzem os cámbios reais, bem a través de cámbios institucionais, ou bem destruindo as instituçons caducas e dando passo a novas instituçons e formas de governo.

Na Galiza cumpre investir muita energia na organizaçom social, incorporando os cámbios nesses processos organizativos, que permitam a participaçom das novas geraçons, cos seus jeitos e interesses. Isto é totalmente necessário e condiçom sine qua non para que a participaçom nas instituçons reflita e permita transformaçons do sistema político-económico.

Dessa energia e desses processos sairam os novos liderados.


Os caminhos andados, de éxito ao fracasso, do fracasso ao éxito

Moi rapidamente sinalar, a groso modo, quais forom os caminhos andados nos últimos tempos. Queria sinalar dous momentos onde estivemos moi perto de conseguir que algo cambia-se:

- Em primeiro lugar na crise do Prestige. Moita gente na rua mobilizando-se durante meses, combinando ativismo, critica política, superando ao estado na responsabilidade de recuperar as zonas afetadas… Todo um capital humano e político que cristalizou num segundo movimento “Hai que botá-los” e que propiciou um governo bipartito. Mas este governo,  governou, salvo exceçons, de costas aos movimentos que o pariram e se permitiu cumplicidades co poder econômico e mediático que o destruirom.

- Em segundo lugar, o impulso político retomado coa irrupçom de Age, que bebia diretamente dos processos internacionais da nova esquerda altermundista e do 15M. Um novo discurso que propunha um processo constituinte, horizontalidade, transparência, participaçom,…., e que foi criando frustraçom na medida em que nom existia coerência entre o discurso e a acçom; que nom conseguiu superar o maior obstáculo da esquerda, a necessidade da unidade. Na Galiza sempre falta algumha pata quando se quer construir umha mesa. Um projeto, que na sua última expressom, frustrou, baixo o meu ponto de vista, as aspiraçons que puséramos nela moitas pessoas, porque estava chamada a ser a nova representaçom nacional nas instituçons espanholas. O caminho presenta-se incerto.


Construçom, destruçom. Responsabilidades na liquidaçom do capital humano e político que nos pertence

Cumpre sinalar, a responsabilidade que existe no processo de  liquidaçom da herdança depositada nas organizaçons políticas e sociais por milheiros de pessoas que dedicaram, tempo e esforço para erguer expressons organizadas da esquerda na Galiza. Um processo levado adiante por pessoas e interesses que desde a acomodaçom e o exercício das ridículas cotas de poder, mas poder a fim de contas, que existem dentro das organizaçons, criaram divissom, frustaçom e cansaço.

Nom quero esquecer, a parte que lhe corresponde nesse processo de liquidaçom,  aos esforços levados adiante por parte dos serviços de inteligencia do estado. Instituiçons moi ativas, ao serviço dos interesses da preservaçom do sistema, que intentam controlar e minar os movimentos e associaçons alternativos. Esta atividade e estas instituiçons, deveram ter algúm interesse para a esquerda, pola conta que nos tem, e investigar e analisar as suas estrategias, ou quando menos ser conscientes de que existem.

A herdança é valiosa, nom podemos destragá-la.


Um plano para Galiza, um plano para o cambio económico e social

Dim que hai que fazer moitas cousas porque algumha sairá bem. Também dim que os éxitos venhem dum longo caminho de ensaio e error. Eu digo que na Galiza hai umha visom minifundiária das estrategias. Que desde a esquerda neste país, soesse confundir a naçom coa organizaçom, e como tal, as estrategias fracaram, porque nom se pensa a longo praço. Cumpre pensar como definir esse obxectivo comum de efeito multiplicador que permita a recuperaçom da soberania nacional. Porque é vital multiplicar o efeito de miles de acçons que muitas organizaçons e coleitivos estam a realizar,  e mostrar um poder constituinte em formaçom.

Em muitas ocasions,  as iniciativas políticas na Galiza semelham secundar as iniciativas ou processos que se estam a dar noutras naçons do estado. Se em Catalunya questionam o Concerto Económico, nós também. Se em Euskalerria elaboram o discurso de mais competências, nós também. Mesmo os processos de luita armada que se deram neste país, tiveram umha grande dose de mimetismo. E nestes últimos anos, intuímos um hipotético processo constituinte no estado, e aló fomos, a aproveitar as sinerxias a ver como nos ia…,e foi-nos mal. Erramos na analise. A realidade monstra um novo cenário onde a possibilidade de ruptura democrática, de processo constituinte, esta a dar-se em Catalunya, cumha resposta muito autoritária e repressiva por parte do estado, e umha possiçom nada rupturista, por parte de quem íam ser os nossos companheiros de viagem constituinte.

Se quadra, por ser umha naçom diferente, há ser algo diferente o nosso processo político. Mas sabemos que quando temos um problema temos que ir na busca da soluçom, quando estamos ante um perigo ou ameaça, imos buscar como defender-nos. Assim, levámo-lo fazendo ao longo de muitos séculos nesta velha naçom Europea, marcada no seu adn por múltiples fracassos. Polo tanto ergueremo-nos para construir o que precisamos, as novas geraçons também o faram, ao seu jeito.

Se fomos o primeiro reino suevo; fixemos a primeira revoluçom europeia contra o poder feudal; construímos a primeira resposta de masas contra umha agressom medioambiental como no caso do Prestige, ninguém pode negar-nos a possibilidade de que sexamos num futuro próximo, a primeira república socialista do noroeste europeo. A República Socialista da Galiza, garante da vida e da defesa do território. 

Como conclusom e para finalizar:

Para reflexionar sobre o futuro da esquerda, nom podemos esquecer a situaçom da Galiza na zona de conforto que o Império limitou, fronte a destruçom por guerras permanentes, de extensos territórios da periferia do Império.

Na Galiza hai umhas geraçons chamadas a conformar o projeto da esquerda do século XXI que tenhem formas de vida e interesses diferentes e precisam espaços de ensaio e error para levar adiante esse projeto.

Umhas geraçons que tenhem que dar a batalha na defensa do território, e fazer hegemónico um novo modelo humano nom depredador, que preserve a vida no planeta.

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Acceder/Baixa ao escrito en formato pdf, de 7 páxinas.

Nota.-
Intervençom na jornada de reflexom e coloquio celebrado o 15 de setembro de 2017, na Facultade de Filosofía de Compostela, sobre os desafíos aos que se enfronta a esquerda a nivel mundial. O acto foi organizado pola eurodeputada galega Lídia Senra, integrada no Grupo Confederal da Esquerda Unitaria Europea/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL), onde ademais da participación da propia diputada, presentou o compañeiro David Rodríguez (O Funambulista Coxo); e interviron também  o sociólogo portorriqueño, membro fundador de Europa Decolonial, Ramón Grosfoguel; a Comandante Guerrilleira nicaragüense, presidenta tamén da Fundación Popol Na, Mónica Baltodano; ou a activista do Movemento Autónomo de Mulleres de Nicaragua e integrante do Foro de Mulleres para a integración centroamericana e do Caribe, Haydee Castillo. +info.

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, feminista e activista social. Forma parte do Colectivo Ártabra 21.  Blogue persoal: Caranza free opiniom.
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luns, marzo 06, 2017

Em guerra... por Lupe Ces


Por Lupe Ces [*]
05.03.2017


As mans que estam a jogar no taboleiro da guerra, venhem de mover ficha na Suécia. O serviço militar obrigatório volve instaurar-se, dis que por sentir a ameaça rusa. Tramp anúncia um incremento no gasto militar e China fai o mesmo. A extrema direita avança em Europa, essa que nom lhe fai noxo a bombardear povos, levantar muros, recluir migrantes… O jogo da guerra, que percebemos periférico, aumenta a sua intensidade e cada dia cheiramos mais perto a pólvora. Mas hai outra guerra coa que convivemos e nom percebemos como tal, onde aparecem todos os elementos que a definem, armas, corpos e vidas destroçados, campos de refúgio, exílio, terror…, assim no-lo ensinou a inesquecível Begonha Caamanho num artigo aparecido no semanário A Nosa Terra na década dos 90. Esta guerra, é a reacçom violenta do Patriarcado contra as mulheres que o estam a destruir. A propaganda de guerra, passeou estes dias um autobús por Madrid para lembrar que a liberdade nom é possível; a nova arma química, a burundanga, demostrou estas semanas no campo de batalha, a sua eficácia para as violaçons, e a explosom provocada por um comando suicida unipessoal acabou coa vida de María José Mateo García em Redondela. Os partes de guerra a diário falam de vítimas mortais e lesons infringidas polo patriarcado e o seu braço armado, a violência machista. Ninguém sabe com certeza onde está o final do conflito, mas é seguro que miles de combatentes somam-se dia a dia ao exército insurgente que loita contra o Patriarcado. Por cada umha abatida no combate pola liberdade, miles se alçam empoderando-se, reivindicando os seus corpos e às suas mentes. Por cada combatente caída, miles de territórios se conquistam para a liberdade. Imos vê-lo este 8 de Março. Veredes-las polas ruas e cidades do mundo, marchando imparáveis, pelejando cada espaço, cada casa, cada cama, na conquista da liberdade.

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Blogue persoal: Caranza free opiniom.
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domingo, xullo 10, 2016

Interessam os votos do PP? ... Por Lupe Ces


Lendo o artigo de Manuel Veiga Taboada, "Por que votei PP", publicado em Sermos Galiza, animo-me a reflexionar em voz alta sobre o que leva acontecido nas últimas semanas. Eu também conheço a votantes do PP, na família, no bairro, no trabalho… A argumentaçom do voto é moi ampla. Sinalar tam só umha que me resultou curiosa. Dizia um home entrado em anos que os do PP eram gente de “cartos” e polo tanto eram os únicos que poderiam trazer dinheiro a Espanha, desconhecendo esse home que o movimento de capitais era um acertado atributo ás élites económicas e políticas vinculadas ao PP, mas a direcçom desse movimento ía cara os paraísos fiscais, como intuíamos hai muito tempo, e como conhecemos e confirmamos nos últimos anos. Mas isso importa? Está aí o trabalho das forças de esquerda que pretendam desalojar a este partido de grupos corrompidos e corruptores?

No caso das eleiçons espanholas, o PP conseguiu 7.906.185 votos. Um 33% dos votos emitidos, más só um 21,6% dos 36.518.100 de pessoas com direito a voto. As pessoas que votam ao PP, ainda que chovam chuzos de ponta, vam seguir votando a curto e médio prazo ao PP, mas som minoria.  Frente a esses quase 8  milhos de votos do PP, o resto de forças sumam 15.191.608, um 41,6% das pessoas com direito a voto. Ainda assim, seguimos admitindo a imagem de hegemónico e invicto do PP, e crendo-nos que às comunidades às que pertencemos, som conservadoras e reaccionárias, que nom pensam no bem comúm, que hai corrupçom e pouco ou nada que fazer.

Algum que outro gráfico devera aparecer também nos médios para que a gente puderamos visualizar esta realidade comparando dados da últimas eleiçons gerais do 26J.

Qual deve ser a prioridade logo das forças transformadoras? Olhando esse gráfico, está claro que vai ser fazer-se criveis, organizar e mobilizar a porcentagem que lhes corresponde do 42% e ganhar a confiança  desse 37% que nom vota, vota em branco ou nulo.

Estamos às portas das eleiçons ao Parlamento galego. O PP vai dando muitas pistas do que quere a gente, sobre todo esse 37%. Só escoitando a pre-campanha do Partido Popular poderíamos fazer umha das guias de campanha eleitoral mais eficaces a aplicar nesta ocasom: a desuniom, a mala gestom e paralise das instituiçons que nom estam governadas por eles, e o éxito das políticas de austeridade. Eis os argumentos a desmontar. O problema é que hai que desmonta-los com feitos, porque esse 37% nom se mobiliza só com discursos.


E logo está a politica de gestos. O PP diz que vai andar todas as vilas do país cum banquinho para que se sente Nuñez Feijoo a escuitar à gente. A TVG, esse grande aparato de propaganda ao serviço do conservadorismo, do integrismo religiosos e do PP, já emitiu essas imagens de Feijoo escuitando á gente sentado num humilde banquinho. Grandes simuladores estes propagandistas do PP! As forças transformadoras perderam a oportunidade dum grande e simbólico gesto, onde a maioria veríamos com claridade a vontade de ser diferentes, de fazer as cousas doutro jeito, proclamando que nom se iam cobrar os 8.000 euros, liquidaçom claramente escandalosa aos olhos da maioria.

O governo em funçons vem de publicar no BOE as novas autorizaçons para Reganosa, com trámite de urgência, passando mais umha vez por riba da legalidade que pretendeu fazer cumprir o próprio Tribunal Supremo, em três sentenças favoráveis ao Comité Cidadá de Emerxencia da Ria de Ferrol. A actuaçom criminosa desta minoria é insuportável. Por isso precisam envolve-la em mantos de névoa de maiorias que nom som tal. Ventos de unidade e coherência podem levantar essa névoa.

Ferrol, 10 de Julho de 2016

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Copromotora da Plataforma na defensa dos servizos públicos, pola remunicipalización. Blogue persoal: Caranza free opiniom.

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sábado, maio 28, 2016

O contrato eléctrico, ... por Lupe Ces - Vídeo: o debate sobre a remunicipalizaçom do serviço eléctrico em Ferrol no Pleno Municipal


Por Lupe Ces [*]
28.05.2016


Onte o BNG apresentou umha moçom para a renúncia do contrato eléctrico de subministro e mantimento. Um contrato começado a tramitar no anterior governo do PP. Um contrato a15 anos de mais de 41milhos de euros. A fórmula está muito extendida: umha multinacional (FCC) e umha empresa local SEFCON. O administrador de SEFCON, Borja Silveira Rey, pertence também a um bufete transnacional de advogados (LAMAS Y Asociados) [1] que tenhem oficinas em Ciudad de Panamá, Shangai, Republica Dominicana, Madrid, A Corunha e Ferrol. Este mesmo bufete de advogados, tem um contrato de serviço de defensa judicial e assistência jurídica co Concelho de Ferrol, assinado polo antigo alcalde. Esse bufete redactou um informe externo, solicitado polo alcalde Jorge Suárez, conforme nom se podia desestimar nem renunciar ao contrato, que está a piques de rematar o seu procedemento num pleno municipal. A assembleia de Ferrol en Común, inexplicavelmente, aprovou seguir adiante co contrato. No pleno da quinta-feira, a moçom do BNG que propóm a renuncia tivo os votos a favor do BNG e do PSOE, Ciudadanos e Ferrol en Común abstiverom-se e o PP votou em contra. A continuaçom pode-se escoitar e ver como se desenvolveu o debate no pleno. A remunicipalizaçom é possivel. Si se pode!


https://youtu.be/IqL_mRsu-ws

Debate no pleno municipal do dia 26 de Maio de 2016 da moçom do BNG relativa à renúncia ao contrato de subministro e mantimento eléctrico para a sua remunicipalizaçom.Publicado em 27 de Maio de 2016, na Canle do BNG Ferrol.

[1] Nota.- Por outra banda, o alcalde de Ferrol (José Manuel Rey Varela) tamén informou doutros dous asuntos que viron luz verde na Xunta de Goberno celebrada esta mañá. Un deles foi a contratación do servizo de auditoria externa e verificación do programa Urban da que se ocupará “Auditores de Empresas Asociados S.L” por un montante de 17.157,80 euros (21% de IVE incluído) e un prazo de execución dun ano. O outro tema abordado na reunión ordinaria do executivo municipal foi a contratación do servizo de defensa xudicial e asistencia xurídica do Concello de Ferrol á “UTE Bufete Pieltain-Fuertes y Asociados S.L.P y Lama Abogados S.L.P” por un montante de 171.820 euros ao ano (21% de IVE incluído). Este contrato terá un tempo de duración de catro anos (Fonte: Web do Concello - 09.03.2015).

[*] Lupe Ces Rioboo, é umha das pessoas da coordenadora promotora dumha "Plataforma pola Remunicipalización dos Servizos Públicos", iniciativa cidadá que em primeiro lugar pretende parar o Contrato Eléctrico que tramita o Concelho de Ferrol.

Artigos de Lupe Ces en Ártabra 21.

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mércores, abril 13, 2016

Coraçom livre, ... Por Lupe Ces


Por Lupe Ces [*]
13.04.2016

Umha, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez vezes que botaste a voar; onze, doze, treze, catorze, quinze, dezasseis, dezassete, dezoito, dezanove, vinte vezes que caíste, equivocaste o caminho e começaste de novo; vinte e umha, vinte e duas, vinte e três; vinte e quatro anos vividos intensamente, case engolidos; vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete, vinte e oito, vinte e nove, trinta vezes nas que pensaste dar um giro à tua vida; trinta e umha, trinta e duas, trinta e três, trinta e quatro, trinta e cinco, trinta e seis, trinta e sete, trinta e oito, trinta e nove vezes que te arrependeste daquela viagem; quarenta, quarenta e umha, quarenta e duas, quarenta e três, quarenta e quatro, quarenta e cinco vezes ressoando aquela pergunta na tua cabeça “moça, a ti maltratam-te?”, quarenta e seis, quarenta e sete, quarenta e oito, quarenta e nove, cinquenta segundos que tardaram em guardar a carpeta daquela denúncia; cinquenta e umha..., cinquenta e duas..., cinquenta e três..., cinquenta e quatro..., cinquenta e cinco..., cinquenta e seis punhadas pararam o teu coraçom livre.

Tatiana Vázquez Abuín foi assassinada em Lugo, o sábado 9 de Abril de 2016.

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Blogue persoal: Caranza free opiniom.

Foto: Paporroibo unha foto da Galipedia, a enciclopedia livre.

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sábado, febreiro 20, 2016

A caça, ... Por Lupe Ces

Por Lupe Ces [*]
20.02.2016

Sam Valentim e as trampas do amor, do amor-morte. Trampas mortais. Porque ti só lhe concederas falar, falar mais umha vez. Falar, “que nom fai mal a ninguém”, e ali tinhas aos teus filhos, por se passava algo... As trampas do amor, as trampas do amor-tramposo. Depois do duro que foi cair na conta de que te equivocaras, mais outra vez, as trampas do amor-veleno. E ti só querias estar bem, sentir-te bem, amor-seguro, amor-confiança, amor-apoio, amor-cumplicidade, amor-livre...

Agora se laiam? Laiam-se os ouvidos que ouvirom? As mentes que pensarom? Laiam-se as linguas que nom che advertirom? Os braços que nom te protegerom? Os corpos que nom o impedirom? As mentes que sabiam que ia passar e nom o impedirom? Laiam-se ou vam lamber as feridas dos teus filhos? Laiam-se ou miram de esguelho o teu corpo rebentado, mentres em Becerreá ainda soam os golpes de tambor da caça?

Nota.- Ana Gómez Nieto foi assassinada em Becerreá o 11 de Fevereiro de 2016.

Publicado nos xornais Sermos Galiza (15.02.2016) e Praza Pública (16.02.2016).

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Blogue persoal: Caranza free opiniom.

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xoves, xaneiro 14, 2016

Erades Companheiras, ... Por Lupe Ces


Por Lupe Ces [*]
14.01.2016


Agora sei o motivo polo que ti Marina, nom querias utilizar as palavras que puderam sair dos meus dedos para enlaçar-te na longa ringleira que formais todas vós, neste Feminicídio, reconvertido neste sítio, em Santa Companha que nos interpela aló onde imos, para sentir-mo-nos ainda mais ocas de palavras e de ideias suficientes para dar-vos justiça e acougo, e pôr definitivamente o último elo nesta grande cadeia.

Nom querias começar a andar porque che faltava ela, Caridad. O 29 de Dezembro o vento soprou para as duas, dumha esquina a outra do país, de Narom a Mos. O seu corpo e o teu. O teu sangue e o dela. O ruído do teu corpo roto e o ruído batendo do coraçom dela, até apagar-se, coma o teu. O 29 de Dezembro fostes duas, a um tempo. O 29 fizestes-vos companheiras.

Nos rueiros e caminhos de Narom escoitam-se frases de alivio. A tinta do jornal fala do golpe mitigado na povoaçom ao constatar que ninguém de fora vinhera fazer o mal. Paradoxa! O mal está dentro, e tam enraizado entre nós, que semelha que é menos mal que outros afastados ou alheios.

Nota.- Caridad Pérez Calderón (Narón) e Marina Rodríguez Barciela (Mos) forom assassinadas o 29 de dezembro de 2015.

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Blogue persoal: Caranza free opiniom.

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sábado, decembro 19, 2015

A Contrarreforma em campanha..., por Lupe Ces

Por Lupe Ces [*]
19.12.2015



Era de esperar que irromperam na campanha as forças que levam botando um pulso no seio da sociedade desde que se aprovou a Lei Integral contra a Violência Machista no 2004. Um pulso que mantém o movimento feminista, entendido este em toda a sua amplitude, coa Contrarreforma que organiza ao seu redor colectivos masculinos, religiosos, do mundo judicial e político.
A violência machista segue cobrando dia a dia vidas de mulheres, e segue sendo anecdótica a compreensom da sua complexidade como expressom dum sistema social, o patriarcado, que seguimos estudando como se construiu e intentando alternativas para o deconstruir.

No médio desta realidade, a Contrarreforma instala-se no negacionismo, e fai-se acompanhar da cadena de tópicos e crenças que pretende tingir de estudos sociológicos umha realidade nom significativa, que é elevada a generalidade. Esta Contrarreforma tem, para o seu desenvolvimento viral, um corpo novo, forte e moi dinamizado mediaticamente, concretado na opçom eleitoral de Ciudadanos. A Contrarreforma tem no autoritarismo das maneiras deste partido, na leitura simplificada e uniformizada da realidade, o impulso que precisa para frear o avance social feminista destas últimas décadas. Avance ante o que o próprio PP dobrou coma um bímbio, lembremos a pressom exercida por amplos sectores sociais, liderados polo Feminismo, contra a Reforma da Lei do Aborto.

Ciudadanos pom voz no seu programa a esta Contrarreforma que se sente ameaçada polas conquistas sociais do Feminismo, num dos pontos mais concretados no médio dumha redacçom ambigua em temas fundamentais como o trabalho, a emigraçom, a educaçom... Ciudadanos é o burato de ozono que pretende colocar a Contrarreforma dentro do governo do estado, e levar a termo o que nom foi quem de fazer Ruíz Gallardón. Veremo-lo se este 20D nom som suficientes os apoios às forças de esquerda das naçons e do estado, onde as feministas levam anos fazendo labores de conscienciaçom e educaçom popular, e elaborando alternativas para deconstruir este sistema transversal que chamamos patriarcado.

O Feminismo foi umha a umha desmontando todas as lanças que desde o 2004 a Contrarreforma intentava chantar para parar a aplicaçom da Lei Integral, incluindo o recurso ante o Tribunal Constitucional. As lanças que conseguirom achegar-se mais ao seu objectivo fórom a irrupçom do SAP (Sindrome de Alineacion Parental) e da Terapia da Ameaça na prática judicial, cumha clara influência nas sentencias, e o ruxe-ruxe das denúncias falsas, que os distintos informes anuais venhem desmentindo, indicando que este tipo de denuncias som moito mais baixas que noutro tipo de delitos (estatisticamente irrelevantes). Outra ladainha forom os supostos privilégios acadados no processo de divorcio se se interpom umha destas denúncias, tristemente contestado polas próprias mulheres afetadas cumha reduçom considerável do número de denuncias interpostas, a pesar do pequeno aumento deste final de trimestre, ou co dato aterrador de que mais da metade das vitimas mortais nom tinham apresentado denúncia nengumha.

Intentando esquecer o ruido da Contrarreforma e os seus partidos-altofalantes, cumpre depois do 20-D fazer a necessária reflexom sobre a Lei, a sua aplicaçom e os seus resultados. Cumpre fazê-lo porque o número de denúncias diminuiu, analisando os datos dos ultimos anos, mas nom o delito,  porque as mulheres seguem morrendo polo feito de exercerem a sua liberdade. Cumpre fazê-lo porque os julgados específicos estám desbordados. Cumpre fazê-lo porque as novas geraçons estám repetindo estas condutas violentas e o modelo de relaçons afetivo-sexual que as sustenta e alenta.

A Contrarreforma tem um novo muro que tumbar. Umha morea de propostas que nos programas eleitorais ocupam um espaço cada vez mais prominente, o das propostas para rematar coa violência machista. Reformar a Lei para incluir todas as formas de violências contra as mulheres; aumentar a dotaçom dos Julgados Específicos; campanhas de educaçom popular; formaçom do pessoal sanitário e das forças de seguridade... e o Estatuto de Vítima de Feminicídio. Esta proposta intenta amparar também como vítimas da violência machista a aquelas crianças e a aqueles homes vítimas pola sua relaçom coa mulher sobre a que o machista quer exercer o controlo. Um Estatuto que se tem que redigir para melhorar, ao incluir a especificidade destes delitos, o Estatuto Jurídico da Vítima que entrou em vigor em setembro deste ano. Uns delitos com tanta particularidade como que case o 40% dos assassinos acabam suicidando-se.

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Blogue persoal: Caranza free opiniom.

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mércores, decembro 16, 2015

O voto decisivo, ... Por Lupe Ces

Por Lupe Ces [*]
16.12.2015


Nunca foi para mim tam difícil decidir o voto. O veram arrecendia a unidade. O optimismo prendia em muitas vontades. O outono veu murchar essas esperanças e adiantar um inverno que no meteorológico nom se deixou ver ainda. Agora cumpre decidir, arranxar o coraçom partido e situar-se, cada quem como se o seu voto fosse o decisivo.

Aí intentei colocar-me eu para saber que era o que eu devera fazer este domingo. E no impulso comunicativo, coa sua pinga de arriscado exibicionismo, que impulsa todo o que escrivo, quero argumentar o que é que vou fazer nesta cita eleitoral, das mais importantes que levo vivido.

Cumha mistura de medo e vertigem, acolhim as enquisas que asseguram o êxito da candidatura En Marea, e uns moi malos resultados para NÓS Candidatura Galega. Medo a que só umha das partes que estavam chamadas a construir um processo de unidade popular acade representaçom. Vertigem ao nom ter a seguridade de que só sejamos o punto 277 [1] dum programa eleitoral. Vertigem ao nom reconhecer-me no país que querem construir comigo. Medo a desaparecer no médio dumha estratégia, que coa melhor das vontades, quere colocar-mo-nos como povo numha táboa de surf que nom colhe a onda que precisamos. Medo a que essa táboa nom tenha o suficiente contrapeso e acabemos afogando em mares alheios.

O êxito de En Marea está assegurado, contam coas camas elásticas das televisons e os lideres mediáticos. Mas eu quero que também todo o capital político, de resistência cultural, social e humano que representa NÓS Candidatura Galega, tenha umha parte no poder político que se reparte o domingo no Estado. Porque quero ajudar a impulsar todo o processo de transformaçom e novos liderados que conseguiu o nacionalismo de esquerdas neste país, o meu, e que nom está completado. Um cámbio na metodologia política, no discurso, nos programas e propostas, que nom esta rematado, e nom se pode frustrar. Um cambio generacional que assegura um jeito de vê-lo mundo que tem no epicentro Galiza, a vontade de ser e exercer como naçom. Umha oportunidade de desembaraçar-se de servidumes a poderes económicos, que souberom, em ocassons, mechar às estruturas e influir em estratégias que os beneficiavam.

Se hai algumha possibilidade de que Galiza conte cum grupo parlamentar próprio nas Cortes, e que exerça essas funçons, vai ser coa palanca da representaçom de NÓS Candidatura Galega. Ademais pensar que a representaçom que pudera acadar NÓS, facendo-lhe caso a algumha das enquisas, pudera ser a costa de sacarlhe diputados ao PP, também é umha morbosa e saudável motivaçom a ter em conta.

Quero ir votar o domingo como se o meu voto fosse o decisivo, o que marque que a candidatura de NÓS tenha representaçom ou nom. Por mim nom vai ser. Eu vou botar NÓS Candidatura Galega.

Ferrol, 15 Dezembro 2015

[1] Programa de Podemos (Punto. 277 das páginas 188 e 189 - Direito a Decidir).
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[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Blogue persoal: Caranza free opiniom.

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16 de dezembro de 2015 11:36
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Relacionado:
Programa de Podemos (Punto. 277 das páxinas 188 e 189 - Dereito a Decidir, onde nin sequera se nos nomea, só a Catalunya - Galiza aparece nomeada nos puntos 368, 369 370 da páxina 249, onde se tratan tres asuntos: "Paralización de la A-57 para salvar los montes gallegos, Saneamiento de la ría del Burgo y Recuperación de la ría de Pontevedra"; e na páxina 321  para dicir que Breogán Rioboo é o Secretario Xeral Autonómico. Dun total de 322 páxinas que consta o citado Programa).
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mércores, outubro 07, 2015

O armário, ... por Lupe Ces

Olhavas aquel armário quando precisavas acobilho, quando o monstro aparecia, justo polo mesmo caminho, polos mesmos olhos, nos que noutros momentos agromava o amor, a paixom ou as migalhas de alegria. Umha alegria que axinha passou a ser só alivio, e logo, um longo e lousado silencio tenso.

Olhavas aquel armário e sentias um desejo irreparável de que te resgatasse de todo, daquela vida, dos paus, dos gritos, da vergonha... meter-te naquel armário e meter a cabeça entre as maos... e que o tempo parara, e que te deixaram em paz. Descansar, descansar até do sol, descansar del, descansar do horror...

Aquel armário nunca se abriu para ti... Nunca atopaches um armário para ti... Nem quando estiveste ante o juiz, nem quando estiveste nos médicos..., nem quando fuches ao salom a amanhar o cabelo, onde maquilharom as pegadas do monstro.

Aquel armário só se abriu para o teu corpo já sem vida, vida roubada no último arrebato da fera que bramia, polo mesmo caminho que saiam os beijos e as caricias. E ali estivo teu corpo dous dias, Silvina, naquel armário que quixo dar-te em morte o que nom te dera em vida.

Sodes moitas. Refugiadas fugindo do país do amor-trampa. Refugiadas entrando na terra do esquecimento. Sodes moitas.  Um mar de refugiadas de feridas abertas, de ossos rotos, de colos esganados, de carne desgarrada... Sodes moitas, derrotadas nesta guerra. Sodes moitas, e nom chega um só coraçom, nem partido em mil anacos, para ter-vos.

* Silvina, foi assassinada em Vigo, o 4 de outubro de 2015

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[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Blogue persoal: Caranza free opiniom.
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martes, xuño 30, 2015

Marea para quê?, ... Por Lupe Ces


Por Lupe Ces [*]
30.06.2015


É bem verdade que o jeito de participaçom política cambiou e ainda vai cambiar mais nos tempos acelerados que nos toca viver. Cumpre reflexionar e nom há muito tempo. Cumpre escoitar e a urgência da acçom política fai-nos mover na linha espaço-tempo, quando todo parece magma baixo os nossos pés.

Alguém me tem dito nestes días que se está a escrever pouco sobre o que hai que fazer. Pouco artigo de opiniom, pouco trabalho de reflexom compartilhado... E é de entender, pois o que era onte, hoje já nom o é, e anda todo em mudança, polo que, o que hoje se escreve, amanhá perdeu vigência.

Neste contexto hai cousas que se agradecen, como o artigo publicado em Praza Pública por Denis Fernandez, ou um recente documento sobre o proxecto estratégico de Anova, que marca algumas claves sobre esse novo jeito de participaçom. Asegura-se nesse documento que o compromisso político das maiorias sociais já nom é o gerado ao redor dunhas siglas ou dum modelo social moi elaborado e alcançável só a moi longo prazo. A cidadania está-se mobilizando, comprometendo-se na transformaçom social, em base a objectivos concretos. A confiança e a comunicaçom volvem-se ativos imprescindíveis nestes novos contextos.

Temos que cruzar o rio. O rio que nos separa da realidade que todas e todos padecemos, e chegar á outra beira, onde nos aguardam os direitos individuais e colectivos, roubados, conculcados ou nunca reconhecidos. Aí queremos pisar firme. A maioria recua ante o perigo de escorregar, isso está permitido só para as minorias apaixonadas das ideias e da açom política que nos permitimos umha e outra vez cair no rio e nos erguer. Agora, a maiores, a realidade aprema mais que nunca, e a urgência, impulsora desta possibilidade histórica de cambio, pode também atraiçoar-nos nas pedras resvaladiças.

Confiança e comunicaçom. A confiança cada dia está mais longe das forças políticas sistémicas que trapicheam cos votos e a representaçom, protagonistas de espetáculos bochornosos como os destes dias, onde com mais claridade que nunca, mostrarom as suas entranhas como o que verdadeiramente som: ninhos de poder, instrumentos para acapará-lo e exercé-lo desde umha minoria.

A confiança estase tecendo ao redor dos novos atores institucionais, que contagiam novos jeitos de fazer, e estam oxigenando a vida municipal. A confiança está viva nos movimentos sociais que dia a dia tecem redes de apoio mútuo. A confiança está nas redes familiares que, extenuadas, sustentam o dia a dia evitando o desastre humanitário de consequências imprevisíveis.

Começamos a cruzar o rio, e novembro é umha pedra mais nesta travessia sem retorno. Marea galega, para quê? Grupo Parlamentar galego, para quê? Estamos falando de objectivos políticos a curto prazo, desses que podem arrincar o compromisso político dumha maioria social que nos impulse á outra beira. Aí entra em jogo a comunicaçom. Explicar bem explicadinho para que vai servir, em que vai beneficiar e fortalecer essas redes de confiança das que falávamos.

Se nom está explicado até agora será porque quem o estám artelhando ainda se situam na porcentualidade da democracia da representaçom e a delegaçom, e nom na urgência de manter a vida, de sobreviver a este andaço de pobreza e exclusom, polo tanto na necessidade da democracia da participaçom e no espaço da ruptura para cambia-lo todo.

Comunicaçom. Expliquemos bem, logo, que a Marea Galega é a expressom genuína deste país, da vontade da maioria para unir-se. Expliquemos que a Marea Galega é a expressom máxima de generosidade por parte de quem leva toda a vida trabalhando por umha sociedade mais justa, e por quem acaba de incorporar-se á cidadania ativa. É o encontro entre diferentes que componem num caleidoscópio o prisma necessário. É a síntese possível e necessária, entre a experiencia, e a criatividade do que acaba de nascer, entre a regeneraçom do velho e o impulso do novo.

Comunicaçom. Expliquemos que essa unidade é imprescindível para estarmos todas e todos. Que o diverso nom colhe num molde rígido ou forneado noutra realidade, por moi boa vontade que se lhe reconheça ao forneiro. Expliquemos que para acometer os cámbios necessários que nos assegurem pam, trabalho, teito, saúde, educaçom, precisamos todas as mans, toda a força da Marea.

Comunicaçom. Expliquemos que nom queremos um Grupo Parlamentar Galego que se adique a impulsar iniciativas que só valham para engordar estatísticas de atividade parlamentar. Queremos um Grupo Parlamentar Galego numhas Cortes Constituintes, que seja decisório para formar o novo governo do estado, e polo tanto que nos coloque como território e identidade nacional no centro da decisom política, do processo de cambio. Um Grupo Parlamentar Galego que se alinhe coas forças rupturistas do estado para assegurarmo-nos os direitos nacionais, sociais e individuais.

Somemo-nos a esta estrategia brilhante, a esta oportunidade histórica, com generosidade, com humildade... Que nom no-lo bote a perder ninguém coas suas cozinhadas. Aqui nom sobra niguém, aqui ninguém se tem que apartar, construamos a Marea, e fagamos realidade este novo objectivo político: Grupo Parlamentar Galego de Mam Comúm.

Publicado no seu blogue pessoal Caranza free opiniom | 27 de Junho de 2015.

Foto o 29N de 2014 #OcupaObradoiro das Marchas da Dignidade.

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. e na Marea Artabra . Blogue persoal: Caranza free opiniom.
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sábado, maio 09, 2015

Mil vezes mortas! Para Isabel Fuentes,...Por Lupe Ces


Que razom tem a tua vizinha falando na prensa de que te matou duas vezes. A tua morte, a tua trágica morte, vai envolta em celofane vermelho e nos entra polos olhos como a mais real das series televisivas.

A tua morte Isabel. Ti, que só aspiravas a ser feliz, que ansiavas os momentos de tranquilidade passo a passo coa tua vizinha, confidencia a confidencia, que iam narrando unha historia, um modelo de vida e de amor que nom era o teu. Ti nom contavas nada, nem o bom nem o malo. Porque sempre hai cousas boas e malas Isabel, a vida é assim, as relaçons som assim, ... O que nom deve haver é controle, humilhaçom, tortura, submissom, maltrato... que construíam o teu silencio, o teu frio e mortal silencio.

Por isso ti e mais eu sabemos que nom te matou duas vezes. Sabemos que ti, que todas vós, sodes mil vezes mortas! Mortas em vida, coa morte do silencio, coa morte do medo das noites, coa morte do medo dos dias, coa morte que impom a ira, coa morte que impom a humilhaçom, coa morte que impom a vergonha...

E mil vezes mortas na morte, pola morte que impom a cumplicidade, pola morte que impom a impunidade, pola morte que impom a indiferença, pola morte que impom o machismo que se disfarça, que se agocha, que nos engana... ate que se abalança sobre algumha de nós para lançar-nos a um caminho sem retorno, onde conformades umha estela de dor, que parece aumentar ate o infinito.

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. e na Marea Artabra . Blogue persoal: Caranza free opiniom.
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domingo, febreiro 15, 2015

Aspaneps, por quê nos quedamos aí?, ... Por Lupe Ces

Lupe Ces [*]
15.02.2015


Estes dias saiam em prensa novas relacionadas coa entidade que xestiona a saúde mental da nossa infáncia nas comarcas de Eume, Ortegal e Ferrolterra. Umha entidade sem ánimo de lucro, que nasceu pola iniciativa das famílias que nos anos 80 começarom a reivindicar umha saída diferente á problemática educativa e psicológica das suas crianças. Passarom logo mais de três décadas sem conseguir que essa atençom á saúde mental infantil, fosse assimilada polo sistema público de saúde.

Ao melhor é que nem o intentamos... Houvo oportunidades políticas de que umha cousa tam importante como é a saúde das nenas e nenos nom dependera dunha iniciativa privada, isso sim, sem ánimo de lucro, mas privada na gestom, contrataçom..., e preferimos, mais umha vez, deixar que a infáncia mais vulnerável nom seja o epicentro das políticas públicas. Assim temos nestes momentos a saúde dos nossos nenos e nenas, pendente dum convenio ou dunhas ajudas...

O caso de Aspaneps [1] nom é único na nossa cidade, nem tampouco o de Aspanaes [2]. Se seguimos o rastro a menores em risco, que passarom a ser tutelados pola administraçom, temos a entidades religiosas ou associaçons que regentam centros privados, onde se derivam a estes menores e estas menores, via convênios. E nom podemos esquecer o feche dos dous centros públicos emblemáticos na nossa cidade, “Virgen del Carmen” e “Soutomaior”, e posterior privatizaçom dos serviços que prestavam, para passar a mans da “Fundación Camiña Social”, que regenta também o "Punto de Encontro Familiar" da nossa cidade. Nom devemos esquecer tampouco, a privatizaçom do centro “Souto de Leixa”, em mans de Clece, pertencente á multinacional ACS de Florentino Pérez, que arrastra desde a sua privatizaçom umha estela de conflitividade e precarizaçom do serviço, como denunciam repetidamente as famílias.

O dinheiro público, e o que é mais importante, a responsabilidade social, de todas e todos, no coidado da infáncia, na custodia da sua integridade, segue em mans privadas. Realmente apenas a abandoou desde o franquismo, como se o coidado da infáncia, se reduzira ao ámbito privado ou assistencial da beneficência ou caridade.

As associaçons que acolhem à infáncia em situaçom de risco social e familiar, derivam também a matricula escolar a centros religiosos, "Cristo Rey", "Compañía de María", "Tirso de Molina". Salvo no caso da "Asociación Dignidad", de confessom evangélica, que deriva a matrícula a centros públicos por razons obvias. Eis o circulo pechado que gestiona os direitos da infáncia e o investimento público.

Por isso nom deixa de chamar a atençom que as organizaçons e partidos que defendem a sanidade pública, os serviços públicos, fiquem ai, numha simple reclamaçom de melhora dum convênio ou subsídios, na vez de reclamar que todo o que tem a ver coa saúde, maiormente da infáncia; todo o que tem a ver coa custodia, coidado, defesa dos direitos e interesse das menores e dos menores... fique a salvo da gestom privada e da provisionalidade dos convénios.

Questom a parte som os direitos laborais adquiridos polas trabalhadoras e trabalhadores destes centros, que num processo de recuperaçom para o sistema público, sempre haverá que respeitar. Luitar, reivindicar e conseguir o poder político suficiente para a recuperaçom destes serviços públicos vinculados aos direitos da infáncia e o direito universal à saúde, leva associado também a qualidade e a seguridade no emprego.

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Blogue persoal: Caranza free opiniom.

[1] Asociación de Pais de Nenos con Problemas Psico-Sociais - Aspaneps.
[2] Asociación de Pais de Persoas con Trastorno do Espectro Autista - Aspanaes.


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Lupe Ces
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15 de fevereiro de 2015 13:31
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mércores, setembro 24, 2014

Soas nom!, ... Por Lupe Ces


Por Lupe Ces [*]
24.009.2014

Mónica , hoje nom pensei só em ti. Pensei em todas as mulheres ameaçadas, extorsionadas... e pensei em todas as nenas de dezasseis anos que nom vam ser obrigadas a ser nais. Demitiu o ministro, desbotou-se a lei... alegremo-nos.

Mónica, hoje nom pensei só em ti, mas levo dias pensando em ti. Ainda que nunca te vejo soa. Sempre com Elisa, a de Cabanas, que che acompanha em silêncio, como se o feito de que o seu assassino, depois dum ano, esteja ainda falando livre, a condena-se a ela, ainda depois de morta, a um silencio profundo.

Mas eu nom veia o dia no que falar contigo. Mais bem, nom queria vê-lo, porque me faltava valor. Valor para fazer-che as perguntas que nom sei se contestarás. Valor, porque hai que ter valor para olhar-vos a todas vós, assassinadas, suicidadas, mortas polo machismo.

Mas permite Mónica que intente compreender como fuches quem de ter ti tanto valor, como foi que juntaches forças para dizer nom, como fuches quem de falar co teu assassino, de liberdade, da tua liberdade. Tantas e tantas horas mantendo a vida, del, das tuas filhas, da família e doutras famílias...  Mas el nom queria a vida, nom queria às filhas, nom sabia querer-te a ti, e nom sabia querer-se a el mesmo...

O machismo é umha erva invasora que destrói os coraçons. Um mal cancro que devora ao ser humano e sementa morte. Um ébola mortal para a felicidade. Ti olhaches de fronte, quiseste soa combater à besta. Sabemos que soas nom podemos. Mulheres valentes! Soas nom! Nom queremos mais mortes!
[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21. Participa nas Marchas da Dignidade. Blogue persoal: Caranza free opiniom.
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- A Sororidade, é uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo (construir desconstruindo, apoio mutuo, feminismo, afetividade, unidade na luita, ...).
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xoves, agosto 14, 2014

Temos á mestra atada no pátio, ... Por Lupe Ces


Por Lupe Ces [*]
14.08.2014


Nesta cidade somos como esse grupo de crianças que corre polo pátio da escola, e uns abusons se lhes achega a roubar a pelota, ou simplesmente a empurra-las porque sim, porque estavam aí. Somos todas aquelas crianças a quem se lhes rouba o bocadilho no recreio para tirar-lho ao cham e esmagar-lho co pé. E nom temos mestra a quem acudir, está amarrada de pés e mans no médio do patio e cunha banda posta nos olhos. Ademais agora, hai que pagar taxas para achegar-se a ela. Asim somos...

Hai uns dias davam-nos nos focinhos co do dique flotante, mas neste último recreio os abusóns dérom-nos cumhas lonas publicitarias que invadem a cidade. Falam de seguir comendo com tranquilidade o marisco da Ria, falam de banhar-se e gozar das suas augas... Falam de saneamento... No-lo dizem ou no-lo contam? Tenhem-nos que explicar mediante campanha publicitária que ter umha Ria saneada é cousa boa? Temos que pagar a autopropaganda do governo do Partido Popular?

Um novo insulto, unha nova burla. Porque os abusons forom os que permitirom que se lixara a Ria... Porque os abusons som os que levam retrasando a sua recuperaçom... Porque os tanques de tormenta que estám construindo só vam ser aliviadoiros. O sistema de saneamento polo que apostarom é obsoleto (mestura augas pluviais e residuais) e o seu funcionamento vai ser energeticamente moi custoso (irá no nosso recibo), e as grandes industrias vam seguir vertendo... Pero eles nom escoitam quando se lhes quere explicar, mesmo quando se elaboram alternativas para solucionar ou paliar esta chapuza, como fai a "Comisión Social de Seguimento do proxecto e obras de saneamento da marxe norte da Ría de Ferrol"...

Temos poucas oportunidades na vida de aprender a defender-nos dos abusons. Cumpre fazer-lhes frente no pátio. Ailha-los, mostrar-lhes que somos máis, e que se nos tocam a umha, tocam-nos a todas. Temos que conseguir que aqueles que lhes vam detrás, por medo ou por admiraçom, se convençam de que podem ser as suas vítimas em qualquer minuto do próximo recreio. E que ademais, o patio é de todas, polo que nom se lixa, coida-se, respecta-se... Se nom fazemos isso de crianças, nunca seremos pessoas adultas. Sempre teremos abusons nas instituiçons, nas empresas, nas ruas, nas casas... e seguiremos aguardando indefinidamente a que alguém desate á mestra no patio, para que venha a salvar-nos. Quererá esta cidade madurar de vez? Entrar na idade adulta?

[*] Lupe Ces Rioboo -Caranza Ferrol 1958, é mestra, activista social, integrante da Marcha Mundial das Mulleres e da Rede Social de Ferrol Terra. Forma parte do Consello Editorial de Altermundo e do Colectivo Ártabra 21.
Blogue persoal: Caranza free opiniom.
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