sábado, febreiro 14, 2009

"Exterminem todos os brutos": Gaza 2009

Por Noam Chomsky
19 de Xaneiro de 2009

O poder dos homens do Hamas permanece intacto, e a maior parte dos que sofreram em Gaza é de civis: um resultado positivo, segundo uma doutrina muito bem difundida, a do terrorismo de Estado. Israel calculou que seria vantajoso parecer que “estava ficando louco”, causando terror largamente desproporcional à população. O recado era claro: deixem de apoiar o Hamas. Enquanto isso, observamos calmamente um evento raro na história, que o velho sociólogo israelense, Baruch Kimmerling, chamou de “politicídio”, o assassinato de uma nação.
Data: 13/02/2009
Artigo publicado originalmente no site de Noam Chomsky, em 19 de janeiro de 2009, um dia antes da posse do presidente dos EUA, Barack Obama.

No sábado, 27 de dezembro, teve início o mais recente ataque de EUA-Israel contra palestinos desamparados. O ataque foi meticulosamente planejado, por mais de seis meses, de acordo com a imprensa israelense. O plano tinha dois componentes: militar e propaganda. Baseou-se nas lições da invasão israelense do Líbano em 2006, que foi considerada pobremente planejada e mal divulgada. Podemos, então, estar razoavelmente confiantes em que a maior parte do que vem sendo feito e dito foi intencional e programado.

Isso certamente inclui o momento do ataque: pouco antes do meio-dia, quando as crianças estavam retornando da escola e multidões circulavam nas ruas densamente povoadas da Cidade de Gaza. Levou apenas poucos minutos para matar mais de 225 pessoas e ferir 700, um auspicioso começo de massacre em massa de civis indefesos, presos numa minúscula jaula sem saída.

Na sua retrospectiva “Inventário das Conquistas da Guerra de Gaza”, o correspondente do New York Times, Ethan Bronner, citou um dos mais significativos desses ganhos. Israel calculou que seria vantajoso parecer que “estava ficando louco”, causando terror largamente desproporcional, uma doutrina cujos traços remontam aos anos 50. “Os palestinos em Gaza entenderam a mensagem no primeiro dia”, escreveu Bronner, “quando os aviões de guerra de Israel atacaram numerosos alvos simultaneamente no meio da manhã de um sábado. Uns 200 morreram instantaneamente, surpreendendo o Hamas e na verdade toda Gaza”. A tática do “estava ficando louco” aparentemente tinha sido bem sucedida, concluiu Bronner: há “certas indicações de que a população de Gaza sentiu tanta dor com essa guerra que buscará pôr um freio no Hamas”, o governo eleito. Essa é outra velha doutrina do terrorismo de estado. Eu não lembro, incidentalmente, da retrospectiva do Times “Inventário das Conquistas da Guerra da Chechênia”, ainda que nesta os ganhos tenham sido grandiosos.

O meticuloso plano também incluía o término do assalto, cuidadosamente marcado para logo antes da posse, a fim de minimizar a (remota) ameaça de que Obama pudesse dizer algumas palavras críticas a esses viciosos crimes apoiados pelos EUA.

Duas semanas depois do Sabbath que inaugurou o assalto, com Gaza já espatifada e com o número de mortos chegando a 1000, a agência das Nações Unidas UNRWA, da qual muitos habitantes de Gaza dependem para sobreviver, anunciou que o exército israelense proibiu o carregamento de ajuda para Gaza, alegando que as estradas estavam fechadas devido ao Sabbath. Para honrar o dia sagrado, aos palestinos no limite de sobrevivência deveriam ser negados comida e medicamentos, enquanto centenas podem ser massacrados pelos aviões de bombardeio norte-americanos e por helicópteros.

Crueldade e cinismo em notas de rodapé

A rigorosa observância do Sabbath nesse duplo sentido atraiu pouco noticiário. O que faz sentido. Nos anais da criminalidade norteamericana-israelense, tamanha crueldade e tamanho cinismo merecem pouco mais que uma nota de rodapé. São também familiares. Para citar um paralelo relevante, em Junho de 1982 a invasão israelense apoiada pelos EUA no Líbano começou com um bombardeio do campo de refugiados palestinos de Sabra e Shatila, que depois iriam se tornar famosos como lugares de massacres terríveis supervisionados pelas IDF (Forças de “Defesa” Israelenses, o exército de Israel). O bombardeio atingiu o hospital local – o hospital de Gaza – e matou mais de 200 pessoas, de acordo com o relato de uma testemunha ocular, um acadêmico norte-americano especialista em Oriente Médio. O massacre foi o ato inicial de uma invasão que chacinou entre 15 e 20 mil pessoas e destruiu a maior parte do sul do Líbano e Beirute, e se realizou com o crucial apoio militar e diplomático dos EUA. Isso inclui vetos nas resoluções do Conselho de Segurança visando a deter a agressão criminosa que estava sendo cometida, e mal escondida, para defender Israel da ameaça de um acordo político pacífico, contrário a muitas fabricações convenientes relativas ao sofrimento dos israelenses sob intensos foguetes, uma fantasia de apologistas.

Tudo isso é normal e bastante discutido abertamente pelos altos oficiais israelenses. Trinta anos atrás o alto comandante do exército israelense, Mordechai Gur observou que desde 1948 “temos lutado contra uma população que vive em vilas e cidades”. Como o mais proeminente analista militar, Zeev Schiff resumiu em suas observações, “o exército israelense sempre atacou populações civis, proposital e conscientemente...o exército”, disse ele, “nunca distinguiu alvos civis [de militares]...mas propositalmente atacou alvos civis”. As razões foram apresentadas pelo distinto homem de estado Abba Eban: “havia um projeto racional, em última análise alcançado, de que as populações afetadas iriam fazer pressão para que as hostilidades cessassem”. O efeito, como Eban entendeu bem, seria permitir a Israel implementar, sem distúrbios, seus programas de expansão ilegal e de repressão áspera.

Eban estava comentando uma análise do primeiro ministro Begin, do governo trabalhista, sobre os ataques desferidos contra civis, apresentando um quadro, disse Eban, “em que Israel brutalmente inflinge morte e aflição em populações civis, num estado de ânimo reminiscente de regimes que nem o senhor Begin nem eu ousaríamos mencionar os nomes”. Eban não contestava os fatos analisados por Begin, mas o criticava por tê-los exposto publicamente. Não concernia a Eban, nem a seus admiradores, que sua defesa do sólido terror de estado também seja reminiscente de regimes que ele não ousaria mencionar o nome.

A tentativa de "educar" o Hamas

As justificações de Eban do terror de estado são tomadas como convincentes por autoridades respeitadas. Enquanto o recente ataque israelo-estadunidense ainda fazia barulho, o colunista do Times, Thomas Friedman, explicava que a tática atual de Israel, como aquela adotada durante a invasão do Líbano em 2006, estava baseada num princípio louvável: “tentar educar” o Hamas, ao inflingir perdas pesadas aos seus militantes e sofrimentos terríveis à população de Gaza”. Isso se compreende em termos pragmáticos, como foi o caso no Líbano, em que “a única dissuasão de longo prazo foi expor os civis – as famílias e empregados dos militantes – a calamidades, para que eles não apóiem o Hizbollah no futuro”. E, por uma lógica similar, o esforço de Bin Laden para “educar” os americanos no 11 de Setembro foi altamente louvável, bem como os ataques nazistas a Lídice e Oradour, a destruição que Putin causou em Grozny, e outras notáveis tentativas de “educação”.

Israel tem envidado esforços para tornar clara sua dedicação a esses princípios reguladores. O correspondente do New York Times, Stephen Erlanger, reporta que os grupos israelenses de direitos humanos estão “perturbados com os ataques israelenses em prédios que acreditam devam ser classificados como civis, como o parlamento, as delegacias de polícia e o palácio presidencial” - e, podemos acrescentar, vilas, casas, campos de refugiados densamente povoados, sistemas de água e esgoto, hospitais, escolas e universidades, mesquitas, instalações de ajuda humanitária das Nações Unidas, ambulâncias e na verdade qualquer coisa que possa aliviar a dor de vítimas sem valor. Um oficial sênior da inteligência do IDF explicou que o exército “atacou ambos os aspectos do Hamas – sua ala de resistência ou militar e seu dawa, ou ala social”, esta última, um eufemismo para a sociedade civil. “Ele argumentou que o Hamas era um todo”, continua Erlanger, “e, numa guerra, seus instrumentos de controle político e social eram alvos tão legítimos com o são seus abrigos dos foguetes”.

Nem Erlanger nem seus editores acrescentaram qualquer comentário quanto à defesa aberta e à prática de terrorismo em massa alvejando civis, embora correspondentes e colunistas afirmem sua tolerância e mesmo a defesa de crimes de guerra, como já se notou. Mas, para manter a regra, Erlanger não deixa de enfatizar que os foguetes do Hamas são “uma óbvia violação do princípio de discriminação e se encaixa na clássica definição de terrorismo”.

Assim como outros especialistas em Oriente Médio familiarizados com a região, Fawwaz Gerges observa que “o que os oficiais israelenses e seus aliados americanos não avaliam é que o Hamas não é apenas uma milícia armada, mas um movimento social com uma grande base popular profundamente consolidada na sociedade”. Portanto, quando eles levam ao cabo seus planos de destruir a “ala social” do Hamas, estão visando a destruir a sociedade palestina.

Talvez Gerges esteja sendo gentil demais. É muitíssimo improvável que os oficiais israelenses e norte-americanos – ou a mídia e outros colunistas – não tenham uma avaliação desses fatos. Antes, eles implicitamente adotam a perspectiva tradicional daqueles que monopolizam os meios de violência: com um soco norte-americano esmagamos toda oposição, e se o saldo civil de nossos ataques brutais é pesado, também é bom: pode ser que os sobreviventes venham a ser convenientemente educados.

"São vileiros com armas"

Os oficiais israelenses entendem claramente que estão destruindo a sociedade civil palestina. Ethan Bronner cita um coronel israelense que diz que ele e seus homens não estão muito “impressionados com os combatentes do Hamas”. “São vileiros com armas”, declarou um atirador num blindado de transporte da tropa. Eles parecem com essas vítimas da criminosa operação “mão de ferro” do IDF no sul ocupado do Líbano, em 1985, dirigida por Shimon Peres, um dos maiores líderes terroristas da era da “Guerra contra o Terror” de Reagan. Durante essas operações, os comandantes israelenses e os analistas de estratégia explicaram que as vítimas eram “vileiros terroristas” difíceis de erradicar, porque “esses terroristas operam com o apoio da maior parte da população local.” Um comandante israelense reclamou que “o terrorista... tem muitos olhos aqui, porque ele vive aqui”, enquanto o correspondente militar do Jerusalém Post descreveu os problemas que as forças israelenses enfrentaram, combatendo “mercenários terroristas”, “fanáticos suficientemente dedicados a suas causas a ponto de correrem o risco de serem mortos enquanto lutam contra as IDF”, que deve “manter a ordem e a segurança” no sul ocupado do Líbano, a despeito 'do preço' que os seus habitantes terão de pagar”. O problema tem sido familiar aos dos norte-americanos no Vietnã do Sul, aos dos russos no Afeganistão, aos dos alemães na Europa ocupada, e a outros agressores que vêem a si como implementando a doutrina Gur-Eban-Friedman.

Gerges acredita que o terror israelo-norte-americano vai fracassar. O Hamas, ele escreve, “não pode ser exterminado sem que 500 mil palestinos sejam massacrados. Se Israel for bem sucedido matando os líderes mais antigos do Hamas, uma nova geração, mais radical que essa, rapidamente os substituirá. Hamas é um fato da vida. Ele não vai desaparecer, e não vai levantar a bandeira branca, não importa quantas perdas sofra”.

Talvez, mas sempre há uma tendência a subestimar a eficácia da violência. É particularmente esquisito que uma crença como essa se sustente nos EUA. Por que eles estão aqui?

O Hamas é frequentemente descrito como “apoiado pelo Irã, que quer a destruição de Israel”. Será difícil encontrar algo como “democraticamente eleito Hamas, que há muito vem demandando um acordo pelos dois estados com base no consenso internacional” - bloqueado por trinta anos pelos EUA e Israel, que rejeitam o direito dos palestinos à autodeterminação. Tudo isso é verdade, mas não é útil para a agenda [Party Line], portanto, é dispensável.

Esses detalhes mencionados acima, ainda que menores, nos ensinam algo a respeito de nós mesmos e de nossos clientes. Entre outras coisas. Para mencionar uma delas, quando o último assalto israelo-norte-americano em Gaza começou, um pequeno barco, o Dignity, estava a caminho de Gaza, vindo do Chipre. Os médicos e ativistas dos direitos humanos que estavam a bordo pretendiam furar o bloqueio criminoso de Israel e levar suprimentos médicos à população aprisionada. A Marinha Israelense interceptou o barco em águas internacionais, bateu e quase o afundou, até o Dignity se dirigisse a duras penas para o Líbano. Israel publicou suas mentiras de rotina, refutada por jornalistas e passageiros a bordo, inclusive o correspondente da CNN, Karl Penhaul, e a representante norte-americana, ex-candidata a presidente pelo Partido Verde, Cynthia McKinney.

Esse é um crime sério – muito pior, por exemplo, do que sequestrar barcos na costa da Somália. Foi pouco noticiado. A aceitação tácita desses crimes reflete o entendimento de que Gaza é um território ocupado, e que Israel está autorizado a implementar seus programas de punição da população civil por desobedecer aos seus comandos – sob os pretextos aos quais sempre retornamos, quase universalmente aceitos, mas claramente frouxos.

Mais uma vez, a falta de atenção faz sentido. Por décadas Israel vem sequestrando barcos em águas internacionais entre o Chipre e o Líbano, matando ou sequestrando passageiros, algumas vezes levando-os para as prisões de Israel, inclusive para prisões secretas e câmaras de tortura, para tomá-los como reféns durante anos. Se essas práticas são rotina, por que tratar um novo crime com mais do que um bocejo? O Chipre e o Líbano reagem bastante, mas o que são esses países na ordem das coisas?


Ditadura egípcia, o mais vergonhoso dos regimes árabes

Quem se preocupa, por exemplo, se o editor do Libano Daily Star, geralmente pró-ocidente, escreve que “algo como um milhão e meio de pessoas em Gaza estão sendo submetidas à administração assassina de uma das mais avançadas tecnologicamente, mas moralmente regressivas, máquinas de guerra”? É frequentemente sugerido que os palestinos se tornaram para o mundo árabe o que os judeus eram para a Europa no período pré-Segunda Guerra, e há algo de verdadeiro nessa interpretação. Como algo tão repugnantemente adequado, que, assim como europeus e norte-americanos viraram as costas quandos os nazis perpetravam o holocausto, os árabes estão buscando um jeito de não fazer nada, enquanto os israelenses massacram as crianças palestinas”. Talvez o mais vergonhoso dos regimes árabes seja a brutal ditadura egípcia, a beneficiária de muita ajuda militar norte-americana, além de Israel.

De acordo com a imprensa libanesa, Israel ainda “sequestra rotineiramente civis libaneses do lado libanês da Linha Azul [a fronteira internacional], mais recententemente em Dezembro de 2008". E, é claro, “os aviões israelenses invadem o espaço aéreo libanês, numa violação diária da Resolução 1701 das Nações Unidas” (O acadêmico libanês Amal Saad-Ghorayeb, Daily Star, 13 de Janeiro). Isso também vem acontecendo há muito tempo. Quando condenou a invasão do Líbano em 2006, o proeminente analista estratégico israelense, Zeev Maoz, escreveu na imprensa israelense que:

“Israel violou o espaço aéreo libanês ao levar a cabo missões de reconhecimento quase diariamente, desde a retirada do sul do Líbano, seis anos atrás. É verdade que esses sobrevôos de reconhecimento não causaram quaisquer baixas, mas uma violação de fronteira é uma violação de fronteira. Aqui, também, Israel não tem a moral elevada”.

E em geral não há base para o “consenso estabelecido em Israel de que a guerra contra o Hizbollah no Líbano seja apenas uma guerra moral e justa”, um consenso “baseado numa memória seletiva de curto prazo, numa perspectiva introvertida e segundo critérios dúbios. Essa não é uma guerra justa, o uso da força é excessivo e indiscriminado, e seu fím último é a extorsão”.

Como Maoz também lembra aos seus leitores israelenses que sobrevôos com bombas de som para aterrorizar libaneses são os menores dos crimes de Israel no Líbano, aparte as cinco invasões desde 1978:

“Em 28 de julho de 1988 as Forças Especiais Israelenses sequestraram Sheikh Obeid, e em 21 de maio de 1994 Israel sequestrou Mustafa Dirani, responsável pela captura do piloto israelense Ron Arad [quando ele estava bombardeando o Líbano em 1986]. Israel mantém cativos esses e mais 20 libaneses capturados em circunstâncias não esclarecidas na prisão por longos períodos, sem julgamento. Eles foram usados como 'moeda de barganha' humana. Aparentemente, quando o Hizbollah sequestra israelenses para fins de 'troca' de prisioneiros se trata de algo moralmente repreensível, e militarmente passível de penalidade; mas não se é Israel que está fazendo exatamente a mesma coisa” e numa escala muito maior e ao longo de muitos anos.

As práticas corriqueiras de Israel são significativas mesmo se não levamos em conta o que elas revelam da criminalidade israelense e do apoio que o Ocidente lhe dá. Como indica Maoz, essas práticas revelam a completa hipocrisia da exigência standard de que Israel tinha o direito de invadir o Líbano mais uma vez, em 2006, quando soldados israelenses foram capturados na fronteira, na primeira violação de fronteira protagonizada pelo Hizbollah nos seis anos que se seguiram à retirada de Israel do sul do país que ocupou, violando as ordens do Conselho de Segurança da ONU e retrocedendo 22 anos, enquanto durante esses seis anos Israel violou a fronteira quase diariamente com impunidade e silêncio, do lado de cá.

Mais uma vez, a hipocrisia é rotina. Então Thomas Friedman, enquanto explica como essa sub-raça deve ser “educada” pela violência terrorista, escreve que a invasão israelense do Líbano em 2006, destruindo de novo a maior parte do sul do país e Beirute e matando mais 1000 civis é apenas um ato de autodefesa, respondendo ao crime do Hizbollah de “lançar-se numa guerra não provocada através da fronteira Israel-Líbano reconhecida pelas Nações Unidas, depois da retirada unilateral de Israel do Líbano”.

Deixando de lado a mentira, ataques terroristas muito mais destrutivos e mortíferos contra israelenses do que qualquer um que tenha sido desferido estariam plenamente justificados, em resposta às práticas israelenses no Líbano e em alto mar, que excedem vastamente o crime do Hizbollah de capturar dois soldados na fronteira. O veterano especialista em Oriente Médio do NYT certamente sabe desses crimes, ao menos se leu o próprio jornal em que escreve: por exemplo, o parágrafo 18 de uma história de trocas de prisioneiros em Novembro de 1983 que observa, casualmente, que 37 dos prisioneiros árabes “tinham sido capturados recententemente pela Marinha Israelense enquanto tentavam ir do Chipre a Trípoli”, no norte de Beirute.

"Isso somos nós e aquilo, eles"

É claro que todas essas conclusões sobre ações adequadas contra os ricos e poderosos estão baseadas num vício fundamental: isso somos nós e aquilo, eles. Esse é um princípio crucial, profundamente enraizado na cultura Ocidental, suficiente para solapar até a mais precisa analogia e o mais impecável raciocínio.

Enquanto escrevo, um outro barco se dirige de Chipre para Gaza, “levando suprimentos médicos de urgência em caixas seladas, verificadas pelas alfândegas no Aeroporto Internacional de Larnaca e no Porto de Larnaca”, dizem os organizadores. Os passageiros incluem membros do Parlamento Europeu e médicos. Israel tem sido notificado do seu intento humanitário. Com suficiente pressão popular, eles devem conseguir realizar sua missão em paz.

Os novos crimes que os EUA e Israel vêm cometendo em Gaza nas últimas semanas não se encaixam facilmente em nenhuma categoria standard – à exceção da categoria familiaridade. Eu acabei de dar vários exemplos, e vou retornar a outros. Literalmente, os crimes caem sob a categoria oficial das definições governamentais dos EUA de “terrorismo”, mas essa designação não captura sua enormidade. Eles não podem ser chamados de “agressão”, porque estão sendo conduzidos em território ocupado, como os EUA tacitamente concede. Na sua história geral dos assentamentos israelenses em territórios ocupados, os Senhores da Terra [Lords of the Land], Idit Zertal e Akiva Eldar dizem que, depois de Israel ter retirado suas forças de Gaza em agosto de 2005, o território arruinado não foi liberado “por nem sequer um dia do controle militar israelense ou do preço da ocupação que seus habitantes pagam todos os dias...Israel deixou para trás terra arrasada, serviços devastados e pessoas sem presente nem futuro. Os assentamentos foram destruídos num movimento não generoso de um ocupante não esclarecido, que de fato continua a controlar o território e mata e molesta seus habitantes por meio de seu formidável poder militar” - exercido com extrema selvageria, graças ao apoio fime e à participação dos EUA.

O ataque israelo-norte-americano em Gaza intensificou-se em janeiro de 2006, poucos meses depois da retirada formal dos assentamentos, quando os palestinos cometeram um verdadeiro crime hediondo: eles votaram “errado” numa eleição livre. Como outros, os palestinos aprenderam que não se desobedece impunemente aos comandos do Senhor, que continua a tagarelar seu “anseio por democracia”, sem suscitar ridículo nas classes educadas, outra conquista impressionante.

À medida que os termos “agressão” e “terrorismo” são inadequados, algum termo novo é necessário para a tortura sádica e covarde de um povo enjaulado, sem possibilidade de escapar, enquanto estão sendo reduzidos a pó pelo mais sofisticado dos produtos da tecnologia militar norte-americana – usado na violação de leis internacionais e mesmo das próprias leis norte-americanas, mas por auto-declarados estados fora-da-lei, o que é apenas mais uma tecnicalidade menor.

Também é tecnicalidade menor o fato de que em 31 de dezembro, enquanto os habitantes aterrorizados de Gaza procuravam desesperadamente abrigo do ataque brutal, Washington contratou um navio mercante alemão para transportar da Grécia para Israel um pesado carregamento de 3000 toneladas de munição “não identificada”. Essa expedição “segue o fretamento de um navio comercial que transporta dos EUA para Israel um carregamento muito maior de material bélico, antes do ataques aéreos de dezembro sobre a faixa de Gaza”, disse a Reuters.

Tudo isso mais 21 milhões de dólares em ajuda militar norte-americana fornecida pela administração Bush a Israel, a maioria sob a forma de subvenções. “A intervenção de Israel na Faixa de Gaza foi fortemente alimentada pelas armas fornecidas pelos EUA, pagas com dinheiro dos contribuintes”, informou a New American Foundation, que monitora o comércio de armamento. A última expedição foi interditada por uma decisão do governo grego de impedir a utilização de seus portos para “aprovisionamento do exército de Israel”.

A resposta da Grécia aos crimes israelenses apoiados pelos EUA é bastante diferente da performance covarde da maior parte dos dirigentes da Europa. Essa distinção mostra que Washington talvez tenha sido bastante realista ao tomar a Grécia como parte do Oriente Médio, não da Europa, até o golpe em 1974 da ditadura fascista sustentada pelos EUA. Pode ser que a Grécia seja civilizada demais para fazer parte da Europa.

Caso alguém tenha achado o momento da entrega das armas a Israel curioso, o Pentágono tem uma resposta: o carregamento chegaria muito tarde para que desse tempo de ser usado no ataque à Faixa de Gaza, e o material militar, o que quer que ele seja, devia estar pré-posicionado em Israel para o uso do exército norte-americano. Talvez seja exatamente isso. Um dos numerosos serviços que Israel oferece a seu patrão é o de lhe fornecer uma base militar na periferia de uma das maiores fontes energéticas do mundo. Pode portanto servir de base avançada para uma agressão dos EUA – ou, para utilizar termos técnicos, para “defender a região do Golfo” e “assegurar sua estabilidade”.

O enorme fluxo de armas para Israel serve a muitos propósitos. O analista político do Oriente Médio, Mouin Rabbani, observa que Israel pode testar novas armas contra alvos indefesos. Isso serve a Israel e aos EUA “duplamente, de fato, uma vez que as versões de menor performance dessas mesmas armas são vendidas com preços inflacionados aos estados árabes, que contribuem eficazmente para a indústria miliar dos EUA e para as subvenções militares norte-americanas, em Israel”. Essas são funções suplementares que Israel exerce num Oriente Médio dominado pelos Estados Unidos, e uma das razões pelas quais Israel é tão favorecido pelas autoridades estatais [dos EUA], juntamente a uma série de corporações norte-americanas de alta tecnologia e, é claro, a indústrias militares e de inteligência.

As armas e treinamentos dos EUA desempenharam papel em 20 das 27 maiores guerras em 2007

Deixando Israel de lado, os EUA são de longe o maior fornecedor de armas do mundo. O relatório recente da New American Foundation conclui que “as armas e treinamentos dos EUA desempenharam papel em 20 das 27 maiores guerras em 2007”, obtendo uma receita de 23 bilhões de dólares que aumentou para 32 bilhões, em 2008. É pouco impressionante que, dentre as inúmeras resoluções da ONU a que os EUA se opôs na sessão de dezembro de 2008 estava uma solicitando regulação do comércio de armas. Em 2006, só os EUA votou contra o tratado, mas em novembro de 2008 ganhou um novo parceiro: Zimbábue.

Também houve outros votos notáveis na sessão de dezembro da ONU. Uma resolução relativa ao “direito do povo palestino à autodeterminação” foi aprovada por 173 a 5 (EUA, Israel, dependências das Ilhas Pacíficas; os EUA e Israel com pretextos evasivos). O voto reafirma a postura de rejeição israelo-norte-americana, enveredando no isolamento internacional. Da mesma maneira, uma resolução defendendo a “liberdade universal de viajar e a importância vital do reagrupamento familiar” foi adotada com a oposição de Israel, EUA e as dependências das Ilhas Pacíficas, presumivelmente com os palestinos na cabeça.

Votando contra o direito ao desenvolvimento, os EUA perderam Israel mas ganharam a Ucrânia. Votando contra o “direito à alimentação”, os EUA esteve sozinho, um fato particularmente notável, diante da enorme crise alimentar, obscurecendo a crise financeira que ameaça as economias ocidentais.

Há boas razões por que o registro desses votos é consistentemente escondido e despachado para o recôndito da memória de toda mídia e dos intelectuais conformistas. Não seria inteligente revelar ao público o que os votos de seus representantes implicam. No caso presente seria claramente inútil deixar o público saber que a postura de rejeição de Israel e dos EUA, impedindo um acordo de paz há muito defendido pelo mundo, chega ao extremo de negar aos palestinos até mesmo o direito abstrato de autodeterminação.

Um dos heróicos voluntários em Gaza, o médico norueguês Mads Gilbert descreve a cena de horror como uma “guerra total dirigida contra a população civil de Gaza”. Ele avalia que metade das perdas é de mulheres e crianças. Dentre os homens, quase todos também são civis, em padrões civilizados. Gilbert informa que mal viu, dentre as centenas de corpos, uma perda militar. O IDF concorda. O Hamas “ou combate de longe ou não combate, simplesmente”, disse Ethan Bronner, enquanto informa, “inventariando os ganhos” do ataque israelo-norte-americano.

Então, o poder dos homens do Hamas permanece intacto, e a maior parte dos que sofreram é de civis: um resultado positivo, segundo uma doutrina muito bem difundida.

Essas estimativas foram confirmadas pelo sub-secretário geral da ONU para assuntos humanitários, John Holmes, que informou ser uma “estimativa confiável” a de que a maior parte dos civis mortos eram mulheres e crianças, numa crise humanitária que “está piorando a cada dia, enquanto a violência continua”. Mas poderíamos ficar confortáveis com as palavras da Ministra israelense para Assuntos Estrangeiros, Tzipi Livni, a pomba pacifista da atual campanha eleitoral, que assegurou ao mundo que não há “crise humanitária” em Gaza, graças à benevolência israelense.

Como outros que se preocupam com seres humanos e seus destinos, Gilbert e Holmes imploraram por um cessar-fogo. Mas não agora. “Nas Nações Unidas, os EUA impediu o Conselho de Segurança de fazer uma declaração formal no sábado à noite, pedindo um imediato cessar-fogo”, mencionou, de passagem, o NYT. A razão oficial era que “não há indicação de que o Hamas iria respeitar qualquer acordo”. Nos anais das justificações do deleite de massacrar, essa deve estar entre as mais cínicas. Isso tudo certamente sob Bush e Rice, que seriam em breve substituídos por Obama, o qual repete com compaixão que “se os mísseis caíssem sobre minhas duas filhas dormindo, eu faria tudo para pôr um fim nisso”. Ele fazia referência às crianças israelenses, não às centenas de crianças aos pedaços, na Faixa de Gaza, com armas dos EUA. Além disso, Obama manteve seu silêncio.

Poucos dias depois, sob intensa pressão internacional, os EUA sustentaram uma resolução do Conselho de Segurança apelando a um “cessar-fogo duradouro”. Essa resolução passou por 14 a 0; os EUA se absteve. Os falcões de Israel e dos EUA ficaram enraivecidos porque os EUA não opôs seu veto, como de hábito. A abstenção, contudo, foi suficiente para dar a Israel, senão uma luz verde, pelo menos uma amarela, na escalada de violência a qual se dedicou com afinco até a posse de Obama, conforme o previsto.

Quando o cessar-fogo (teoricamente) entrou em vigor em 18 de janeiro, o Centro Palestino para os Direitos Humanos publicou as cifras do último dia do ataque: 54 palestinos assassinados, incluindo 43 civis desarmados, 17 deles crianças, enquanto o IDF continuou a bombardear casas de civis e escolas da ONU. O número de mortos, eles estimaram, chegou a 1184, incluindo 844 civis, dentre os quais 281 crianças. O IDF continuou a usar bombas incendiárias ao longo da Faixa de Gaza, e a destruir casas e terras cultivadas, forçando civis a deixarem suas casas. Poucas horas depois, a Reuters informou que mais de 1300 tinham sido mortos. A equipe do Centro Al Mezan, que monitora cuidadosamente as baixas e a destruição, visitou áreas que estavam antes inacessíveis por causa do pesado e incessante bombardeio. Eles descobriram dúzias de corpos de civis em decomposição sob as pedras de casas destruídas ou removidas pelas escavadoras israelenses. Quarteirões urbanos inteiros desapareceram.

O número de mortos e feridos certamente está subestimado. E é pouco provável que venha a se instaurar qualquer inquérito sobre essas atrocidades. Crimes de inimigos oficiais estão sujeitos a investigações rigorosas, mas os nossos próprios são sistematicamente ignorados. A prática comum, de novo e compreensível, da parte dos senhores.

A Resolução do Conselho de Segurança pediu a interrupção da chuva de armas em Gaza. Os EUA e Israel (Rice-Livni) rapidamente chegaram a um acordo sobre as medidas para assegurar esse fim, concentrando-se nas armas iranianas. Não há necessidade de interromper o contrabando de armas dos EUA para Israel, porque não há contrabando: o imenso fluxo de armas é bastante público, mesmo quando não é reportado, como no caso da expedição de armas anunciada enquanto ocorria a matança em Gaza.

A Resolução também pedia que se “assegurasse a reabertura sustentável dos pontos de passagem, com base no Acordo sobre os Movimentos e Acesso (AMA) assinado em 2005, entre a Autoridade Palestina e Israel”. Esse acordo estipulava que os acessos para Gaza seriam abertos de maneira contínua e que Israel permitiria a passagem dos bens e das pessoas entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

O acordo Rice-Livni não disse coisa alguma quanto a esse aspecto da Resolução do Conselho de Segurança. EUA e Israel já tinham de fato abandonado o Acordo de 2005 como parte da punição aos palestinos por eles terem votado errado na eleição de janeiro de 2006. Na entrevista coletiva de Rice depois do Acordo Rice-Livni, ela enfatizou os esforços constantes para solapar os resultados de uma eleição livre no mundo árabe. “Há muito o que pode ser feito”, disse ela, “para tirar Gaza do reino de trevas do Hamas e a trazer para a luz que a boa governança da Autoridade Palestina pode conduzir” - ao menos enquanto esta permanecer como um cliente leal, tomado pela corrupção e dedicado a conduzir uma repressão severa, quer dizer, obediente.
EUA e Israel entregaram ao Irã uma doce vitória

Retornando de uma viagem ao mundo árabe, Fawwaz Gerges afirmou com força aquilo que outros já haviam reportado sobre o tema. O efeito da ofensiva israelo-norte-americana em Gaza tem sido o enfurecimento das populações e o surgimento de amargura e ressentimento dos agressores e de seus colaboradores. “É suficiente dizer que os países árabes assim chamados de moderados (isto é, aqueles que seguem as ordens de Washington) estão na defensiva, e que a resistência conduzida pelo Irã e pela Síria é a maior beneficiária. Mais uma vez, Israel e a administração Bush entregaram à liderança iraniana uma doce vitória”. Mais ainda, “o Hamas provavelmente emergirá como força política mais poderosa do que antes e vai provavelmente ultrapassar o Fatah, o aparelho de governo do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas”, o favorito de Rice.

Vale a pena ter em mete que o mundo árabe não está escrupulosamente protegido da única tevê que transmite ao vivo a cobertura do que está acontecendo em Gaza, a saber, a “calma e equilibrada análise do caos e da destruição”, feita pelos extraordinários repórteres da al-Jazeera, que oferece “uma alternativa inflexível aos canais terrestres”, como informou o Financial Times. Em 105 países que carecem das nossas eficientes modalidades de autocensura, as pessoas podem ver o que está acontecendo 24 por dia, e o impacto deve ser muito grande. Nos EUA, o NYT informa que “o quase total blackout a al-Jazeera se deve sem dúvida às críticas agudas que a emissora recebeu do governo dos EUA, nas primeiras etapas da guerra no Iraque, por sua cobertura da invasão norte-americana”. Cheney e Rumsfeld objetaram, então, obviamente, a mídia independente só poderia obedecer.

Há debates bastante sóbrios a respeito do que os ataques visavam a alcançar. Alguns objetivos são comumente discutidos. Entre eles, a retomada da chamada “capacidade de dissuasão” que Israel perdeu nos seus fracassos no Líbano, em 2006 – isto é, a capacidade de aterrorizar qualquer opositor potencial até sua submissão. Há, contudo, objetivos mais fundamentais que tendem a ser ignorados, ainda que eles também pareçam razoavelmente óbvios quando damos uma olhada na história recente.

Israel deixou Gaza em setembro de 2005. Os linha-dura racionais, como Ariel Sharon, o santo padroeiro do movimento dos assentados, entendeu que seria sem sentido subsidiar alguns milhares de assentamentos israelenses nas ruínas de Gaza, protegidos pelo IDF enquanto usam muita terra com recursos escassos. Faria mais sentido tornar Gaza uma das maiores prisões do mundo e transferir os assentamentos para a Cisjordânia, território muito mais valioso, onde Israel é bastante explícito quanto a suas intenções, nas palavras e ainda mais nos atos.

Um objetivo é anexar a terra árabe, o abastecimento de água, e seus agradáveis subúrbios de Jerusalém e Tel Aviv que ladeiam o muro de separação, irrelevantemente declarado ilegal pela Corte Internacional de Justiça. Isso inclui uma Jerusalém vastamente expandida, em violação às solicitações do Conselho de Segurança que datam de 40 anos, também irrelevante. Israel também está tomando para si o Vale do Jordão, algo como um terço da Cisjordânia. O que resta está, portanto, aprisionado e, mais ainda, partido em dois fragmentos por assentamentos judaicos que dividiram o território em 3 pedaços: um no leste da Grande Jerusalém, passando pela cidade de Ma'aleh Adumim, desenvolvida durante os anos Clinton para separar a Cisjordânia; e dois no norte, passando pelas cidades de Ariel e Kedumim. O que sobra para os palestinos está segregado por centenas de checkpoints, a imensa maioria deles, ilegais.

Os checkpoints não tem relação com a segurança de Israel, e se algum deles visa a salvaguardar assentamentos é completamente ilegal, como determina a Corte Internacional de Justiça. Na realidade, o seu maior objetivo é aterrorizar a população palestina e fortificar o que o pacifista isralense Jeff Halper chama de “matriz de controle”, constituída para tornar a vida insuportável para as “bestas-bípedes” que ficarão como “baratas tontas drogadas correndo dentro de uma garrafa” se pretenderem manter suas casas e sua terra. Tudo isso é bastante justo, porque eles são “como gafanhotos, em comparação conosco”, portanto, suas cabeças podem ser “amassadas contra pedras e muros”. Essa terminologia provém do alto comando político e militar israelense, neste caso, reverenciados como “príncipes”. E atitudes moldam políticas.
As pregações das autoridades rabínicas

Os delírios dos comandos militar e político são peixe pequeno se comparados às pregações das autoridades rabínicas. Elas não são figuras marginais. Ao contrário, exercem alta influência no exército e no movimento dos assentados, os quais Zertal e Eldar descrevem como os “senhores da terra”, com enorme impacto na política. Os soldados que estavam lutando no norte de Gaza foram agraciados com uma visita “inspiradora” de dois rabinos importantes, que lhes explicaram que não havia “inocentes” em Gaza, de modo que todos eram alvos legítimos, citando uma passagem dos Salmos, pedindo a Deus que pegue as crianças dos opressores de Israel e as jogue contra as pedras.

Os rabinos não estavam caminhando em terreno desconhecido. Um ano antes, o ex-líder da comunidade sefaradí escreveu ao Primeiro Ministro Olmert, informando-o que todos os civis em Gaza são coletivamente culpados pelos ataques de foguetes, de modo que não havia “absolutamente qualquer proibição moral contra a matança indiscriminada de civis durante uma potencial ofensiva militar massiva em Gaza, visando a interromper o lançamento dos foguetes”, conforme reportou o Jerusalem Post. Seu filho, o grande rabino de Safed, explicou mais elaboradamente:

“Se eles não pararem depois de matarmos 100, então temos de matar mil, e se depois de 1000 não pararem, então devemos matar 10 000. Se ainda assim eles não pararem, devemos matar 100 000, mesmo um milhão. O que quer que tenha de ser feito para fazer eles pararem”.

Pontos de vista similares são expressos por proeminentes figuras seculares americanas. Quando Israel invadiu o Líbano em 2006, o professor da Faculdade de Direito da Universidade Harvard, Alan Dershowitz, explicou no Huffington Post, um jornal liberal online, que todos os libaneses são alvos legítimos da violência de Israel. Os cidadãos libaneses estão “pagando o preço” por apoiarem o “terrorismo” - isto é, por apoiarem a resistência à invasão israelense. De acordo com esse raciocínio, os civis libaneses não são mais imunes do que os austríacos que apoiaram os nazis. A fatwa do rabino sefaradí se lhes aplica. Num vídeo no site do Jerusalem Post, Dershowitz chega a ridicularizar a excessiva comparação de mortos palestinos a israelenses: deveria ser aumentada de 1000 para um, disse ele, ou mesmo 1000 a zero, querendo dizer que os brutos deveriam ser completamente exterminados. É claro, ele está se referindo a “terroristas”, uma categoria vasta que inclui as vítimas do poder de Israel, à medida que “Israel nunca toma civis como alvos”, declarou ele, enfaticamente. Segue-se que palestinos, libaneses, tunisianos, na verdade qualquer um que apareça no caminho das armas brutais do Santo Estado é um terrorista, ou uma vítima acidental de seus crimes justos.

Não é fácil encontrar contrapartidas históricas dessas performances. Talvez seja de algum interesse que elas sejam consideradas inteiramente apropriadas na cultura moral e intelectual reinante – quando são produzidas do “nosso lado”, como são; das bocas dos inimigos oficiais palavras desse tipo gerariam justas indignações e exigências de imediata e massiva violência em revanche.

A afirmação de que “nosso lado” nunca toma civis como alvo é da doutrina familiar dos que monopolizam o significado da violência. E há alguma verdade nisso. Geralmente não tentamos matar civis em particular. Antes, levamos a cabo atos assassinos que sabemos vai massacrar muitos civis, mas sem qualquer intento específico de matar alguns em particular.

Segundo o direito, essas práticas rotineiras podem cair sob a categoria da indiferença depravada, mas essa não é uma designação adequada para os padrões da prática e da doutrinas imperiais. É mais parecido com andar na rua sabendo que podemos matar formigas, mas sem a intenção de fazê-lo, porque elas valem tão pouco que isso simplesmente não importa. O mesmo ocorre quando Israel comete ações que sabe matarão “gafanhotos” e “bestas-bípedes” a quem acontece de estar infestando a terra que será “liberada”. Não há um bom termo para designar essa forma de depravação moral que seja outra coisa que o também familiar assassinato deliberado.

"O direito eterno e histórico a esta terra inteira"

Na antiga Palestina, os seus proprietários de direito (divino, como informa “Os Senhores da Terra”) podem decidir conceder aos drogados algumas poucas baganas divididas em parcelas. Não segundo o direito, contudo: “Eu acreditava, e até hoje ainda acredito, no eterno e histórico direito de nosso povo a esta terra inteira”, informou o Primeiro Ministro Olmert numa sessão do Congresso em maio de 2006, arrancando aplausos. Ao mesmo tempo em que anunciava seu programa de “convergência” para tomar o que for valioso na Cisjordânia, deixando os palestinos apodrecerem em cantões. Ele não foi específico quanto às fronteiras da “terra inteira”, mas então, o empreendimento sionista nunca o foi, e por boas razões: a expansão é uma dinâmica interna muito importante. Se Olmert ainda é leal às suas origens no Likud, ele pode ter querido dizer ambos os lados do Rio Jordão, inclusive o atual estado da Jordânia, ou ao menos parte valiosa deste.

O “direito eterno e histórico a esta terra inteira” de nosso povo contrasta dramaticamente com a falta de qualquer direito à autodeterminação dos seus habitantes temporários, os palestinos. Como foi antes anotado, essa última falta foi reiterada por Israel e seu patrono em Washington, em dezembro de 2008, no seu usual isolamento acompanhado de silêncio retumbante.

Os planos traçados por Olmert em 2006 foram então abandonados, como não sendo suficientemente extremo. Mas o que substitui o programa convergência e as ações diárias para implementá-lo têm em geral a mesma concepção. Elas remontam aos primeiros dias da ocupação, quando o ministro da defesa, Moshe Dayan explicou poeticamente que “hoje a situação lembra a complexa relação entre um homem beduíno e uma menina por ele sequestrada contra sua vontade...Vocês, palestinos, enquanto nação, não nos querem hoje, mas nós vamos mudar sua atitude forçando nossa presença sobre vocês”. Vocês vão “viver como cachorros, e quem partir, partirá”, enquanto tomamos o que queremos.

Que esses programas são criminosos nunca foi o ponto. Imediatamente depois da guerra de 1967, o governo israelense foi informado por sua mais alta autoridade legal, Teodor Meron, que “assentamentos civis nos territórios administrados transgridem regras da Quarta Convenção de Genebra”, a fundação da lei humanitária internacional. O Ministro da Justiça de Israel concordou. A Corte Internacional de Justiça endossou, por unanimidade, a conclusão essencial em 2004, e a Alta Corte Israelense tecnicamente concordou, enquanto na prática discordou, no seu estilo habitual.

Na Cisjordânia, Israel pode prosseguir seus programas criminosos com o apoio dos EUA e sem distúrbios, graças ao seu controle militar efetivo e, até agora, à cooperação colaboracionista das forças de segurança palestinas, armadas e treinadas pelos EUA e por ditaduras aliadas. Também pode prosseguir assassinando e cometendo outros crimes, enquanto assenta brutalmente debaixo da proteção do IDF. Mas, enquanto a Cisjordânia vem sendo efetivamente subjugada pelo terror, ainda há resistência na outra metade da Palestina, a Faixa de Gaza. Ela também deve ser sufocada para que os programas israelo-norte-americanos de anexação e destruição da Palestina não sejam perturbados.

Então, veio a invasão de Gaza.
O momento da invasão foi supostamente influenciado pela eleição israelense. Ehud Barak, que estava perdendo nas pesquisas, passou a ganhar um assento no parlamento para cada 40 árabes assassinados nos primeiros dias do massacre, calculou o comentarista israelense Ran HaCohen.

Isso pode mudar, contudo. À medida que os crimes ultrapassem o que a campanha de propaganda cuidadosamente construída for capaz de suportar, mesmo os falcões confirmados começarão a se preocupar que a carnifica esteja “destruindo a alma e a imagem [de Israel]. Destruindo-a nas telas de tevê, nas salas de estar da comunidade internacional e, de maneira mais importante, na América de Obama” (Ari Shavit). Shavit estava particularmente preocupado com o “bombardeio israelense de uma 'instalação' da ONU...logo no dia em que o secretário geral das Nações Unidas estava visitando Jerusalém”, um ato “para além de lunático”, disse.

Alguns detalhes sejam acrescidos: a “instalação” era o posto da ONU, na cidade de Gaza, que continha depósitos da UNRWA [Agência das Nações Unidas para assistência e trabalho nos campos dos refugiados palestinos]. O bombardeio destruiu “centenas de toneladas de alimentos e de remédios de urgência que iriam ser distribuídos para os atingidos que estão nos hospitais, nos abrigos e nos centros de alimentação”, de acordo com o diretor da UNRWA, John Ging. Ao mesmo tempo, ataques destruíram dois andares do hospital al-Quds, deixando-o em chamas, e também um segundo entreposto dirigido pelo Crescente Vermelho Palestino. Na densamente povoada vizinhança de Tal-Hawa o hospital foi destruído pelos tanques israelenses “depois que centenas de habitantes aterrorizados de Gaza tinham buscado abrigo, quando as forças de terra de Israel entraram no bairro”, reportou AP.

Não sobrou nada a ser salvo nas ruínas do hospital em chamas. “Eles atacaram o prédio, o prédio do hospital. Pegou fogo. Tentamos evacuar os doentes e feridos e as pessoas que estavam lá dentro. Lança-chamas foram lançados e puseram fogo, cujas chamas queimaram, de novo e mais uma vez, pela terceira vez”, o paramédico Ahmad Al-Haz contou à AP. Suspeita-se que tenha sido usado fósforo branco nesses lançamentos, como também em outros, que causaram sérias queimaduras e ferimentos.

As suspeitas foram confirmadas pela Anistia Internacional depois que os intensos bombardeios cessaram, tornando assim possível que se fizesse uma investigação. Antes, Israel tinha inteligentemente barrado o acesso de todos os jornalistas, mesmo os israelenses, enquanto procedia com seus crimes em fúria total. O uso por Israel de fósforo branco contra civis em Gaza é “claro e inegável”, disse a Anistia Internacional. Seu uso repetido em áreas densamente povoadas “é um crime de guerra”, concluiu.

Eles encontraram as explosões de fósforo branco disseminadas nos prédios residenciais, todos incendiados, “pondo em perigo outros residentes e seus bens”, em particular as crianças, que se “atraem pelos detritos de armas frequentemente ignorando seus perigos”. Os alvos principais, disse a AI, estavam no interior da UNRWA, onde o “fósforo branco caiu ao lado de caminhões de combustível e provou um imenso incêndio que destruiu as toneladas de ajuda humanitária”, ainda que as autoridades israelenses “tivessem assegurado que não seria lançado um novo ataque sobre o complexo da UNRWA”.

No mesmo dia, “um ataque de fósforo branco foi lançado contra o hospital Al-Qods, na cidade de Gaza, também causando um incêndio que obrigou a equipe do hospital a evacuar os pacientes...o fósforo branco que chega à pele queima profundamente, chega aos músculos e mesmo aos ossos, e queima até que seja privado de oxigênio”. Que esses bombardeios tenham ocorrido intencionalmente ou por uma cínica indiferença, não importa. O fato é que esses crimes são inevitáveis quando uma arma dessa magnitude é utilizada em ataques sobre civis.

É contudo um erro se concentrar nas grosseiras violações de Israel do jus in bello, das leis designadas para controlar práticas que são muito selvagens. A própria invasão é de longe um crime muito mais sério. E se Israel tivesse infligido danos horrendos usando arco e flecha, ainda assim seria um ato criminoso de extrema perversidade.

Agressões sempre têm um pretexto: neste caso é que a paciência de Israel tinha chegado ao fim, diante dos ataques dos foguetes do Hamas, como disse Barak. O mantra sem fim que se repete é que Israel tem o direito de usar a força para se defender. A tese é parcialmente defensável. Jogar foguetes é criminoso, e é verdade que um estado tem o direito de se defender contra atos criminosos. Mas disso não se segue que tenha o direito de se defender pela força. Isso ultrapassa em muito qualquer princípio que nós aceitaríamos ou deveríamos aceitar.

A Alemanha nazista não tinha o direito de usar da força para se defender contra o terrorismo dos partisans. A Noite dos Cristais Quebrados não não é justificada pelo assassinato, por Herschel Grynszpan, de um oficial da Embaixada Alemã em Paris. Os ingleses não estavam justificados ao usar a força para se defender contra o (bastante real) terror dos colonos norte-americanos que queriam independência, ou ao aterrorizar os irlandeses católicos em resposta ao terror do IRA – e quando eles finalmente passaram à política sensata de se dedicarem a reclamações legítimas, o terror terminou. Isso não é uma questão de “proporcionalidade”, mas de escolha pela ação em primeiro lugar: há uma alternativa à violência?

Todo recurso à força exige uma pesada carga de prova, e devemos perguntar se isso pode ser o caso diante do esforço de Israel de sufocar qualquer resistência com suas ações criminosas diárias Gaza e na Cisjordânia, que continuam implacáveis depois de mais de 40 anos. Talvez eu possa citar uma de minhas entrevistas na imprensa de Israel sobre o anúncio de Olmert anunciando planos de convergência para a Cisjordânia: “Os EUA e Israel não toleram qualquer resistência a esses planos, preferindo fingir – falsamente, é claro – que “não há parceiro”, como o fizeram com programas que remontam há anos. Podemos lembrar que Gaza e a Cisjordânia são reconhecidos como sendo uma unidade, de modo que se a resistência aos planos israelo-norte-americanos de anexação-cantonização é legítima na Cisjordânia e também o é em Gaza”.
"Não há foguetes lançados da Cisjordânia"

O jornalista palestino-americano Ali Abunimah observou que “não há foguetes lançados em Israel da Cisjordânia, e ainda assim as execuções extrajudiciais, os assassinatos, o roubo de terras, os pogroms e os sequestros nunca deixaram de acontecer num dia sequer de trégua. Mahmoud Abbas, que é apoiado pelo ocidente, aceitou todas as exigências de Israel. Sob os olhos orgulhosos dos conselheiros militares norte-americanos, Abbas reuniu “forças de segurança” para lutar contra a resistência, com suporte de Israel. Nada disso poupou um palestino sequer, na Cisjordânia, da colonização implacável de Israel” - graças ao apoio norte-americano.

O respeitado parlamentar palestino Mustapha Barghouti acrescenta que, depois da extravagância de Bush em Annapolis, em novembro de 2007, com muita retórica edificante sobre a dedicação à paz e à justiça, os ataques israelenses sobre os palestinos aumentaram agressivamente, com um crescimento de quase 50% na Cisjordânia, entre os quais o crescimento agressivo de assentamentos e de checkpoints. Obviamente essas ações criminosas não são as responsáveis pelos foguetes lançados desde Gaza, ainda que o contrário possa bem ser o caso, sugere, razoavelmente, Barghouti.

As reações a crimes de uma potência ocupante podem ser condenadas como criminosas e politicamente insanas, mas aqueles que não oferecem qualquer alternativa não têm base moral para emitir qualquer opinião sobre essas coisas. A conclusão ganha força se aplicada aos que nos EUA escolhem estar diretamente implicados nos crimes em andamento por Israel – em suas palavras, com suas ações, ou com seu silêncio. Tanto mais porque há muitas alternativas claramente não-violentas – as quais, contudo, têm a desvantagem de barrarem os programas de expansão ilegal.

Israel tem muitos meios diretos de se defender: pôr um fim nessas ações criminosas nos territórios ocupados e aceitar o antigo consenso internacional relativo ao estabelecimento de dois estados que vem sendo bloqueado pelos EUA e por Israel por mais de 30 anos, desde que os EUA vetaram pela primeira vez uma resolução do Conselho de Segurança pedindo um acordo político nesses termos, em 1976. Eu não vou mais uma vez incorrer na tarefa inglória de rememorar, mas isto é importante para se entender que a rejeição dos EUA e de Israel hoje é ainda mais grosseira do que no passado. A Liga Árabe foi além do consenso, pedindo a plena normalização das relações com Israel. O Hamas repetidas vezes pediu um acordo de dois estados nos termos do consenso internacional. O Irã e o Hizbollah tornaram claro que iriam seguir qualquer acordo que os palestinos aceitassem. Isso deixa os EUA e Israel em esplêndido isolamento, não apenas em palavras.

A memória mais detalhada dessas coisas é informativa. O Conselho Nacional Palestino aceitou formalmente o consenso internacional em 1988. A resposta da coalizão governamental de Shamir-Peres, afirmou James Baker, do Departamento de Estado norte-americano, foi que não poderia haver um “estado palestino adicional” entre Israel e a Jordânia – o último já considerado um estado palestino por imposição israelo-norte-americana.

Os acordos de Oslo que se seguiram puseram de lado os potenciais direitos nacionais dos palestinos, e a ameaça de que eles pudessem vir a ser obtidos sob uma forma qualquer foi sistematicamente afastada durante o ano de negociação dos Acordos de Oslo, por causa da expansão constante e ilegal de colônias de povoamento de Israel. Colonização que se acelerará em 2000, o último ano no poder do Presidente Bill Clinton e do Primeiro Ministro Barak, durante as negociações em Camp David, que se desenrolaram sobre esse pano de fundo.

Depois de ter culpado Yasser Arafat pela ruptura das negociações de Camp David, Bill Clinton se retrata e reconhece que as proposições dos EUA e de Israel eram muito extremistas para os palestinos. Em dezembro de 2000, ele apresentou suas “medidas”, vagas porém mais abertas. Em seguida anunciou que as duas partes tinham aceitado as medidas, ainda que ambas tenham expressado reservas. As duas partes se reencontraram em Taba, Egito, em janeiro de 2001 e estavam muito próximas de um acordo, que iriam poder concluir em alguns dias, declararam na sua última coletiva de imprensa. Mas as negociações foram anuladas prematuramente por Ehud Barak. Esta semana em Taba é a única pausa em mais de 30 anos de rejeicionismo EUA-israelense. Não há razão alguma para que essa pausa no disco não pudesse ser retomada.

A versão preferida, recentemente reiterada por Ethan Bronner, é que “muitos no exterior lembram do Senhor Barak como Primeiro Ministro, que em 2000 foi mais longe do que qualquer líder israelense em ofertas de paz aos palestinos, só para ver o acordo fracassar e explodir num violento levante palestino que o derrubou do poder”. É verdade que “muitos no exterior” acreditam nesse contos de fadas enganador, graças ao que Bronner e muitos de seus colegas chamam de “jornalismo”.

É comumente alegado que uma solução de dois estados é agora insustentável porque se o IDF tentar remover os assentamentos levaria a uma guerra civil. Isso pode ser verdade, mas é necessário muito mais argumento. Sem recorrer à força para expulsar os assentamentos ilegais o IDF poderia simplesmente se retirar de quaisquer fronteiras estabelecidas por negociações. Os assentados além dessas fronteiras deveriam ter a escolha de deixar suas casas subsidiadas para retornar a Israel, ou permanecer sob a autoridade Palestina. O mesmo era verdadeiro para o cuidadosamente construído “trauma nacional” em Gaza em 2005, tão claramente fraudulento que foi ridicularizado por comentaristas israelenses.

Teria sido suficiente para Israel anunciar que o IDF iria se retirar e que os assentados que tinham sido subsidiados para aproveitar sua vida em Gaza iriam subir nos caminhões providenciados para eles e viajado ate suas novas residências subsidiadas na Cisjordânia. Mas isso não teria produzido fotos trágicas de crianças agonizando e interjeições apaixonadas de “nunca mais”.

Para resumir, contrariamente à afirmação constantemente reiterada, Israel não tem o direito de usar a força para se defender dos foguetes de Gaza, mesmo se eles fossem tomados como crimes terroristas. Além do mais, as razões são óbvias. O pretexto para lançar ataques não tem mérito.

O sequestro de Gilad Shalit e o sequestro de civis
Há uma outra razão, mais precisa. Israel tem alternativas de curto prazo ao uso da força em resposta aos foguetes de Gaza? Uma alternativa de curto prazo seria aceitar um cessar-fogo. Algumas vezes Israel fez isso, enquanto instantaneamente o violava. O caso mais recente e relevante é junho de 2008. O cessar-fogo pedindo a abertura de passagens para “permitir a transferência de todo tipo de mercadorias que estavam proibidas e banidas em Gaza”. Israel concordou formalmente, mas imediatamente anunciou que isso não abriria as fronteiras, conforme o acordo, até que o Hamas entregasse Gilad Shalit, um soldado israelense capturado pelo Hamas em junho de 2006.

O intransigente rufar de tambores de acusações pela captura de Shalit é, de novo, hipocrisia grosseira, mesmo deixando de lado a longa história de sequestros de Israel. Neste caso, a hipocrisia não poderia ser mais ofuscante. Um dia antes do Hamas sequestrar Shalit, os soldados israelenses entraram na cidade de Gaza e sequestraram dois civis, os irmãos Muanmmar, levando-os a Israel para se juntarem aos milhares de prisioneiros ali mantidos, quase 1000 supostamente sem acusação.

Sequestrar civis é de longe um crime mais sério do que capturar um soldado com uma arma de ataque, mas isso foi escassamente reportado, em contraste com o furor sobre Shalit. E tudo o que resta na memória, bloqueando a paz, é a captura de Shalit, outro reflexo da diferença entre humanos e bestas bípedes. Shalit deveria ser devolvido – numa troca justa de prisioneiros.

Foi depois da captura de Shalit que os implacáveis ataques a Gaza passaram de meramente viciosos a verdadeiramente sádicos. Mas é também bom lembrar que mesmo após essa captura Israel tinha lançado mais de 7700 ataques no norte de Gaza depois da sua retirada de setembro, sem gerar virtualmente qualquer comentário.

Depois de rejeitar o cessar-fogo de junho de 2008 que tinha aceito formalmente, Israel manteve Gaza sitiada. Podemos relembrar que sitiar é um ato de guerra. De fato, Israel sempre insistiu num princípio ainda mais forte: impedir acesso ao mundo externo, mesmo num cerco parcial, é um ato de guerra justificando a violência massiva em resposta. A interferência na passagem de Israel ao Estreito de Tirana era parte do pretexto para Israel invadir o Egito (junto com a França e a Inglaterra), em 1956, e por seu ataque na guerra de 1967. Esse cerco a Gaza é total, não parcial, exceto algumas vezes que os ocupantes, a seu bel prazer, relaxam-no um pouco. É imensamente mais nefasto para os habitantes de Gaza que fechar o Estreito de Tirana era para Israel. Os apoiadores das doutrinas e ações de Israel deveriam, então, não ter problema para justificar os ataques de foguetes da Faixa de Gaza no território israelense.

É claro, seguimos mais uma vez o princípio inválido: Isto somos nós, aquilo são eles.

Israel não apenas manteve o cerco depois de junho de 2008, mas o fez com extremo rigor. Chegou a proibir a UNRWA de reabastecer suas lojas, “então, quando o cessar-fogo foi desrespeitado, corremos atrás de comida para mais de 750 000 que dependem de nós”, informou o diretor da UNRWA, John Ging, à BBC.

Mesmo com Gaza sitiada, o lançamento de foguetes foi reduzido drasticamente. A quebra do cessar-fogo de 4 de novembro com a incursão israelense em Gaza, levou à morte de 6 palestinos, e a uma barragem de foguetes (sem feridos) em retaliação. O pretexto para a incursão era que Israel havia detectado um túnel em Gaza que pode ter sido usado para capturar outro soldado israelense. O pretexto é claramente absurdo, como um número de comentaristas anotaram. Se um túnel desses existisse, e conseguisse chegar à fronteira, Israel poderia facilmente tê-lo barrado lá. Mas, como de hábito, o ridículo pretexto israelense foi tomado como digno de crédito.

Qual foi, então, a razão da incursão israelense? Não temos evidências internas do plano israelense, mas sabemos que a incursão veio pouco antes dos planos de conversação do Hamas com o Fatah no Cairo, visando a “reconciliar suas diferenças e criar um só governo, unificado”, informou o correspondente britânico Rory McCarthy. Era para ser o primeiro encontro Hamas-Fatah desde a guerra civil de junho de 2007 que levou o Hamas a controlar Gaza, e teria sido um passo significativo na direção de esforços diplomáticos. Há uma longa história de provocações de Israel para dissuadir a ameaça da diplomacia, alguns já mencionaram. Esse acontecimento pode ter sido apenas mais uma.

A guerra civil que levou o Hamas a controlar Gaza é comumente descrita como um golpe militar do Hamas, demonstrando mais uma vez sua natureza maligna. O mundo real é um pouco diferente. A guerra civil foi incitada pelos EUA e por Israel, numa tentativa grosseira de dar um golpe militar para anular as eleições livres que levaram o Hamas ao poder. Isso se tornou público ao menos desde abril de 2008, quando David Rose publicou na Vanity Fair um documento detalhado analisando como Bush, Rice e o assessor de Segurança Nacional, Elliott Abrams “apoiaram uma força armada sob o comando do homem forte do Fatah, Muhammad Dahlan, desencadeando uma sangrenta guerra civil em Gaza e deixando o Hamas mais forte do que nunca”.

O relato foi recentemente mais uma vez corroborado no Christian Science Monitor (12 de Janeiro de 2009), por Norman Olsen, que serviu durante 26 anos no exterior, inclusive por quatro anos trabalhando na Faixa de Gaza e quatro anos na Embaixada norte-americana em Tel Aviv, quando se tornou coordenador associado do contraterrorismo no Departamento de Estado. Olson e seu filho detalham as travessuras do Departamento de Estado pretendendo assegurar que seu candidato, Abbas, vencesse as eleições em janeiro de 2006 – ocasião que seria celebrada como um triunfo da democracia. Depois da eleição-combinada fracassar, eles passaram à punição dos palestinos e a armar uma milícia dirigida pelo homem forte do Fatah, Muhammad Dahlan, mas “os brutamontes de Dahlan se moveram cedo demais” e um ataque preventivo do Hamas solapou a tentativa de golpe. Isso levou os EUA e Israel a medidas mais duras, punindo a desobediência do povo de Gaza. A agenda partidária é mais aceitável.

Consequências desastrosas para a população

Depois que Israel rompeu o cessar-fogo em junho de 2008 (como o fez) em novembro, o cerco endureceu, com consequências ainda mais desastrosas para a população. De acordo com Sara Roy, a principal acadêmica especialista em Gaza, “Em 5 de novembro Israel fechou todos os pontos de passagem para Gaza, reduzindo largamente e eventualmente denegando suprimentos alimentares, remédios, combustíveis, gás de cozinha e o fornecimento de parte da água para os sistemas de saneamento...”. Ao longo de novembro, entre 4 e 6 caminhões com comida entraram em Gaza vindos de Israel, em comparação com 123 caminhões por dia, em Outubro. Peças sobressalentes para a reparação e manutenção de equipamentos relacionados ao uso da água tiveram sua entrada negada por mais de um ano.

A Organização Mundial de Saúde acabou de reportar que metade das ambulâncias de Gaza estão agora fora de uso, quebradas” - e o resto brevemente se tornará alvo do ataque israelense. A única estação de energia de Gaza foi forçada a suspender operações por falta de combustível, e não podia ser ligada de novo porque precisava de peças, que estavam paradas no porto israelense de Ashdod há 8 meses. A escassez de eletricidade levou a um crescimento de 300% nos casos de queimadura no hospital Shifaa na Faixa de Gaza, como consequência dos esforços para acender fogos a lenha. Israel barrou o carregamento de cloro, então, pela metade de dezembro na cidade de Gaza e no norte o acesso à água estava limitado a seis horas em cada três dias. As consequências humanas não são contadas dentre as vítimas palestinas do terror israelense.

Depois do ataque israelense de 4 de novembro, a violência de ambos os lados recrudesceu (sendo todos os mortos palestinos) até que o cessar-fogo formalmente chegasse ao fim em 19 de dezembro, e o Primeiro Ministro Olmert autorizasse a invasão em grande escala.

Poucos dias antes o Hamas tinha proposto a retomada do acordo original do cessar-fogo de julho, que Israel não respeitou. O historiador e ex- assessor da administração Carter, Robert Pastor enviou a proposta ao “oficial sênior” no IDF, mas Israel não respondeu. O líder do Shin Bet, a agência de segurança interna de Israel, disse em 21 de dezembro, segundo fontes israelenses, que o Hamas está interessado em continuar em “calma” com Israel, enquanto seu braço militar se prepara continuamente para o conflito.

“Havia claramente uma alternativa ao tratamento militar, para interromper os foguetes”, disse Pastor, referindo-se especificamente a Gaza. Também havia uma alternativa de largo alcance, a qual é raramente discutida, a saber, aceitar um acordo político que inclua todos os territórios ocupados.

O experiente correspondente diplomático israelense, Akiva Eldar, informa que pouco antes de Israel lançar seu ataque de grande escala, em 27 de dezembro, o “dirigente do Hamas, Khaled Meshal, anunciou no site Iz al-Dinal-Qassam que estava preparado não apenas para 'o fim da agressão' – ele propunha que se retomasse o acordo de Rafah de 2005, antes do Hamas vencer as eleições e de tomar toda a região, mais tarde. Esse acordo previa que os pontos de passagem seriam dirigidos conjuntamente pelo Egito, a União Européia, a presidência da Autoridade Palestina e o Hamas” e, como se disse antes, pedia a abertura das vias de acesso para a entrada de suprimentos desesperadamente necessitados.

Uma afirmação standard dos apologistas mais vulgares da violência israelense é que, no caso deste ataque mais recente, “assim como em muitos outros ao longo da metade do século passado – a Guerra do Líbano em 1982, a resposta com “mão de ferro” à Intifada de 1988, a guerra do Líbano de 2006 – os israelenses têm reagido com intoleráveis atos de terror, com determinação de infligir dor, para ensinar uma lição ao inimigo” (David Remnick, editor da New Yorker). A invasão de 2006 pode ser justificada apenas com base num cinismo estarrecedor, como já se discutiu. A referência à resposta viciosa à segunda intifada é depravada demais para ser discutida; uma interpretação simpática pode ser que se trata de uma ignorância assombrosa. Mas a afirmação de Reminick a respeito da invasão de 1982 é bastante comum, uma notável proeza de propaganda incessante, que merece alguns lembretes.

É fato que a fronteira de Israel com o Líbano esteve quieta por um ano antes da invasão israelense, ao menos no sentido Líbano-Israel, do norte ao sul. Ao longo do ano, a OLP observou escrupulosamente um cessar-fogo de iniciativa norte-americana, a despeito das constantes provocações israelenses, inclusive bombardeando, com várias perdas civis, supostamente visando a obter alguma reação que poderia ser usada para Israel justificar uma invasão cuidadosamente planejada. O melhor que Israel pôde ter foram duas leves respostas simbólicas. Então, invadiu com um pretexto absurdo demais para ser levado a sério.

A invasão não teve precisamente nada a ver com “intoleráveis atos de terror”, ainda que tenha tido com intoleráveis atos: de diplomacia. Isso jamais foi obscuro. Pouco depois da invasão apoiada pelos EUA começar, o importante especialista israelense em palestinos, Yehoshua Porath – não uma pomba pacifista – escreveu que o sucesso de Arafat em manter o cessar-fogo constituía “uma verdadeira catástrofe aos olhos do governo israelense”, uma vez que abria o caminho para um acordo político. O governo esperava que a OLP partisse para o terrorismo, minando assim a ameaça que seria “uma parceria legítima negociada para futuras acomodações”.
"Nós removemos o perigo político ao atacar primeiro. Agora, graças a Deus, não há com quem conversar"

Os fatos estavam muito claros em Israel, não escondidos. O Primeiro Ministro Yitzhak Shamir disse que Israel entrou na guerra porque havia um “perigo terrível...Não tanto militar, como político”, levando o excelente humorista B. Michael a escrever que “a desculpa esfarrapada de um perigo militar ou um perigo para a Galiléia está morta”. Nós “removemos o perigo político” ao atacar primeiro, a tempo; agora, “graças a Deus, não há com quem conversar”. O historiador Benny Morris reconhece que a OLP tinha observado o cessar-fogo, e explicou que “a inevitabilidade das guerras está na OLP como uma ameaça política a Israel e em Israel manter os territórios ocupados”. Outros, ainda, reconheceram esses fatos incontestáveis.

Na primeira página do NYT constava um artigo relativo à mais recente invasão de Gaza, do correspondente Steven Lee Meyers, dizendo que “em alguns aspectos, os ataques sobre Gaza foram reminiscentes dos riscos que Israel assumiu, e em larga medida perdeu, no Líbano em 1982 [quando] invadiu para eliminar a ameaça das forças de Arafat”. Correto, mas não no sentido que tinha em mente. Em 1982, como em 2008, era necessário eliminar a ameaça de um acordo político.

A esperança dos propagandistas israelenses tem sido a de que os intelectuais do ocidente e a mídia comprariam o conto de que Israel reagiu a ataques de foguetes na Galiléia, esses “atos intoleráveis de terror”. E eles não têm se decepcionado.

Não é que Israel não queira a paz: todo mundo quer a paz, até Hitler. A questão é: em que termos? Desde sua origem, o movimento sionista foi concebido para atingir objetivos, sendo a melhor estratégia o adiamento dos acordos políticos, enquanto, vagarosamente, fatos iam sendo consumados. Mesmo os acordos ocasionais, como em 1947, foram reconhecidos por suas lideranças como sendo passos provisórios para a expansão futura. A guerra de 1982 no Líbano foi um exemplo dramático do medo desesperado da diplomacia. Dela se seguiu o apoio de Israel ao Hamas, para solapar a secular OLP e suas iniciativas irritantes de paz. Outro caso que deveria ser familiar são as provocações israelenses antes da guerra de 1967 pensadas para eliminar a resposta da Síria que poderia ser usada como pretexto para violência e a tomada de mais terras – ao menos 80% dos incidentes, de acordo com o Ministro da Defesa Moshe Dayan.

A história remonta há muito. A história oficial do Haganah, a força militar judaica pré-estatal, descreve o assassinato do poeta judeu Jacob de Haan em 1924, acusado de conspirar com a comunidade judaica tradicional (o velho Yishuv) e com o Alto Comissariado Árabe contra os novos imigrantes e seus assentamentos. E tem havido exemplos numerosos desde então.

Os esforços para procrastinar arranjos políticos sempre têm feito perfeito sentido, bem como as mentiras que lhes vem acompanhadas, a respeito de que “não há parceiro para a paz”. É difícil pensar em outra maneira de roubar terras em que não se é querido.

Expansão, no lugar de segurança

Razões similares sustentam a preferência de Israel pela expansão, no lugar da segurança. Sua violação do cessar-fogo de 4 de novembro de 2008 é um dentre muitos exemplos recentes.

Uma cronologia da Anistia Internacional informa que em junho de 2008 o cessar-fogo tinha trazido “melhorias enormes na qualidade de vida em Sderot e em outras cidades israelenses perto de Gaza, onde, antes do cessar-fogo os residentes viviam com medo do ataque do próximo foguete palestino. Contudo, perto da Faixa de Gaza o bloqueio israelense permanece a postos e a população até agora tem visto poucas vantagens no cessar-fogo”. Mas os ganhos em segurança para as cidades próximas a Gaza foram evidentemente superados pela necessidade sentida de dissuadir os movimentos diplomáticos que podem impedir a expansão na Cisjordânia, e esmagar a resistência que ainda há dentro da Palestina.

A preferência pela expansão em lugar da segurança tem sido evidente desde a decisão fatal de Israel, em 1971, bancada por Henry Kissinger, de rejeitar a oferta de um acordo total de paz apresentado pelo Presidente Sadat, do Egito, oferecendo nada aos palestinos – um acordo que os EUA e Israel estavam compelidos a aceitar em Camp David oito anos depois, depois da maior guerra que foi um desastre para Israel. Um tratado de paz como o Egito teria posto um fim em qualquer ameaça à segurança, mas nele havia um inaceitável quid pro quo: Israel teria de abandonar seus programas extensivos de assentamento no nordeste do Sinai. A segurança era uma prioridade mais baixa que a expansão, e ainda é. A evidência substancial dessa conclusão básica é oferecida no estudo magistral da política externa e de segurança de Israel, o “Defending the Holy Land” [Defendendo a Terra Sagrada], de Zeev Maoz.

Hoje, Israel poderia ter segurança, a normalização das relações, uma integração na região. Mas muito claramente prefere a expansão ilegal, o conflito e o exercício repetido da violência, em ações que são não apenas criminosas, assassinas e destrutivas, mas que também corroem sua própria segurança a longo prazo. O especialista militar e no Oriente Médio, Andrew Cordesman, escreve que enquanto a força militar de Israel pode esmagar com segurança os habitantes indefesos de Gaza, “nem Israel nem os EUA podem ganhar com uma guerra que produz uma reação [amarga] de uma das mais sábias e moderadas vozes no Mundo Árabe, o Príncipe Turki al-Faisal da Arábia Saudita, que disse em 6 de janeiro que “a administração Bush deixou [para a Obama] um legado desagradável e uma posição temerária em relação aos massacres e ao derramamento de sangue de inocentes em Gaza...Chega é chega, hoje somos todos palestinos e buscamos o martírio, por Deus e pela Palestina, seguindo aqueles que morreram em Gaza”.
Um crime contra o Estado de Israel
Uri Avnery, uma das mais sábias vozes em Israel, escreve que, depois de uma vitória militar israelense, “o que ficará marcado na consciência do mundo será a imagem de Israel como um monstro manchado de sangue, pronto para, a qualquer momento cometer crimes de guerra e não preparado para obedecer a quaisquer limites morais. Isso terá consequências graves para nosso futuro no longo prazo, para nossa estada no mundo, para nossa chance de conseguir paz e sossego. No fim, essa guerra é um crime contra nós mesmos, também, um crime contra o Estado de Israel”.

Há uma boa razão para acreditar que ele está certo. Israel está deliberadamente se tornando talvez o país mais odiado do mundo e também vem perdendo o apoio da população ocidental, inclusive dos judeus americanos jovens, que dificilmente tolerarão esses crimes chocantes por muito tempo. Décadas atrás, eu escrevi que aqueles que chamam a si de “apoiadores de Israel” são na realidade apoiadores de sua degeneração moral e, por último, de sua provável destruição. Lamentavelmente, esse juízo parece cada vez mais plausível.

Enquanto isso, observamos calmamente um evento raro na história, que o velho sociólogo israelense, Baruch Kimmerling, chamou de “politicídio”, o assassinato de uma nação – em nossas mãos.


Noam Chomsky é Professor Emérito no Massachussetts Institute of Technology MIT
Tradução: Katarina Peixoto
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venres, febreiro 13, 2009

Manifestación Urxente: Domingo 15 de Febreiro en Compostela

De: SOS Courel -soscourel@mundo-r.com-
Para: artabra21@gmail.com
Data: 13 de fevereiro de 2009 08:33
Asunto: Galiza non se vende MANIFESTACIÓN URXENTE




Galiza non se vende
MANIFESTACIÓN URXENTE

Neste artigo que sae hoxe, 13 de febreiro, en El País, queda en perfecta evidencia o "jolglorio", a ridiculez política na Galiza a tres bandas e o asombroso futuro do Courel.

Por toda a Serra:
  • Canteiras con escombreiras que converten os ríos en Guadianas.
  • Canteiras abandonadas, empresas afundidas e centos de traballadores sen cobrar.
  • Pero máis proxectos!! concesións de máis de medio cento de novas canteiras en Rede Natura.
  • Estradas para as canteiras con ríos e regatos entubados.
  • Estradas con obras eternas e sen Declaración de Impacto Ambiental.
  • Despilfarro de fondos para Rede Natura en plantacións de piñeiros, cortalumes e pistas ata na Rogueira.
  • Monte sen vixiar e incendios-represalia multifoco que avanzan mofándose da parafernalia preventiva.
  • Proxectos de parques eólicos xa tramitados en Rede Natura e no Camiño de Santiago.
  • Promesa eterna de un Parque Natural para intentar tapar ante o Mundo as desfeitas anteriores.
Contra a desfeita do Courel e de toda a Galiza, SOS Courel ten a obriga de acudir a manifestación do domingo, 15 de febreiro, que sairá as 12:00 da Alameda de Santiago de Compostela, convocada pola plataforma “Galiza non se vende”




Saúdos
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Asociación Ecolóxico-Cultural SOS Courel
Santa Eufemia 32. Folgoso do Courel.
27327-Lugo
NIF G27362474.
soscourel@mundo-r.com
Teléfono de contacto 607 22 58 87
http://soscourelsos.blogspot.com/
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xoves, febreiro 12, 2009

Ría de Ferrol, no ollo do furacán

Por Rafael Pillado [*]
Mércores 11 de Febreiro de 2009


O Conselleiro de Medio Ambiente, no seu paso por Ferrol o 27 de Xaneiro, anunciou o seu compromiso coa Ría declarándoa “zona sensible”. Sinalando ademáis, que a “bocana da Ría é moi estreita e os riscos da deteriorización das augas son maiores”. Engadía que a partires do ano 2009 poñerá en marcha “un plan de controis de verquidos, inspección e análise da ría, que pretende diagnosticar os pequenos verquidos que poderían escaparse ós controles de maior envergadura”.

En outras circunstancias, poderiamos considerar esas declaracións como un paso positivo. Sen embargo, e paralelamente a esas declaracións, dous días despois, o 29 o Diario Oficial de Galicia recollía o anuncio de Reganosa para licitar a ampliación de capacidade de regasificación, multiplicando por dous e medio a actual capacidade.

Tal decisión supón varios e graves problemas:

1°.- Si a situación actual é de degradación, na que se utilizan 300.000 toneladas diarias de auga da ría para quentar o gas, e que volve ó mar moito máis fría, esterilizada e contaminada de cloro, con esa ampliación, pasaría a 600.000 toneladas por día.

2°.- O número de gaseiros que entrarían na ría, pasarían dos actuales 36 ó ano, a máis de 100, o que multiplicaría os riscos para toda a poboación. E ninguén sabe que licencia e que tramitación medioambiental se fixo para que se autorice esa ampliación, nin tampouco se sabe cal foi a postura dos conselleiros de Medio Ambiente e Pesca nesa decisión.

3.- Por outra banda, en clara contradición coas declaracións feitas, esa Consellería otorgou a Forestal do Atlántico a Autorización Ambiental Integrada, rexeitando as alegacións de varias asociacións que mostraban os datos fraudulentos aportados pola empresa. De tal xeito que se autorizou verter á ría 351.475 toneladas diarias de augas residuais. E vexamos ademáis que, o proxecto de depuración da banda sur da ría, que recorre dende Fene a Ares, deixa á marxe os verquidos de Forestal e Reganosa, que van sin depurar ó mar.

E aínda máis, o presidente da Xunta, Sr. Touriño, o día 30 de Xaneiro anunciou que “Antes do remate da próxima lexislatura, nos anos 2011-2012, estarán saneadas as rías na súa totalidade”.

Nas circunstancias actuais, tanto o anunciado polo conselleiro como polo presidente é imposible na ría de Ferrol. Ou descoñecen a realidade, ou simplemente a ocultan. En calquera dos casos, é grave.

A única forma de cumprir eses compromisos é sacando a planta de gas de Reganosa do interior da nosa ría. Si, nos gustaría que iso se fixera pola decisión dos dirixentes políticos galegos antes de que os tribunais e a presión cidadá o consigan.

O conselleiro terá que explicar esa contradición. E tamén ¿por que esa excepción con Ferrol? ¿En beneficio de quen?

Incluso, o anuncio da creación de emprego no marisqueo galego, choca frontalmente coas tendencias na nosa comarca.

Non nos cansaremos de repetir que, un sistema baseado na destrución do medio, como estamos a vivir, non ten futuro e se encamiña a un grande fracaso.

Por último, quixeramos saber onde quedou o argumento de que Reganosa é unha empresa estratéxica para Galicia. Porque é previsible que as decisións de Reganosa queden nas mans dunha empresa catalá ou aínda máis probable, dunha empresa italiana.

Ver para crer.

Publicado no xornal comarcal Diario de Ferrol

[*]Nota.- Rafael Pillado Lista, é Vicepresidente da Asociación Cultural "Fuco Buxán" e membro desde hai oito anos do Comité Cidadán de Emerxencia para a Ría de Ferrol.
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Enlaces Relacionados:
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O "Sohar LNG", fai o 41 buque cargado con GNL que se prevé que entre na Ría, diante deste feito está convocada unha acción de protesta

De: Comité Cidadán de Emerxencia
Para: artabra21@gmail.com
Data: 11 de fevereiro de 2009 23:50
Asunto: Convocatoria día 12 e Rectificación día 15



CONVOCATORIA

Está prevista para o xoves, 12 de Febreiro de 2009, a entrada na Ría de Ferrol do que será o gaseiro cargado con GNL-LNG nº 41, chamado "SOHAR LNG" e cuxas caracteristicas son: Bandeira.- Panamá, Eslora.- 286.28 m., Manga.- 45.75 m., Calado Máximo.- 11.35 m., Capacidade.- 137.248 m3


Polo que o Comité Cidadán de Emerxencia convoca:

CONCENTRACIÓN

Xoves, 12 de Febreiro, ás 7 da tarde

diante do Edificio Admvo. da Xunta de Galicia

Praza Amada García – Ferrol

¡ PLANTA DE GAS FORA DA RÍA ¡

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Manifestación o Domingo, 15 de Febreiro, en Compostela

RECTIFICACIÓN

A hora de saida do autobús a Santiago o próximo domingo día 15 de Febreiro

Para asistir a manifestación de "Galiza non se Vende"

é ás 9,30 h. de diante do Edif.. de Correos

Praza de Galicia – Ferrol

(Reserva Telfº 690 612 737) Prezo: 8 €

Noutro e-mail de hoxe anuncianos por error ás 9 h.

Disculpade, e

GOBERNE QUEN GOBERNE
GALIZA NON SE VENDE

--
Comité Cidadán de Emerxencia para a Ría de Ferrol
comitecidadan@gmail.com
http://comitecidadan.org

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martes, febreiro 10, 2009

Mentiras

Por Juan Torres López Martes, 10 de Febreiro de 2009

Durante estes anos de políticas neoliberais díxose que había que moderar os salarios para que así as empresas tivesen beneficios e puidesen crear emprego. A secuencia parece lóxica pero non é certa. Estes días acabamos de ver novos exemplos da súa falsidade:

Día 28 de xaneiro: O Banco Santander anuncia un beneficio neto atribuído de 8.876 millóns de euros en 2008.

Día 9 de febreiro: O Banco de Santander remodela a súa banca de consumo e prescindirá do 30% do seu persoal.

As empresas desexan que os salarios sexan baixos pero para ter máis beneficios pola vía máis cómoda de aforrarse custos de persoal non para crear máis emprego.

Conseguírono nos últimos anos e aí están as desigualdades que se foron agrandando. Pero ese incremento nos beneficios non necesariamente deriva en máis emprego. Nos últimos decenios puidemos comprobar que unha gran parte dos beneficios destináronse á especulación financeira ou inmobiliaria, de modo que non levaron consigo o investimento produtivo que podían xerar. Outras veces, pode ser que se apliquen a novo investimento, pero tampouco está asegurado que ese investimento cre postos de traballo, xa que pode estar dedicada a incrementar o capital fixo, a tecnoloxía, ...

A presunción de que salarios máis baixos dan lugar a máis beneficios, os maiores beneficios a máis investimento e esta a máis emprego é iso: unha presunción.

A realidade é que os salarios máis baixos producen outros efectos: por unha banda, as empresas teñen máis beneficios e máis poder, o que lles permite impor condicións máis favorables nas súas relacións cos traballadores. Por outro, teñen un efecto paradoxal e perverso. Se unha empresa logra salarios máis baixos, reduce os seus custos e pode obter máis beneficios. Pero se iso fano todas as empresas (como ocorreu nos últimos anos) o que sucede é que diminúe a demanda potencial total que hai nos mercados posto que esta depende en gran medida da capacidade de compra dos traballadores. O propio Henry Ford dicíao: "todos os capitalistas do mundo somos insuficientes para comprar todas as mercancías que producimos".

Isto é o que fixo que baixo o neoliberalismo dos últimos anos o crecemento potencial das economías sexa tan baixo e que se creou moito menos emprego e máis precario.

Os economistas que defenden a tese de que hai que moderar os salarios para crear emprego parten dun orzamento erróneo: consideran aos salarios só como un custo cando en realidade son tamén unha compoñente da demanda e un factor decisivo da produtividade (por iso cando máis baixos son as economías adoitan ser tamén menos produtivas, menos competitivas e máis empobrecidas e empobrecedoras).

Pero non se trata dun simple erro teórico: dá a casualidade de que ese "esquecemento" é o que permite divulgar como científica unha tese que só beneficia ao capital.

O paradoxo é que os capitalistas poderían gañar máis diñeiro se pagasen salarios máis elevados aos seus traballadores porque desa forma tería á súa disposición mercados máis amplos (basta con comprobar a parte tan grande a humanidade que está fóra do mercado de bens e servizos) pero se o fixesen perderían poder. E sen poder en mans dos empresarios o que estaría en perigo non sería o beneficio senón o propio capitalismo e os privilexios dos capitalistas e de quen de viven deles e ao seu servizo.

É por esa mesma razón que tampouco lles convén que haxa pleno emprego aínda que con este puidesen gañar máis: porque con emprego asegurado aos traballadores e traballadoras teñen máis poder e poden pór en cuestión a xerarquía e a inxustiza de base sobre a que se sostén o capitalismo.

E tamén por iso estivo de moda dicir nos últimos anos que para crear emprego o que hai que facer é flexibilizar as relacións laborais. O que tampouco é verdade: queren flexibilizalas tamén para ter máis poder, pero non porque sexa necesario para obter máis beneficio ou para ser máis competitivos.

Acábao de dicir moi claro un dos mellores coñecedores dos mercados laborais, o Premio Nobel de Economía Robert Solow: "España necesita tecnoloxía, non flexibilidade laboral".

Os empresarios saben moi ben todo isto. Saben que o que de verdade necesitan é poder e é por iso que se coidaron, sobre todo, de quitarllo aos traballadores e traballadoras, por exemplo, conseguindo domesticar a moitos sindicatos.

E é tamén por todo iso que o neoliberalismo estea coincidindo cunha perda paulatina de pulsión democrática en todas as nosas sociedades.

O que indica que o que habería que facer é crear as condicións para que as traballadoras e os traballadores teñan máis poder e evitar que se concentre cada vez máis en mans do capital.

http://juantorreslopez.com/
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O Ateneo Ferrolán adquire para a súa Biblioteca-Hemeroteca a Enciclopedia Histórica do Anarquismo Español

De:ATENEO FERROLÁN administrador@ateneoferrolan.e.telefonica.net
Para: artabra21@gmail.com
Data: 10 de fevereiro de 2009 13:32
Asunto: NOVAS da nosa Biblioteca - Hemeroteca


NOVAS da nosa Biblioteca - Hemeroteca

O ATENEO FERROLÁN adquire para a súa Biblioteca – Hemeroteca a: ENCICLOPEDIA HISTÓRICA DEL ANARQUISMO ESPAÑOL

Enciclopedia histórica del anarquismo español
Vitoria, Asociación Isaac Puente, 2008

3 volumes (2.080 páxinas, tamaño folio)
ISBN 978-84-612-4049-4 (Obra completa)

Chega esta monumental obra –a enciclopedia– para mostrar o devenir do movemento anarquista en España a través das persoas que o encarnan, dos comicios que celebra, das revistas e periódicos que elabora, dos lugares en que asentase. E froito dun traballo persoal e colectivo. Persoal, pois levou ao seu autor algo máis de trinta anos de recompilación minuciosa de datos. E colectivo, porque participaron nel máis de trescentas persoas; desde as que aportaron datos relativos ao seu entorno familiar ou de amizades ate as que, desinteresadamente, ofreceron os resultados das súas investigacións levadas a cabo durante anos. Todas elas teñen recoñecida a súa xenerosidade na correspondente parte bibliográfica de cada entrada.

Os dous primeiros volumes da presente enciclopedia –842 e 999 páxinas, respectivamente– inclúen unhas 50.000 entradas, ordenadas alfabeticamente, nas que o groso dedicase a persoas militantes, moitas delas descoñecidas ate agora, mostrando así que a forza do anarquismo basease na xente sen protagonismo. A ilo sumase unha completa relación de periódicos e revistas que se sucederon ao longo dos anos. Desgrananse, ademais, os congresos e asembleas das distintas ramas do anarquismo, introducidos pola cidade na que se celebraron. Completase, por último, a información con eventos, grupos, columnas, etc. Cada entrada leva o seu correspondente aparato bibliográfico con indicación das fontes. O terceiro volume –239 páxinas– dedícase ás imaxes –unhas 3.000–: ilustracións de cubertas de libros, cabeceiras de periódicos e revistas, e carteis; fotografías de militantes e de grupos en manifestacións, escolas, congresos, colectividades, milicias…

Web da Enciclopedia:
http://www.navioanarquico.org


Ateneo Ferrolán
Fundado en 1879
“Un Lugar de Encontro para a Cultura”

http:// www.ateneoferrolan.org
e-mail:
a_ferrol@teleline.es Telf.: +34 981 357 970
Fax: 981 354 098
Dirección Postal: Rúa Magdalena 202-204, 1º.CP.15402 - FERROL (A Coruña)
Apdo. Correos: 303

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A Autoridade Portuaria de Ferrol-San Cibrao remitiu ao Seprona a información relativa á vertedura en augas da ría de 10.000 litros de biodiésel

Sobre o asunto do verquido da empresa Entabán Biocombustibles á Ria de Ferrol, a publicación dixital "O Xornal de Galicia" di que "A Autoridade Portuaria de Ferrol-San Cibrao remitiu ao Seprona a información relativa á vertedura en augas da ría de 10.000 litros de biodiésel procedentes da planta que Entabán Biocombustibles ten na dársena exterior de Caneliñas. Aínda que o Porto realizará un informe interno para analizar os motivos da vertedura, será o Seprona o que concrete a responsabilidade da empresa. En todo caso, Entabán informou que se trataba dunha mestura de aceites vexetais e glicerina, unhas sustancias que son biodegradables e non contaminantes.

O Porto ferrolán deu por desactivado no día de onte o dispositivo especial de urxencia que activou o pasado domingo, cando se detectou unha gran mancha por unha vertedura situada á altura dos norays 20 e 21, no peirao de atracada do porto exterior. Un fallo na planta de Entabán Biocombustibles provocou que os 100 hectolitros de biodiésel fosen arroxados ao mar a través do colector de augas pluviais do porto.

Durante toda a noite do domingo e a madrugada do luns permaneceron despregadas barreiras anticontaminación que limitaron a expansión da mancha, e ademais permitiron que as bombas de succión recollesen todo o produto vertido. Na mañá de onte, os técnicos da Autoridade Portuaria xa informaron de que non quedaban restos da mancha no mar".
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Baixar nota da Autoridade Portuaria, en formato -pdf-: Aqui
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A Gloria Lago, dunha ex-alumna bilingüe

Reproducimos, polo seu interese e actualidade, un artigo publicado no xornal dixital "A Nosa Terra Diario" o pasado ano 2008, por unha estudante que foi alumna de Gloria Lago, a presidenta de "Galicia Bilingüe".

A Gloria Lago, dunha ex-alumna bilingüe
Por Ana Barros Feteira
[11.04.2008]

Este artigo escrébeo unha estudante galega, en formación universitaria, instruída na lingua inglesa pola presidenta de Galicia Bilingüe, Gloria Lago. Nestes últimos tempos vimos como esta asociación foi creada e comezou a espallarse, e intrigada por un lema tan nobre como Galicia Bilingüe, acudimos ás fontes de información oficiais que nos instruíron sobre as bases, principios e obxectivos desta organización capitaneada pola miña ex profesora.

Cal non sería a sorpresa cando descubrín o que en realidade pretende Galicia Bilingüe, entidade de nome cando menos paradoxal:

Dunha banda, esta asociación considera que a presenza do galego nas aulas é excesiva, desproporcionada en relación o castelán e completamente inxustificada, esta primeira aseveración non pode menos que facerme sorrir, posto que no mesmo centro IES Santo Tomás de Freixeiro de Vigo, no que Gloria Lago imparte clases, estudei eu. Alí puden presenciar unha violación do espírito da Lei de Normalización Lingüística, que avoga por un uso xeneralizado do galego no ensino a excepción, claro, de lingua castelá e linguas estranxeiras. Non obstante, e curiosamente, só a clase de galego e a de filosofía, eran instruídas en galego. Todas as demais, dende o latín até as matemáticas eran explicadas en castelán, pese ás numerosas queixas de alumnos e investigacións oficiais adicadas a facer cumprir á lei.

Lo que Galicia Bilingüe propone no supone la separación por centros de los alumnos en función de la lengua docente elegida, sino por aulas, ya que ello tiene dos ventajas. En primer lugar favorece la tolerancia, la integración social y la intercomunicación entre los alumnos, al margen de la lengua que prefieran utilizar”. Este anaco sacado da súa páxina oficial non pode menos que deixarnos abraiados, alguén que cree nunha evolución necesaria para a nosa terra proponnos voltar os anos escuros, separar a mozos e mozas segundo a lingua que falen, con que obxectivo? Integralos, claro, non obstante esta integración aseméllanos un tanto difícil se parte da base do segregacionismo. Xuntar os nenos segundo a lingua que falen non pode senón provocar a longo prazo o rexeitamento daquel que non fala coma ti, que non pensa coma ti. A lingua é un gran catalizador da unión e o mesmo tempo unha sólida barreira, non podemos fomentar unha tendencia natural a aproximarnos a aquel que se nos asemella e afastarnos daquel que non se nos parece. Non nun país bilingüe.

As consecuencias da segregación lingüística observámolas de maneira paradigmática en Bélxica. Neste país, a incomprensión entre membros dun mesmo pobo é a resulta dunha política centrada no monolingüismo. Flamencos e valóns foron educados cada un nunha soa das linguas do seu territorio. O resultado foi que nun país bilingüe cada comunidade era perfectamente allea á lingua da súa veciña. Se trasladamos este exemplo a Galicia, se os mozos escollen cada un unha lingua na que ser educados, imaxinamos fácilmente a resulta indesexábel e catastrófica á que os estaríamos condenando.

Para rematar quero indicar o porqué é a escola o lugar escollido para fomentar o galego. O castelán, como lingua ten un porvir asegurado en Galicia, ningún neno galego queda alleo á “lingua do imperio”, a televisión que ve, a radio que escoita, a maioría das súas actividades desenvólvense en castelán, sería imposíbel privalo deste capital que lle é propio, a intención xeral, e só que teña a contrapartida, de coñecer unha lingua quizais máis antiga e fermosa co obxectivo de que domine igualmente as verbas utilizadas secularmente en Galicia. O galego debe ser ensinado na escola, sen moderación e sen fronteiras. O galego tamén é unha lingua axeitada para as ciencias, a plástica ou a ximnasia. Os pais na casa, evidentemente, son libres de falar unha lingua ou outra, de aprenderlles ou non os seus fillos o segredo do pluralismo, abofé que os amiguiños falarán entre eles na lingua que lles apeteza, pero a escola debe manterse como o último bastión da cultura, onde afondar no coñecemento dunha lingua menosprezada secularmente e que comeza a retomar unha imaxe “normal”. Pero non hai que tomalo dende a perspectiva da revancha histórica, senón dende á da naturalidade de relacionarnos tanto na rúa como na escola nunha lingua que nos pertence e á que pertencemos.

Aceptamos que a discriminación positiva é, sen dúbida, un concepto a manexar con coidado, pero se o aceptamos para facilitarlle o acceso ao traballo ás mulleres ou os diminuídos, se o utilizamos para favorecer a aqueles que teñen mais dificultades á hora de adaptarse o sistema, porque unha lingua eivada non pode gozar de tal privilexio?

Negarlle esta oportunidade de riqueza a un neno, facéndoo escoller, non é promover o bilingüismo querida profesora, iso é quitarlles un dereito adquirido, con moitas dificultades polas xeracións que os precederon, e non creo que ninguén se considere coa autoridade moral de facer semellante cousa. Se temos a sorte de ter dúas linguas, dúas culturas, dous patrimonios, porque debemos renunciar a un deles? Porque escoller?


Artigo orixinal, con comentarios, no periódico dixital "A Nosa Terra Diario"
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Para a Promoción da Educación Ambiental na Galiza, convocado o "I Encontro Ecoloxista"

De: Elena López -elenuli@hotmail.com-
Para: artabra21@gmail.com
Data: 10 de fevereiro de 2009 00:13
Asunto: I Encontro Ecoloxista



I Encontro Ecoloxista
[Sábado, 7 de Marzo de 2009, en Santiago de Compostela]

O Ecoloxismo, como movemento social, e a Educación Ambiental, como práctica educativa, comparten en boa medida orixe, traxectoria e obxectivos; tal é así que dende os anos setenta, os grupos ecoloxistas veñen desenvolvendo na nosa comunidade unha importante labor de información e divulgación ambiental, converténdose nuns dos actores máis relevantes na promoción da Educación Ambiental na Galiza.

Neste marco, nos últimos anos asistimos a varios acontecementos que están a provocar unha mudanza das formas de funcionar e de actuar dos grupos e tamén da súa forma de educar.

Atendendo a estes acontecementos, dende a Federación Ecoloxista Galega (FEG) e a Sociedade Galega de Educación Ambiental (SGEA) queremos contribuír a reforzar o papel do movemento ecoloxista e a súa relevancia na promoción da Educación Ambiental convocando o I ENCONTRO ECOLOXISTA, que terá lugar o vindeiro 7 de marzo en Santiago de Compostela, no Museo do Pobo Galego (San Domingos de Bonaval).


Que quere ser o I Encontro Ecoloxista?

Os grupos e asociacións ecoloxistas levan desenvolvendo numerosas iniciativas en Educación Ambiental, elaborando recursos e materiais dun importante valor educativo. Porén, son escasos os foros nos que os colectivos teñen ocasión de expoñer e compartir conxuntamente a súa experiencia. É por este motivo polo que o primeiro, e quizais máis importante obxectivo deste I Encontro Ecoloxista, é o de servir de punto de encontro entre os grupos para contribuír así á posta en común de experiencias e recursos. Ademais, queremos facer tamén deste encontro un espazo para o debate no que analizar os puntos fortes e febles do movemento ecoloxista en xeral, e a súa relación coa Educación Ambiental, en particular.


Que queremos facer no I Encontro Ecoloxista?
  • O primeiro, como dicíamos, poñer en común as experiencias e os recursos educativo-ambientais empregados polas asociacións ecoloxistas nos últimos anos.
  • Ademais, gustaríanos traballar na elaboración dun Plan de Acción para a Educación Ambiental dos grupos ecoloxistas.
Durante o ano 2007, a SGEA desenvolveu un traballo de análise diagnóstico da situación da Educación Ambiental en Galicia, no marco dun convenio de colaboración coa Consellería de Medio Ambiente e Desenvolvemento Sostible; neste traballo recompilouse información relativa ás iniciativas de Educación Ambiental desenvolvidas polos os grupos ecoloxistas en Galicia. Esta información será exposta e analizada colectivamente no Encontro, servindo de base para a elaboración deste Plan de Acción.


Que é o que teñen que facer os grupos participantes?
  • En segundo lugar, co fin de facilitar as dinámicas participativas que terán lugar no transcurso do Encontro, cada colectivo terá que facer un pouco de memoria e cubrir a ficha que axuntamos a este convite. Ademais, tamén para facilitar o traballo, teredes a vosa disposición na páxina web da SGEA (www.sgea.org/fenix/) un resumo do diagnóstico elaborado sobre a situación da Educación Ambiental dos grupos ecoloxistas.
  • E finalmente, traer os recursos e materiais que consideredes máis interesantes e representativas da Educación Ambiental que desenvolvedes.

Programa do I Encontro Ecoloxista
que terá lugar o vindeiro 7 de marzo en Santiago de Compostela

10:00 – 10:30
Presentación do Encontro e os seus obxectivos a cargo dos/as representantes da FEG e a SGEA

10:30 – 13:00
Teatro – Foro

Empregando un mural cunha liña temporal na que xa marcaremos algúns fitos na relación entre o movemento ecoloxista e a Educación Ambiental, os grupos, coa axuda do dinamizador, irán expoñendo a súa historia, recursos e iniciativas en Educación Ambiental

13:00 – 14:00
Exposición dos resultados do Proxecto Fénix. Presentación do análise diagnóstico da situación da Educación Ambiental nos grupos ecoloxistas galegos.

14:00 – 16:00
Xantar colectivo para os/as participantes (o custo correrá a cargo da organización)

16:00 – 17:00
Dinámica participativa 1: definición de necesidades
Os/as participantes porán en común as necesidades identificadas nos seus colectivos en particular e no movemento ecoloxista en xeral.

17:00 – 18:30
Dinámica participativa 2: elaboración de liñas de acción. Os/as participantes elaborarán liñas de acción externas e internas para a Educación Ambiental dos grupos ecoloxistas, para despois priolizalas.

18:30 – 19:00
Descanso / café

19:00 – 20:00
Presentación de conclusións e clausura das xornadas
Posta en común do traballo desenvolvido nas dinámicas participativas e avaliación do Encontro.

Para calquera dúbida ou consulta que desexedes facer, estamos á vosa disposición en:

Federación Ecoloxista Galega
Quiroga Palacios 8, baixo Santiago de Compostela
981575444 feg@federacionecoloxista.org

Sociedade Galega de Educación Ambiental
Travesía de García Prieto, 43, baixo. 15706 Santiago de Compostela
981 523 556 / 618 868 612
sgea@sgea.org
Xornadas/Cursos
Actividades de medio a varios días

Data: Sábado, Marzo 07, 2009 ás 10:00
Duración: 1 Día
Info Contacto:
981575444 - 981 523 556 - 618 868 612

Correo-e: feg@federacionecoloxista.org
URL: http://www.sgea.org
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luns, febreiro 09, 2009

Convocatoria da XXI Asemblea Cidadá, para este Mércores, 11 de Febreiro

De: Comité Cidadán de Emerxencia
Para: artabra21@gmail.com
Data: 8 de fevereiro de 2009 01:36
Asunto: Mércores 11: XXI asemblea Cidadá



Mércores 11: XXI asemblea Cidadá


O Comité Cidadán de Emerxencia para a Ría de Ferrol, convoca a XXI Asemblea Cidadá este Mércores, 11 de Febreiro, ás 19 horas, no Local da A. VV. "Ferrol Vello" coa seguinte

Orde do día:

1.- Balance e informe de situación.
2.- Plan de traballo para os próximos meses.

¡¡ PLANTA DE GAS FORA DA RÍA ¡!

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Comité Cidadán de Emerxencia para a Ría de Ferrol
comitecidadan@gmail.com
http://comitecidadan.org

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Esquerda Unida, diante do accidente acontecido na planta de Entabán

De: eu-ferrolterra@esquerdaunida.org -eu-ferrolterra@esquerdaunida.org-
Para: artabra21@gmail.com
Data: 9 de fevereiro de 2009 15:00
Asunto: comunicado de prensa de Esquerda Unida



Estimad@s compañeir@s: achégase nota de prensa sobre o verquido da planta de biodiésel do porto exterior.
Grazas pola atención,
un saúdo,
Ramiro Marier

Ferrol, luns 9 de febreiro de 2009

O GRUPO MUNICIPAL DE ESQUERDA UNIDA LEMBRA O ACERO E VIXENCIA DAS SÚAS ALEGACIÓNS SOBRE A PLANTA DE BIOCOMBUSTIBLE ACCIDENTADA
A VOCEIRA DO GRUPO MUNICIPAL RECLAMA O TRASLADO DA PLANTA A UN POLÍGONO INDUSTRIAL
ESQUERDA UNIDA ESIXE AO ALCALDE – AÍNDA REPRESENTANTE NA AUTORIDADE PORTUARIA – QUE DE EXPLICACIÓNS DO ACONTECIDO AOS GRUPOS MUNICIPAIS

O Grupo Municipal de Esquerda Unida, diante do accidente acontecido na planta de Entabán, lembra as consideracións feitas nas súas alegacións ( presentadas en decembro de 2007 ) ao emprazamento desa industria no porto exterior, nas que xa sinalaba as lagoas e baleiros que tiña o expediente de autorización da instalación. O RAMINP ( decreto 2414/1961 de 30 de novembro ) obriga a manter unhas distancias mínimas respecto dos núcleos habitados máis próximos ( Cariño, O Pieiro, Liñares e Espiño ) que neste caso non se cumpren. E por outra banda unha industria desta natureza debe pasar polo control ambiental previo, esto é, o procedemento de Avaliación Ambiental, procedemento do que incomprensiblemente se lle exime a pesares de que a planta produce unhas 300.000 tn anuais de combustible.

Yolanda Díaz, Voceira do Grupo Municipal, reclama que Esquerda Unida alegou xa no seu día a falla de idoneidade da localización da planta atendendo tanto a razóns ecolóxicos canto económicas. A súa proximadade ao LIC Costa Ártabra xunto a exención de control ambiental, vulnerando o elemental principio do dereito ambiental de cautela. Xunto con elo, a instalación da planta no porto é inadecuada porque a función dun peirao é permitir o atraque e desembarco de cargas, e non a de misturarse – ocupando un espazo considerable - cun polígono industrial, que é onde ten que ubicarse unha instalación das características da que estamos a falar. A devandita instalación no porto exterior afórralle os custos dun oleoducto á empresa, mais non sirve ao interese xeral da cidade.

O Grupo Municipal de EU esixe ao alcalde – aínda representante na Autoridade Portuaria – que dea as explicacións oportunas do acontecido no porto exterior aos Grupos Municipais ao través dunha reunión urxente. Non sabemos a natureza do vertido e, xa que logo, as posibles consecuencias ambientais e de sáude pública do mesmo, sinalou a Voceira do Grupo Municipal.
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Domingo, 15 de Febreiro, Manifestación en Compostela: Goberne quen Goberne, Galiza non se vende

http://1.bp.blogspot.com/_QExrwfv6Cnc/SYtw8wTUnHI/AAAAAAAAHgU/-_4npsns_Rk/s400/manirgnv.jpg

As persoas que berramos GALIZA NON SE VENDE expresamos a nosa máis enérxica protesta ante o desolador panorama que deixa este goberno disfrazado de progresista coas súas políticas ambientais e sociais que están arruinando Galiza, destruíndo a súa paisaxe, os seus recursos naturais, o patrimonio cultural e a biodiversidade. Políticas ambientais e sociais que significan a continuación das de gobernos anteriores no triste camiño de entregar o país, os seus recursos e a súa identidade, ás grandes empresas multinacionais e aos grandes intereses económicos, utilizando o gasto público para alimentar este obsoleto, inxusto e insustentabel modelo económico e social.

Porque outro xeito de facer é posibel, a cidadanía galega sairá á rúa, xunta (e revolta), o dia 15 de febreiro nunha grande Manifestación Nacional en Compostela, que partirá ás 12 da mañá da Alameda, baixo o lema:

GOBERNE QUEN GOBERNE, GALIZA NON SE VENDE

A lista dos obxectivos e puntos de denuncia é, por desgraza, longa e variada.

Céntranse no corazón magoado da nosa realidade natural e social: Esquecemento interesado das persoas máis necesitadas economicamente, marbellización do litoral, recheos e contaminación das rías, degradación dos ríos, plano acuícola devastador das zonas costeiras mellor conservadas, portos deportivos que enmascaran urbanizacións e apropiación privada da costa, caos eólico, destrución e privatización da terra pola cobiza de graniteiros, louseiros e outras minarías; campos de golf, eucaliptización, cultivos transxénicos, industrias nocivas e perigosas, parques industriais desproporcionados e sen planificación, sistema de transportes irracional, depredador e insostíbel; urbanismo salvaxe, deterioro dos núcleos históricos das vilas, especulación xeralizada, macroáreas metropolitanas engulidoras e centralizadoras do territorio, extinción programada da agricultura e da pesca artesanal, abandono e destrución do rural, pobreza de espazos naturais protexidos e nulo respeito polos que hai, desprotección do patrimonio cultural, especialmente do arqueolóxico…

As persoas que berramos GALIZA NON SE VENDE expresamos as nosas ganas de vivir e de recuperar e potenciar os espazos e coñecementos que nos serviron durante séculos, para que nós e as persoas que veñan despois teñamos un futuro garantido. Por iso artellamos unha rede de colectivos e proxectos realmente alternativos e conscientes, ante a incapacidade e covardía duns gobernantes que renuncian a deter esta tolemia, para procurarnos estratexias válidas para poder seguir vivindo na nosa terra e da nosa terra sen necesidade de esmagar ao resto do mundo e ás xeracións futuras.

As persoas que berramos GALIZA NON SE VENDE temos moi claro que non imos quedar indiferentes ante falsos discursos de cidadanías e democracias cando se nos criminaliza por ser cidadás e cidadáns e expresar o que pensamos, non imos quedar indiferentes cando nos seus discursos baleiran de contido as palabras, mentres agochan detrás actuacións cheas de parcialidade.

Por todo isto é necesaria a presenza de todas e todos o domingo 15 en Compostela, na Alameda ás 12:00 do mediodía.

GOBERNE QUEN GOBERNE, GALIZA NON SE VENDE

Terra viva e vida digna para tod@s!

Descargar o arquivo feito por Rádio Filispim



MANIFESTACIÓN EN COMPOSTELA

Domingo 15 de Febreiro ás 12 horas
GOBERNE QUEN GOBERNE, GALIZA NON SE VENDE

http://galizanonsevende.org/
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Rádio FilispiM, 93.9 FM
A rádio livre e comunitária da Terra de Trasancos emitindo dende Ferrol.
http://www.opaii.blogspot.com
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NÓS-Unidade Popular quer confirmar publicamente a detençom de dous membros da sua Direcçom Nacional durante os protestos ...

De: NÓS-UP -imprensa@nosgaliza.org-
Para: artabra21@gmail.com
Data: 9 de fevereiro de 2009 12:04
Asunto: NÓS-Unidade Popular reclama liberdade imediata para os 10 detidos e exige demissom de Manuel Ameixeiras



NÓS-Unidade Popular quer confirmar publicamente a detençom de dous membros da sua Direcçom Nacional durante os protestos deste meio-dia contra os ultras antigalego em Compostela.

A inédita provocaçom de um colectivo espanholista, com o apoio político do PP e de toda a extrema-direita espanhola, na capital da Galiza, foi respondida na rua por sectores diversos de carácter cultural e político, que nom estamos dispostos a admitir mais agressons ao nosso idioma.

A violência policial voltou a ser a resposta do Estado espanhol, protegendo os manifestantes de extrema-direita e agredindo abertamente os defensores e defensoras do galego.

NÓS-Unidade Popular confirma a participaçom da sua militáncia e simpatizantes nos actos de repúdio ao fascismo espanhol em Compostela, no dia de hoje. Perante todo o acontecido, queremos manifestar o seguinte:

1. Como conseqüência da inusitada violência policial, 10 pessoas fôrom detidas de maneira arbitrária, entre elas dous membros da Direcçom Nacional de NÓS-Unidade Popular: Carlos Morais e Abraám Alonso Pinheiro.

2. Com eles e com os outros 8 detidos e detidas, manifestamos a nossa total e incondicional solidariedade, exigindo a sua imediata liberdade.

3. Para além dos ferimentos sofridos por alguns detidos, os direitos fundamentais de todos e todas elas vem-se abertamente agredidos por acusaçons absurdas como “desordens”, “danos” e “atentados”, que a polícia espanhola dirigiu hoje mesmo contra o grupo de galegos e galegas detidas.

4. Exigimos igualmente a imediata destituiçom ou demissom de Manuel Ameixeiras, delegado do Governo espanhol na Galiza, tristemente célebre no seio dos movimentos sociais galegos polo seu carácter violento e autoritário. A actuaçom policial de hoje volta a questionar seriamente o carácter democrático das instituiçons espanholas, e aponta directamente para as responsabilidades do PSOE e a corresponsabilidade do BNG, que governa com eles na Junta da Galiza.

5. Como sempre, hoje demontrou-se que o único caminho para fazer valer os direitos da maioria é a unidade e a luita. A cobardia e o oportunismo do autonomismo ficou plasmado nom só a ausência do BNG nas convocatórias em defesa da língua, mas no comunicado da sua associaçom satélite, a Mesa, que condenou de maneira abstracta a violência e evitou qualquer solidariedade com as pessoas detidas.

6. NÓS-Unidade Popular parabeniza os sectores mais conscientes do nosso povo trabalhador pola digna jornada de luita e manifesta a sua firme vontade de manter a luita em defesa do nosso idioma até a sua plena normalizaçom na Galiza.

Por último, apelamos à participaçom nas mobilizaçons previstas em solidariedade com os detidos e detidas.

Bilingüismo = espanholismo
Na Galiza sempre em galego

Direcçom Nacional de NÓS-Unidade Popular
Galiza, 8 de Fevereiro de 2009

NÓS-Unidade Popular
nosgaliza@nosgaliza.org
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Unha das plantas de biodiesel localizadas no Porto Exterior de Ferrol, Entabán Biocombustibles, verte á Ría máis de 10.000 litros de "glicerina"

[Ría de Ferrol - Clicar acima da Imaxe para ampliar]

Unha das plantas de biodiesel localizadas no Porto Exterior de Ferrol, Entabán Biocombustibles, verte á Ría máis de 10.000 litros de "glicerina", segundo a Autoridade Portuaria. O mesmo organismo, en declaracións á Radio Galega, considera o verquido "non contaminante" e que xa despregaron os dispositivos "anticontaminación", colocando barreiras na Ría, para evitar a súa dispersión. Mais o temporal que xa está chegando á Ría vai probocar un desenlace crítico e de novo, a nosa Ría, vai recebir unha nova agresión con este verquido. Compre estar atent@s e levar un seguimento deste accidente, das súas causas, consecuencias e responsabilidades. As organizacións ambientalistas e ecoloxistas da comarca deberían xuntar-se para avaliar o sucedido e actuar en consecuencia.

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Datos:
Concesionario: Entaban Biocombustibles de Galicia, S.A.
Tráficos: Biodiésel, Aceites Vegetales y Metanol
Dirección Postal: Plaza – Edificio TIC XXI, c/ Bari, 57 -2º planta, 50197 Zaragoza
Data de concesión: 23-12-2005
Superficie de almacenamento: 32.000 m²
Obxetivo de tráfico anual: 400.000 t
Orzamentoi de inversión: 26,5 millones de euros
Posta en explotación: 2007

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Manifestación de "Galicia Bilíngüe", Manifestación" Ridiculista" e Represión


Video de: GZVideos

Falar galego foi este domingo en Compostela unha das arbitrarias e sorprendentes causas polas que a Policía lle puido solicitar a vostede a documentación se estaba arredor do mediodía no contorno da Praza da Quintana. Aló se concentraban a esa hora os asistentes á manifestación contra o galego convocada pola plataforma Galicia Bilingüe. Co apoio, entre outras formacións políticas, do Partido Popular, UpyD ou Falange, o colectivo xuntou unha nutrida representación en Santiago de Compostela, chegada en buses fundamentalmente de Vigo, cidade onde naceu a asociación, e tamén de fóra do país ao abeiro do apoio doutros colectivos que teñen convocado ou avalado actos a prol dos privilexios para o castelán e contra catalán ou éuscaro, como é o caso da Asociación de Vítimas contra el terrorismo, Asociación Por la Tolerancia de Cataluña, Circulo Balear ou Plataforma para a Liberdade de Elección Lingüística de País Vasco.

Recomendamos ver a información completa en "Vieiros" con case 200 comentarios
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Sei o que nos Figestes... nos Últimos 525 Anos

Bilingüismo, Mr Marshall!


"Bilingüismo, Mr Marshall!" V.O. legendada. Em vermelho as escassas variações feitas sobre a surrealista letra original (em amarelo) da célebre cançom do filme "¡Bienvenido, Mister Marshall!" (Luis García-Berlanga, 1953). Dedicado ao Gabi e à Gloria Lago (mascote e presidenta, respetivamente, da associaçom galegófoba "Galicia Bilingue").

"Utilizaremos as mesmas armas que os nossos colonizadores. E com isto nom estamos a referir aos anti-distúrbios, senom à retórica e a gramática da imprensa rosa e os programas do coraçom que, a dia de hoje, constituem um dos principais e mais eficazes agentes espanholizadores. Daí o nome da nossa plataforma: «Sei o que nos figestes... nos últimos 525 anos». O sítio web www.seioque.com será o nosso órgao de comunicaçom e servirá para centralizar as nossas actividades. O humor, a paródia, a substituiçom simbólica e o surrealismo político serám o nosso castelo roqueiro frente ao pequeno-imperialismo espanhol. Viva Galiza ceive, cruel e poderosa!"

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domingo, febreiro 08, 2009

Sobre os procesos de selección do persoal do Consorcio: A realidade fronte á manipulación

De: Xosé Manuel Pazo Blanco -manolopazo@gmail.com-
Bloque Nacionalista Galego -sedenacional@bng-galiza.org-
Para: artabra21@gmail.com
Data: 7 de fevereiro de 2009 12:27
Asunto: Sobre os procesos de selección do persoal do Consorcio: A realidade fronte á manipulación



Sobre os procesos de selección do persoal do Consorcio
A realidade fronte á manipulación

As noticias aparecidas no xornal La Voz de Galicia sobre os procesos de selección do persoal do Consorcio Galego de Servizos de Igualdade e Benestar non responden en nengún caso á realidade dos feitos e constitúen un claro exemplo de manipulación informativa e de vulneración de todos os principios da ética xornalística.

Convén ter moi presente o seguinte: todos os procesos de selección do persoal do Consorcio respectaron e respectan os principios e regras básicas dos procesos de selección de calquera Administración pública rexida polo Dereito Administrativo (publicidade, mérito e capacidade).

O Consorcio, polo demais, está integrado pola Xunta, por 262 concellos -moitos deles gobernados por PP e PSOE- e por tres Mancomunidades. O lector ou a lectora da Voz poderá ser levado equivocamente á conclusión de que no Consorcio só decide a Vicepresidencia do goberno galego.

É moi importante subliñar que estamos perante un proceso de concurso-oposición aberto e universal para a selección de persoal laboral fixo e ao que se pode apresentar calquera persoa. Un proceso que foi acordado cos sindicatos máis representativos dos traballadores e das traballadoras no Consorcio (CIG e UGT). CC OO, que agora aparece como crítico do procedimento, o que pretendía era a consolidación laboral automática de todas e cada unha das persoas que neste momento están a traballar no Consorcio sen realizar nengunha oposición. O BNG non optou por este modelo por ser claramente discriminatorio e lesionar os dereitos daquelas persoas que non son traballadores ou traballadoras do Consorcio. Na web da CIG -www.galizacig.com- atoparedes as razóns polas cales o sindicato nacionalista respalda sen dúbidas este procedimento de escolla do persoal.

Criticar como fai La Voz de Galicia o nomeamento de Lois Castrillo ou de Pilar Candocia como cargos do Consorcio é ocultar ao público que estamos ante nomeamentos de natureza política, por se trataren de figuras asimilábeis aos altos cargos do Goberno. Como todo o mundo sabe, e non podía ser doutro xeito nunha democracia, no caso do persoal de natureza política a súa designación é libre, do mesmo xeito que o seu cesamento.

La Voz denuncia tamén que arredor de oito persoas vinculadas ao BNG (excluídos os cargos políticos) teñen unha relación contractual co Consorcio. Aquí o xornal falta á verdade cando atribúe a alguna persoa, con nomes e apelidos, condición de militante do BNG, o que é totalmente falso. Polo demais, é obvio que a condición de militante dunha forza política non inhabilita a ninguén para exercer unha función dentro da Administración pública. Defender o contrario sería tanto como atentar contra o dereito fundamental á participación en política, un dereito fundamental en calquera democracia.

Como calquera pode entender, non sería estraño que entre as 1.100 persoas que traballan no Consorcio 8 ou 10 fosen militantes do BNG. É unha proporción que, tendo en conta o feito de o BNG ser unha organización cunha militancia moi numerosa, sen dúbida se dá en muitas outras entidades ou empresas, públicas ou privadas, desa dimensión.
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sábado, febreiro 07, 2009

Lembranza de Carmelo Teixeiro no primeiro aniversario do seu pasamento

Homenaxe a Carmelo Teixeiro - 7 de Febreiro de 2009[Galería Fotográfica do Acto do 7 de Febreiro de 2009 - Fotos: Fuco Buxan AC,
para entrar Clicar acima da imaxe]

Hoxe Sábado, 7 de Febreiro de 2009, o Comité Cidadán de Emerxencia para a Ría de Ferrol e outras entidades, organizaron un emotivo homenaxe a Carmelo Teixeiro, no primeiro aniversario do seu pasamento. Nun día de forte chuvia, foron moitas as persoas que se achegaron ao parque, nas inmediacións da Ermida e Praia de Caranza. Dirixíu o acto Monset Garel, logo interviñeron, Mapi, presidenta da asociación veciñal; José Torregrosa, da A. C. Fuco Buxán, leu un poema a Carmelo; a Concelleira de Ensino e Cultura, Mercedes Carbajales que estivo presente en representación do Concello e o Alcalde, Vicente Irisarri, que tamén tivo unhas palabras ao final do acto. Luz Mariña Torrente da Asociación Veciñal de Meá, tivo unha intervención sinxela, directa, emotiva e cargada de entrañábel calor, recoñecemento e reivindicación. O fillo maior de Carmelo, Juan Ramón, leu unha carta escrita aos poucos días da morte do seu pai, un verdadeiro poema dun fillo agradecido a un pai entregado, a un bo home. A carta foi todo un percurso pola vida de Carmelo desde a súa infancia nas praias do Seixo, o seu paso por Cuba, a entrada como aprendiz en BAZAN, a súa tenacidade no estudo, para superar-se, até conseguir ser un técnico recoñecido no estaleiro, a súa militancia nas JOC e o seu traballo no mundo social, sindical e político desta comarca, a ruptura co mundo dos "politiquillos" trepas e codiciosos, até chegar na súa última etapa na loita pola defensa da Ría, contra a instalación da Planta de Gas no corazón da mesma, contra esta irracionalidade sobrada de corrupción e grandes intereses políticos e económicos para beneficio duns poucos, ... O compañeiro "Lalán", falou no nome do Comité Cidadán, moi emocionado. Colocou-se unha placa comemorativa e realizou-se unha ofrenda floral no medio dos tres carballos que están plantados na súa lembranza ... Mentras as gaitas do Colectivo "A Revolta" entonaban a "Marcha do Antigo Reino da Galiza", ... Carmelo o teu alento segue con nós, ... a loita continua.

Enlaces relacionados:
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venres, febreiro 06, 2009

Este Sábado 7 de Febreiro, o programa radiofónico "O Recuncho" está dedicado a Carmelo Teixeiro

De: Comité Cidadán de Emerxencia -comitecidadan@gmail.com-
Para: artabra21@gmail.com
Data: 6 de fevereiro de 2009 16:35
Asunto: Dedicado a Carmelo - Programa radiofónico "O Recuncho" 7 de febreiro



Dedicado a Carmelo: Programa radiofónico "O Recuncho" do sábado 7 de Febreiro, de 11 a 13 horas, programa nº 9 de "O Recuncho", o Programa radiofónico da A.C. Fuco Buxán que se emite Rádio FilispiM ( 93.9 FM ) e en diferido: www.recunchofuco.blogspot.com

Neste novo programa, destacan os seguintes contidos:
  • Prestaremos gran atención a homenaxe que se lle brinda o mesmo 7 de Febreiro a Carmelo Teixeiro, un dos fundadores do Comité Cidadán de Emerxencia e de Fuco Buxán, falecido hai un ano.
  • Seguiremos falando de Palestina, así coma das movilización que houbo en Madrid en apoio o goberno cubano, en resposta o acto apoiado por Esperanza Aguirre en contra da revolución cubana.
  • En directo, no plató, Gerardo, traballador de Asfedro, a asociación de axuda aos drogodependentes, o cal nos falará da situación actual de Ferrolterra e falaranos de cal é o traballo da asociación.
  • Escoitaremos ao compañeiro da corriente marxista internacional El militante, Miguel Campos. Estivo falando para Radio Filispim da súa estancia en Venezuela e dando datos de cómo se atopa o país, en pleno proceso revolucionario.
  • Tamén, por suposto, falaremos con veciños afectados polos cortes de luz de Fenosa, despois do temporal que pasou pola comarca.
  • Un saúdo, dende O Recuncho.
"O recuncho", o programa da asociación cultural Fuco Buxán en Radio FilispiM, 93.9 FM
www.recunchofuco.blogspot.com

Comité Cidadán de Emerxencia para a Ría de Ferrol
comitecidadan@gmail.com
http://comitecidadan.org

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Ferrol, Sábado 7 de Febreiro: 4º Concerto da caravana de Galiza Non Se Vende

O 4º Concerto da Caravana da Rede "Galiza Non Se Vende", terá lugar en Ferrol, este Sábado 7 de Febreiro

O próximo sábado dia 7 de febreiro, a Caravana de Galiza Non Se Vende fai unha parada no Ferrol, cun pasaruas, polas ruas de Ferrol, desde as 19:00 e un grande concerto na Sala Run Run, ás 22:00. Actuarán os grupos: Vai (músicas do mundo) e Deskartes band (Ska desde Ponteareas)

Por un cambio de rumo nas políticas ambientais e sociais de este pais, o domingo 15 de febreiro, coincidindo co derradeiro concerto da Caravana, os 57 colectivos que formamos a rede de Galiza Non Se Vende convocamos unha manifestación nacional en Compostela, que sairá ás 12:00 da alameda.

GOBERNE QUEN GOBERNE GALIZA NON SE VENDE

O 15 de febreiro tod@s a Compostela



http://galizanonsevende.org/
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xoves, febreiro 05, 2009

Que tes na Caldereta?: Martes día 10 de Febreiro - "Boas prácticas de convivencia"

Ola a todas e todos,

Este martes día 10/02/09 ás 20.30 horas no Pub Borsalino, na actividade que vimos realizando dende fai máis dun ano, Que tes na Caldereta?, contaremos con dúas representantes do Colexio Público San Xoán de Filgueira que veñen de levar o 1º premio do Ministerio de Educación e Ciencia no concurso "Boas prácticas de convivencia".

Contamos con vós.

Saúde

Xuntamos cartel para que fagades pegada polo voso barrio e bares.

A.C. Lefre de Caldereta
lefre@lefredecaldereta.com

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VII Certame de Teatro Infantil e Xuvenil ATENEA 2009

As entidades ATENEO FERROLÁN e CAIXANOVA convocan o VII Certame de Teatro Infantil e Xuvenil ATENEA 2009.

Este certame está dirixido a centros de ensino, entidades ou sociedades culturais que teñan sección infantil ou xuvenil de actividades, coa fin de promover entre eses primeiros segmentos da nosa cidadanía o interese, afección e amor ás letras e á representación escénica.
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O tradutor Google xa traduce ao galego

O tradutor de Google engadiu novos idiomas entre os que se atopa o galego. Desta forma, desde este momento pódese converter textos desde e ata o galego desde outra lista que xa supera os 25 idiomas.

Fonte: Observatorio da Lingua Galega - Ojo Buscador

A Mesa pola Normalización Lingüística alerta dun "serio retroceso" no uso público do galego en Cedeira

O grupo local da Mesa pola Normalización Lingüística en Cedeira advirte dun “serio retroceso” nos usos formais que no ámbito público fai do galego o Concello no que é un dos principais núcleos de poboación da comarca do Ortegal.

Fonte: Observatorio da Lingua Galega Xornal.com

Ducias de deportistas e diversos persoeiros impulsan unha idea a prol do galego no ámbito deportivo

Foron moitos os deportistas que se reuniron no Colexio de Fonseca para reivindicar o uso do galego no mundo do deporte. A iniciativa está impulsada pola Vicerreitoría de Cultura da Universidade de Santiago de Compostela e a Fundación AZKAR. Materializarase no ‘Manifesto polo deporte galego en galego’, que bota a andar coa sinatura de todos os presentes.

Fonte: Observatorio da Lingua Galega - Vieiros
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